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RD CONGO: Depois do alerta do Bispo de Beni à Fundação AIS para o aumento de violência, bomba explode em igreja
O facto de a bomba ter rebentado cerca de uma hora antes do início da celebração terá evitado um número elevado de vítimas pois eram esperadas muitas crianças e seus familiares.
Esta explosão ocorreu apenas algumas semanas depois de o Bispo de Butembo-Beni ter denunciado, através da Fundação AIS, os contínuos ataques terroristas e as numerosas violações dos direitos humanos na região.
Numa conferência vídeo com Portugal e os outros secretariados internacionais da Ajuda à Igreja que sofre, D. Paluku Sekuli Melchisédech, referiu haver um “número de incidentes particularmente elevado na parte norte da diocese”, responsabilizando “grupos armados” que têm vindo “a destruir escolas e hospitais”.
O relato do Bispo ganhou dramatismo quando referiu a brutalidade dos atacantes. “Professores e alunos estão a ser mortos, até estão a matar os doentes enquanto se encontram deitados nas suas camas no hospital… Não passa um dia sem que pessoas sejam mortas…”
Além das consequências directas dos ataques armados, há toda uma violência psicológica que está a afectar também estas populações. O Bispo fala em “muitas pessoas traumatizadas”. “Muitos assistiram à morte dos seus pais. Há muitos órfãos e viúvas. Aldeias foram queimadas. Estamos num estado de miséria total.”
Toda esta violência não é de agora. Durante anos, as províncias orientais da República Democrática do Congo têm conhecido ataques por milícias armadas. É o resultado de conflitos étnicos, pilhagem de matérias-primas e também, nos tempos mais recentes, do aparecimento de grupos extremistas islâmicos.
Segundo o Bispo Melchisédech, desde 2013 foram mortas mais de 6 mil pessoas em Beni, e, em 2020, só em Bunia, registaram-se mais de 2 mil mortes. “Além disso, há pelo menos 3 milhões de deslocados e cerca de 7.500 pessoas raptadas. Está em curso um projecto em larga escala para islamizar ou expulsar as populações indígenas”, assegura o prelado.
Face a toda esta violência, as populações têm protestado mas o Estado não responde. É uma indiferença quase criminosa. “O Estado como tal não existe. O alcance do governo não chega ao leste, seja por fraqueza ou por cumplicidade”, diz o prelado.
Para fazer face a esta realidade, a Igreja Católica tem procurado estar ainda mais presente junto destas populações. “Estamos a 2.500 quilómetros da capital. Como o governo não está a fazer nada aqui, temos de cuidar de nós mesmos. Não recebemos qualquer ajuda”, afirma o Bispo de Butembo-Beni.
O papel da Igreja junto das populações que mais sofrem tem ajudado a fazer crescer a esperança de que melhores dias virão. “As pessoas choram porque têm razões para tal. Mas carregam uma semente de esperança dentro delas. Têm uma resiliência natural que é reforçada pela evangelização.” O trabalho da Igreja – diz o Bispo – está a dar frutos, temos muitas vocações na nossa diocese.”
PA | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt