PORTUGAL: “A nossa missão é sempre combater o mal”, diz Bispo ucraniano agradecendo a ajuda da AIS ao seu país

D. Stepan Sus veio a Portugal para agradecer a solidariedade dos portugueses, dos benfeitores da Fundação AIS à Igreja da Ucrânia. Em todos os eventos em que participou, o Bispo deixou sempre o apelo para que o apoio ao seu país não esmoreça. “Não podemos ter medo, temos de nos ajudar uns aos outros”, disse.

A Ucrânia está de pé, a Ucrânia está a lutar, a Ucrânia está a rezar! Não sabemos quantos mais anos a guerra vai durar, mas temos a certeza de que estaremos sempre com Deus!”

Estas palavras de D. Stepan Sus, ontem, domingo, mesmo no final da Missa celebrada na Igreja da Nossa Senhora Rainha dos Apóstolos, na Ramada, sintetizaram todas as mensagens, todas as intervenções, todos os momentos de oração que marcaram o arranque da Campanha da Quaresma da Fundação AIS em Portugal. Uma campanha de apoio à Igreja na Ucrânia e que contou com a presença entre nós do responsável pelo Departamento da Pastoral da Migração da Igreja Ucraniana Greco-Católica.

As palavras de D. Stepan no final da Missa, que foi presidida pelo Patriarca de Lisboa e teve transmissão em directo pela TVI, emocionaram muitos dos presentes que enchiam por completo a Igreja.

“OBRIGADO DO FUNDO DO CORAÇÃO”

“Por vezes, sentimo-nos sós, torturados, exaustos e pensamos que o resto do mundo está a viver a sua própria vida, enquanto a nossa se resume à guerra”, disse D. Stepan Sus, que comparou a “via-sacra ucraniana” com a de Cristo. E, tal como Cristo teve um José de Arimateia e uma Santa Verónica que se abeiraram dele nos momentos de dor e exaustão, também a Ucrânia tem tido, “neste doloroso caminhar” da guerra, quem tem estado a seu lado. É o caso dos portugueses.

Por isso, a mensagem continuou com um agradecimento, “do fundo do coração”, aos bispos, ao povo português e aos benfeitores e amigos da Fundação AIS, que têm ajudado a Igreja ucraniana “a manter a sua dignidade” e a “curar as feridas causadas pela guerra, a reconstruir igrejas destruídas pelas armas russas, e a consolar mulheres e crianças que choram”. Mesmo a terminar – o tempo era exíguo por causa da transmissão televisiva – D. Stepan deixou ainda um pedido: “não se esqueçam de nós!”

UM SOBRESSALTO CÍVICO

Antes ainda de a missa ter começado, numa breve declaração à Fundação AIS, D. Rui Valério sublinhou a importância da solidariedade activa para com o povo ucraniano. 

“Este é um dia de memória para que, no meio de nós, na nossa consciência, no nosso sentido cívico e de cidadania, nunca estejamos longe daquele povo que sofre na Ucrânia a atrocidade de uma guerra verdadeiramente absurda e que, com o passar dos tempos, pode entrar um pouco no esquecimento, num menos envolvimento da nossa parte. Portanto, o dia de hoje reveste-se de memória em ordem a um crescimento de consciencialização. Mas reveste-se também de um outro significado e de um outro alcance. Se há memória é porque também há esperança. E é precisamente esse o horizonte que rasga a presença de D. Stepan no meio de nós, é para estes horizontes que a Ajuda à Igreja que Sofre nos quer como que lançar, exactamente na esperança”, disse o Patriarca de Lisboa.

UM CANTIL QUE SALVOU A VIDA

Dali a minutos, na homilia, o Patriarca de Lisboa referiria o momento angustiante em que se encontra o povo ucraniano, “vítima de uma guerra avassaladora”. D. Rui Valério lembrou que a guerra na Ucrânia, tal como todas as guerras, “pode destruir tudo e é, infelizmente, uma experiência” comum a muitos povos.

A urgência da paz e a solidariedade para com o povo ucraniano marcou a celebração da Missa na Igreja da Ramada, que contou com a presença da Embaixadora da Ucrânia em Portugal e em que esteve em exposição um objecto especial que D. Stepan trouxe propositadamente para mostrar aos portugueses: um cantil furado por balas e que salvou a vida de um soldado ucraniano que mais tarde o ofereceu a Nossa Senhora no dia do seu casamento.

Catarina Bettencourt, directora do secretariado português da Fundação AIS, explicou logo no início da celebração da Missa o significado simbólico deste cantil que já esteve inclusivamente em exposição no Vaticano e que representa também a devoção do povo ucraniano à Mãe de Deus.

Missa pela paz na Ucrânia

“NÃO BAIXAREMOS OS BRAÇOS”

A Missa na Igreja da Ramada foi o culminar de três dias intensos de actividades. No sábado, houve a apresentação formal da Campanha da Quaresma de ajuda à Igreja da Ucrânia e D. Stepan Sus falou sobre os desafios que se colocam ao seu país que enfrenta uma guerra devastadora. “Os nossos inimigos querem o nosso cansaço, mas não baixaremos os braços. A guerra na Ucrânia é um desafio para todos”, disse o Bispo perante mais de uma centena de pessoas que enchiam o auditório da Igreja da Ramada, no Patriarcado de Lisboa, apesar do mau tempo que se fazia sentir.

O jovem Bispo agradeceu toda a solidariedade que os portugueses têm dado ao seu país e lembrou que a guerra, que começou em Fevereiro de 2022, já provocou “muitas feridas”. E está a causar já alguma exaustão. “Todos os dias me perguntam quando é que a guerra acaba… O povo ucraniano está cansado. Milhões de drones e mísseis já destruíram cidades e aldeias, já mataram milhares de pessoas…”

A ANGÚSTIA DOS BOMBARDEAMENTOS

A conferência de D. Stepan Sus foi um agradecimento e um alerta. Um agradecimento por tudo o que Portugal tem feito pelos ucranianos, nomeadamente o acolhimento dos que se refugiaram no nosso país, mas também um alerta para que o mundo desperte para a necessidade de se continuar a apoiar a resistência deste país, lembrando a angústia dos que, todos os dias, a todas as horas, lidam com bombardeamentos que causam destruição e morte.

“Imaginem um cenário em que todos os dias é preciso ir-se para um abrigo porque todos os dias tocam as sirenes, todos os dias há ataques”, disse D. Stepan. Na sua intervenção, o Bispo responsável pelo Departamento da Pastoral da Migração da Igreja Ucraniana Greco-Católica lançou ainda críticas à “elite russa” por nada fazer para impedir esta guerra, mas lembrou também que todos os que podiam ter uma voz de denúncia “já estão no cemitério”.

A CONVERSÃO DA RÚSSIA

Para D. Stepan Sus, esta guerra que está a destruir a Ucrânia é um mal que tem de ser combatido. “Todos os dias às oito da noite rezamos o Rosário a Nossa Senhora de Fátima pelo fim da guerra”, disse o Bispo, lembrando as palavras da Mãe de Deus aos três Pastorinhos em 1917. “A Rússia tem de se converter. Provavelmente, estamos a viver os tempos necessários para acabar com esse mal”, disse ainda o prelado.

Durante a conferência, D. Stepan Sus deixou ainda várias palavras de incentivo aos portugueses e a todos os povos que estão do mesmo lado da trincheira nesta guerra. “Não podemos ter medo, temos de nos ajudar uns aos outros”, disse o prelado. “A nossa missão, como Igreja na Ucrânia, é sarar as feridas da guerra. Ninguém sabe quanto tempo este conflito vai ainda durar, mas sabemos que temos de nos ajudar uns aos outros. Uma ajuda que pode ser oração, pode ser apoio financeiro e pode ser dando voz aos ucranianos. O que cada um de nós fizer, por mais pequeno que seja, é essencial para se combater o mal e para se conseguir a paz no mundo”, completou o Bispo.

A AJUDA DA FUNDAÇÃO AIS

Na sessão falou ainda Anatolli Pysarevskyi, conselheiro da Embaixadora da Ucrânia em Portugal. O responsável diplomático agradeceu também todo o apoio que possa ser canalizado para o seu país, e deixou vários alertas. Disse que a Rússia está a “preparar-se para lançar um novo grande ataque no início do Verão”, e lembrou que os apoios à Ucrânia têm vindo a decrescer e que isso está a acontecer numa altura crucial. “Não quero pensar no que poderá acontecer se a Ucrânia não vencer esta guerra, ou se a guerra alastrar para outros países”, disse ainda.

A sessão ficou marcada também pelas palavras da directora do secretariado português da Fundação AIS. Catarina Bettencourt apresentou as linhas gerais da Campanha da Quaresma de apoio à Igreja da Ucrânia, lembrou que já desde há cerca de 40 anos a fundação pontifícia auxilia este país, ajuda que se intensificou exponencialmente desde o início da guerra em Fevereiro de 2022.

“Nestes dois anos já foram apoiados mais de 600 projectos num valor global de cerca de 15 milhões de euros”, afirmou, agradecendo também toda a generosidade que os benfeitores portugueses têm demonstrado para com este povo que, no coração da Europa, enfrenta uma guerra brutal há praticamente 25 meses.

O lançamento da Campanha da Quaresma teve início ao fim da tarde de sexta-feira com a oração da Via Sacra na Igreja Paroquial de Arroios, em Lisboa, a que se seguiu também a celebração da Eucaristia. Todos os momentos contaram com uma forte presença da comunidade ucraniana residente no Patriarcado de Lisboa.

Paulo Aido | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt

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