COLÔMBIA: Irmã Glória recorda cativeiro no Mali às mãos de terroristas e agradece “a maravilhosa missão” da Fundação AIS

COLÔMBIA: Irmã Glória recorda cativeiro no Mali às mãos de terroristas e agradece “a maravilhosa missão” da Fundação AIS

NOTÍCIAS

COLÔMBIA: Irmã Glória recorda cativeiro no Mali às mãos de terroristas e agradece “a maravilhosa missão” da Fundação AIS

Sexta-feira · 7 Janeiro, 2022

Mal foi possível, após ter sido libertada a 9 de Outubro do ano passado, ao fim de quatro anos e oito meses de cativeiro às mãos de um grupo jihadista no Mali, a Irmã Glória Narvaéz Argoty regressou a casa, à sua Colômbia natal. Mal foi possível também, deu uma entrevista à Fundação AIS para contar a sua experiência e não resistiu a gravar um pequeno vídeo como agradecimento por tudo o que a Ajuda à Igreja que Sofre fez em favor da sua libertação e também pela sua “maravilhosa missão de ajudar a Igreja nos lugares onde há tanto sofrimento”. “Muitas vezes – diz a Irmã Glória no vídeo que gravou o convento das franciscanas, na cidade de Pasto – nós próprios nem sequer nos damos conta do sofrimento que passam os nossos irmãos que dão testemunho da sua fé…”


“Ver a minha vida”
E sofrimento foi o que esperava a Irmã Glória quando, no dia 7 de Fevereiro de 2017, um grupo de homens armados invadiu a casa das Franciscanas de Maria Imaculada em Karangasso, no sul do Mali, onde vivia, e a levou como refém. Foi um tempo de sofrimento, de angústia e reflexão. “Foi uma oportunidade que Deus me deu para ver a minha vida, a minha resposta a Ele… uma espécie de êxodo.” Durante todo este tempo, Glória Narvaéz Argoti lembrou-se muito de São Francisco, do seu exemplo, das suas orações de paz, de alegria. Durante todo o tempo de cativeiro, mesmo quando foi maltratada, agredida, a irmã Glória encontrou aí o seu refúgio.

COLÔMBIA: Irmã Glória recorda cativeiro no Mali às mãos de terroristas e agradece “a maravilhosa missão” da Fundação AIS
Glória Narvaéz Argoty regressou a casa, à sua Colômbia natal.

Agradecer a Deus
Praticamente sozinha no deserto, no meio de um acampamento jihadista, com a companhia apenas de duas outras reféns, uma muçulmana e uma protestante, a Irmã Glória descobriu uma serenidade que talvez não imaginasse ser possível naquelas circunstâncias. Cada novo dia foi uma oportunidade para agradecer a Deus. “Como posso não Te louvar, abençoar e agradecer, meu Deus, porque me encheste de paz perante insultos e maus-tratos…” Não foi só São Francisco a acompanhá-la ao longo dos quatro longos anos em cativeiro. Muitas vezes lembrava-se também das palavras e dos ensinamentos da fundadora da sua ordem, a abençoada Caridad Brader: “esteja quieta para que Deus possa defendê-la”. E também das palavras sábias da sua mãe, Rosa Argoty, que haveria de falecer sem ver a filha em liberdade: “esteja sempre serena, Glória, esteja sempre serena…”


Tempos de provação
Foi aí, nessas palavras, que a Irmã Glória conseguiu alguma serenidade, alguma força, em especial nos momentos mais duros, em que chegou a ser agredida pelos jihadistas. “Meu Deus, é difícil ser acorrentada e receber golpes, mas eu vivo este momento como Tu mo apresentas… E apesar de tudo, não gostaria que qualquer destes homens (os seus raptores) fosse prejudicado.” Uma vez, um dos líderes do grupo terrorista, aborreceu-se por vê-la um pouco afastada do acampamento a rezar em voz alta. Provavelmente estaria a recitar um Salmo ou a entoar alguma das orações de São Francisco. O terrorista não gostou e fê-la regressar violentamente, agredindo-a e insultando Deus. “Vamos ver se esse Deus te tira daqui…” Quando se recorda desse episódio, a Irmã Glória fica quase em lágrimas. “Ele falou comigo usando palavras muito duras, muito feias… A minha alma estremeceu com o que estava a dizer, enquanto os outros guardas [terroristas] riam-se às gargalhadas dos insultos. Aproximei-me dele e disse-lhe com toda a seriedade: ‘Mostra mais respeito para com o nosso Deus. Ele é o Criador… e magoa-me muito que fales Dele dessa maneira.’” Então, os raptores entreolharam-se, como que tocados pela força desta simples, mas vigorosa afirmação, e um deles disse: “Ela tem razão. Não fales assim do Deus dela. E calaram-se…”.


Trabalho missionário
No seu trabalho como missionária, a Irmã Glória viveu sempre num ambiente de tolerância e de respeito para com os outros, independentemente da religião que professassem. O próprio trabalho da congregação no Mali ajudou a criar esse ambiente de simpatia e permitiu que as religiosas gozassem de grande prestígio entre a população local, especialmente junto das mulheres. “As Irmãs Franciscanas de Maria Imaculada estão no Mali há mais de 25 anos. Uma das nossas principais preocupações é a capacitação das mulheres, com especial ênfase na alfabetização, porque nesse país, para elas, a educação é praticamente inexistente.” Além do ensino de técnicas básicas para o cultivo dos campos ou de aulas de costura, as irmãs procuravam ensinar também as mulheres locais sobre os procedimentos a fazer em caso de gravidez. De tal forma tudo isto teve impacto na comunidade que os próprios homens vieram pedir ajuda às irmãs… “Pediram-nos ajuda para que pudéssemos ensiná-los a fazer tarefas domésticas e cuidar dos seus filhos mais novos no caso de as mulheres morrerem.”


Defender a liberdade religiosa
A relação com a comunidade local era excelente e nada fazia prever que a missão das franciscanas iria ser atacada por extremistas muçulmanos. “Não havia portões fechados, nem paredes. As famílias acolhiam-nos em suas casas e partilhavam a sua comida connosco. No final do Ramadão, por exemplo – contou a Irmã Glória à Fundação AIS, as irmãs eram convidadas a celebrar em suas casas –, “e sempre houve simpatia.” A experiência vivida no Mali ajuda a perceber que a liberdade religiosa é de facto um bem maior que tem de ser preservado. “Se respeitarmos a liberdade de os outros viverem a sua religião, então podemos receber esse mesmo respeito”, diz ainda durante a longa conversa com o jornalista Hernán Darío Cadena. Durante o tempo de cativeiro, a fé e a coragem da Irmã Glória foram postas à prova. “Pediram-me para repetir partes das orações muçulmanas, para usar roupas de estilo islâmico, mas eu sempre fiz saber que nascera na fé católica, que cresci nessa religião, e que por nada no mundo mudaria, mesmo que isso custasse a minha vida…”


Pedacinhos de céu
A defesa dos cristãos perseguidos, que fez questão de sublinhar na pequena mensagem vídeo gravada para a Fundação AIS, é agora, mais do que nunca, algo que a Irmã Glória assume com toda a energia. “Mais do que palavras, temos que defender a fé com o testemunho da vida. Somos chamados a ser testemunhas da nossa fé.” Desde Novembro que a Irmã Glória Narvaéz Argoty está na Colômbia a descansar, a recompor-se da dura experiência em cativeiro algures no deserto no Mali. No entanto, diz que não vê chegada a hora de voltar a fazer as malas para a desejada viagem de regresso à missão, “seja em África ou onde Deus quiser…” O lugar pouco conta pois, como ela fez questão de dizer à Fundação AIS, o que importa é ajudar as populações que mais sofrem procurando “transformar as suas comunidades num pedacinho de céu”.

PA| Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt

PARTILHAR ESTE ARTIGO

Relatório da Liberdade Religiosa

O relatório da Fundação AIS analisa a situação da liberdade religiosa em 196 países. É um dos quatro relatórios sobre a situação da liberdade religiosa a nível mundial, sendo o único relatório não governamental na Europa que tem em conta a doutrina social católica.

196 PAÍSES

918 125 574

Multibanco

IBAN PT50 0269 0109 0020 0029 1608 8

Papa Francisco

“Convido-vos a todos, juntamente com a Fundação AIS, a fazer, por todo o mundo, uma obra de misericórdia.” 
PAPA FRANCISCO

© 2024 Fundação AIS | Todos os direitos reservados.