NIGÉRIA: Rapto de centenas de estudantes faz recordar situação da cristã Leah Sharibu, sequestrada há 6 anos

Há menos duas semanas, homens armados invadiram uma escola na Nigéria, na região de Kaduna, e raptaram quase 300 jovens estudantes. Foi a 7 de Março. Dias antes, um campo para deslocados internos foi também atacado e pelo menos cerca de duas centenas de mulheres e raparigas foram levadas também à força. Estes casos, que estão a provocar um sentimento de revolta e de comoção na sociedade nigeriana, fazem lembrar a situação de Leah Sharibu, a jovem cristã raptada por se ter recusado a renunciar à sua fé…

No espaço de poucos dias, várias centenas de jovens foram raptados na Nigéria. A 7 de Março, 287 alunos de um liceu, em Kuriga, na região de Kaduna, foram levados por homens armados, e, no sábado, 9 de Março, outros 15 estudantes foram levados da aldeia de Gidan Bakuso, estado de Sokoto.

Na semana anterior, a 29 de Fevereiro, aconteceu o mesmo a pelo menos duas centenas de pessoas, na sua maioria jovens mulheres e meninas que viviam num campo de deslocados em Babba Sansani, pelo do Lago Chade, no estado de Borno, segundo informações avançadas pelo coordenador do gabinete das Nações Unidas na Nigéria, embora haja relatos que apontam para um número ainda superior.

Mohamed Malick Fall, da ONU, afirma, num comunicado emitido a 6 de Março, que um número “não especificado” de mulheres mais velhas e crianças com menos de 10 anos de idade teriam sido entretanto libertadas, mas que “muitas” permanecem ainda em cativeiro. De qualquer forma, só nestes dois incidentes quase meio milhar de rapazes, raparigas e jovens mulheres foram raptados por homens armados, ao que tudo indica pertencentes a grupos jihadistas muito activos principalmente na região norte da Nigéria, embora até ao momento ninguém tenha reivindicado os ataques.

A PRECUPAÇÃO DO PAPA

Infelizmente, é cada vez mais comum o rapto de pessoas na Nigéria. A situação é particularmente grave e já levou, inclusivamente, o Papa Francisco a expressar a sua preocupação. Ainda recentemente, a 25 de Fevereiro, logo após a oração do Angelus, o Santo Padre apelou às autoridades para, “na medida do possível”, contrariarem estas situações.

Expresso a minha proximidade em oração ao povo nigeriano, esperando que sejam feitos esforços para deter ao máximo a propagação destes episódios.”

Na ocasião, o portal de notícias do Vaticano dava conta de que o fenómeno dos sequestros na Nigéria “teve um aumento dramático nos últimos meses”. Desde Maio de 2023 terão sido sequestradas 3.964 pessoas.

“São sequestros em massa, como o ocorrido na capital federal Abuja, quando mais de 10 pessoas foram sequestradas em 11 de Janeiro, incluindo uma menina de 13 anos que foi morta por não pagar o resgate, ou sequestros de indivíduos ou até mesmo de famílias, como o de Mansoor Al-Kadriyar, que foi sequestrado junto com seis de suas filhas e depois libertado para pagar 50 milhões de nairas (cerca de 32 mil euros) pela libertação das meninas. Uma delas foi morta porque ele não pagou a quantia solicitada”, refere ainda o Vatican News.

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A HISTÓRIA DE LEAH SHARIBU

A esta realidade não tem escapado também a Igreja Católica. A Fundação AIS realizou no final do ano passado um levantamento dos casos conhecidos e concluiu que até ao dia 13 de Novembro ascendia já a 23 o número total de padres, religiosas e seminaristas raptados ao longo de 2023. Um deles acabou por ser assassinado e os outros 22 foram libertados.

Um dos casos que se tornou mais emblemático relacionado com o rapto de cristãos na Nigéria ocorreu a 19 de Fevereiro de 2018. Nesse dia, militantes do grupo jihadista Boko Haram atacaram uma escola em Dapchi, no estado de Yobe e raptaram 110 raparigas. Uma das jovens que frequentava a Escola Técnica de Ciências, um estabelecimento de ensino oficial feminino, era Leah Sharibu. Tinha apenas 14 anos. Poucas semanas mais tarde, todas as raparigas seriam libertadas menos Leah que, por ser cristã, se recusou à conversão ao Islão como os terroristas exigiam.

Ao fim destes anos e apesar de todos os apelos, nomeadamente dos seus pais e de instituições como a Fundação AIS, a jovem cristã continua refém do Boko Haram e desconhece-se exactamente onde está e como se encontra neste momento. A história de Leah é extraordinária e emblemática. Ela é um símbolo da perseguição aos cristãos na Nigéria.

Sinal disso, há precisamente quatro anos, na Quaresma, a Fundação AIS seleccionou cerca de quatro dezenas de histórias de pessoas cujas vidas de entrega aos outros e a Deus são inspiradoras. Entre esses heróis e mártires por amor estava Leah Sharibu. Numa altura em que o drama dos sequestros parece ter regressado em força à Nigéria, a história desta jovem rapariga que ousou renunciar à sua liberdade por causa da sua fé, não pode ser esquecida…

Paulo Aido | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt

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