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Perseguidos e Esquecidos?
Um olhar sobre uma crise profunda
2020–22
Relatório sobre os Cristãos oprimidos por causa da sua fé
Ainda estava a celebrar a Missa quando ouvi as explosões. Estava no santuário, a colocar incenso no turíbulo, a preparar a procissão do lado de fora da igreja, quando ouvi dois grandes estrondos e vi os meus paroquianos em pânico, a correr em várias direcções. Alguém correu até mim e gritou: “Padre, homens desconhecidos armados!”
Não sei quantos eram, alguns dizem seis, outros dizem quatro, mas sei que eles estavam organizados. Alguns dos atacantes disfarçaram-se de paroquianos e rezaram connosco durante a Missa, sabendo que tinham a intenção de nos matar. Enquanto as balas enchiam o ar, eu só pensava em como salvar os meus paroquianos. Alguns conseguiram trancar a porta de entrada e eu chamei as pessoas para entrarem na sacristia. Dentro da sacristia, eu não conseguia mexer-me: as crianças rodeavam-me e os adultos agarravam-se a mim. Eu protegi-os assim, como uma galinha protege os seus pintainhos.
O meu rebanho, especialmente as crianças, gritava: “Padre, salve-nos, por favor! Padre, reze!” Eu disse-lhes que não se preocupassem, que Deus faria alguma coisa. Houve mais três ou quatro explosões, uma depois da outra dentro da igreja, e tiros esporádicos dos atacantes. Foi um ataque bem planeado que durou cerca de 20 a 25 minutos.
Quando chegou a mensagem de que os atacantes tinham partido, saímos da sacristia. Corpos sem vida estavam espalhados pela igreja e havia muitos feridos. O meu espírito estava profundamente perturbado. Com a ajuda dos paroquianos que podiam conduzir, começámos logo a levar os irmãos e irmãs feridos para o Hospital St. Louis e para o Centro Médico Federal. Desde então, tenho visitado os doentes, rezado com eles, ministrando a Unção dos Doentes e encorajando-os a manter viva a esperança.
O mundo afastou-se da Nigéria. Está a acontecer um genocídio, mas ninguém se importa. A polícia e o pessoal de segurança falharam em proteger-nos, embora o ataque tenha durado, pelo menos, 20 minutos.
A publicação da Ajuda à Igreja que Sofre (Fundação AIS), Perseguidos e Esquecidos? Relatório sobre os Cristãos oprimidos por causa da sua fé – 2020-22, é de importância vital, porque destaca as terríveis ameaças que os crentes enfrentam. Não são apenas os Cristãos da Nigéria que sofrem, mas os do Paquistão, da China, da Índia e de muitos outros lugares.
Os Cristãos são assassinados por toda a África, as suas igrejas atacadas e as suas aldeias arrasadas. No Paquistão, são detidos injustamente sob falsas acusações de blasfémia. Meninas cristãs são raptadas, violadas e forçadas à conversão e a casar-se com homens de meia-idade, em países como o Egipto, Moçambique e Paquistão. Na China e Coreia do Norte, governos totalitários oprimem os fiéis, controlando cada um dos seus passos. E, como este Relatório demonstra, a lista de abusos continua.
A Igreja que sofre precisa de pessoas que lhe dêem voz. Para que terminem os massacres, mais organizações como a Fundação AIS precisam de denunciar a verdade do que está a acontecer aos Cristãos em todo o mundo. De outra forma, seremos sempre perseguidos e esquecidos.
[O Pe. Abayomi é o vigário da Igreja de São Francisco Xavier em Owo, estado de Ondo, Nigéria, que foi atacada durante a Missa de Pentecostes, no Domingo, 5 de Junho de 2022. O massacre provocou, pelo menos, 40 mortos e dezenas de feridos graves.]
PERSEGUIDOS E ESQUECIDOS?
Resumo das Conclusões
• No Médio Oriente, a migração contínua aprofundou a crise, ameaçando a sobrevivência de três das mais antigas e importantes comunidades cristãs do mundo, localizadas no Iraque, na Síria e na Palestina.
Período em análise: Outubro de 2020 a Setembro de 2022 (inclusive)
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