O Arcebispo maronita de Tripoli, no Líbano, D. Youssef Soueif, visitou a sede internacional da Fundação AIS, na Alemanha, e deixou um apelo para que a comunidade internacional intervenha para pôr termo ao conflito devastador na Faixa de Gaza. O prelado manifestou o receio de que esta guerra possa alastrar na região. No Líbano, diz, “as pessoas têm medo, muito medo”, pois sabem “que a violência não é solução.”
Já passou mais de um mês e meio desde que o Hamas lançou um terrível ataque terrorista no sul de Israel. Desde então, a Faixa de Gaza transformou-se numa zona de guerra, de destruição e sofrimento.
De visita à sede internacional da Fundação AIS em Königstein, na Alemanha, o Arcebispo de Tripoli sublinhou a necessidade urgente de se chegar a um compromisso para a paz, apelando à comunidade internacional para agir no sentido de se pôr termo a este conflito devastador. “Que acabe esta guerra. Que acabe ontem, antes de hoje”, afirmou o Arcebispo Soueif, sublinhando a necessidade de se encontrar uma solução justa que permita a coexistência das duas comunidades na região.
“A comunidade internacional tem a obrigação de implementar a solução dos dois estados. Caso contrário, será um conflito aberto durante décadas, ou séculos – com pausas, mas uma guerra aberta – porque ninguém quer deixar o seu país e a sua terra.”
MEDO DA GUERRA
Youssef expressou profunda preocupação pelo evoluir da situação e diz temer as consequências de mais esta guerra também para o Líbano. A começar pelo terrível impacto psicológico que o conflito armado está a provocar.
As pessoas têm medo, muito medo. Neste momento, no Líbano, ninguém deseja a guerra. Tivemos 17 anos de guerra e as pessoas no meu país sabem que a violência não é uma solução. Por isso, esperamos que não haja guerra. Esperamos uma solução diplomática”
D. Youssef Soueif
PROFUNDA CRISE
A guerra na Faixa de Gaza agrava a enorme instabilidade em que se encontra o Líbano, país que já foi considerado como a Suíça do Médio Oriente, mas que enfrenta desde há vários anos uma enorme crise económica e política. Uma crise que afecta profundamente a comunidade cristã local.
O Arcebispo alertou para a urgência de se ajudar o seu país a ultrapassar esta situação dramática em que se encontra. Actualmente, recorde-se, cerca de 70 por cento da população libanesa vive já em pobreza, situação que se acentuou com a pandemia do Covid19 e, em Agosto de 2020, com a brutal explosão acidental no Porto de Beirute que deixou um gigantesco rasto de destruição até em vários bairros da capital.
A tudo isto, lembra o Arcebispo, soma-se também uma profunda crise política. “Precisamos de ajudar a manter o Líbano de pé. Precisamos de restaurar a ordem e a confiança internacional neste país. Para isso, precisamos de eleições. Actualmente temos um primeiro-ministro, mas não há presidente, pelo que o país não funciona. E isso é muito perigoso, não só para o Líbano, mas para toda a região”, explica D. Youssef Soueif.
A AJUDA DA FUNDAÇÃO AIS
O prelado recordou que o país, apesar de tudo isto, continua a acolher um número enorme de refugiados. A tal ponto que, neste momento, tem até mais refugiados do que população nativa, incluindo cerca de 2,5 milhões de sírios e meio milhão de palestinianos, e que “existe”, por tudo isto também, “um enorme perigo de desestabilização”.
D. Youssef Soueif alerta para o risco de vir a ocorrer uma migração em massa que pode afectar a Europa. Face a esta crise, face a esta situação dramática, a Fundação AIS lançou este ano, aqui em Portugal e a nível internacional, uma grande Campanha de Natal de apoio aos cristãos do Líbano, mas também da Síria e da Terra Santa. Uma campanha vital para a própria sobrevivência das comunidades cristãs nesta região tão sensível do globo.
Só no ano passado, e em relação ao Líbano, a Fundação AIS financiou 217 projectos que incluíram ajuda de emergência, construção e reconstrução de habitações e edifícios religiosos e apoio para a sobrevivência de sacerdotes e formação de seminaristas.
Paulo Aido e Maria Lozano | Departamento de Informação | info@fundacao-ais.pt