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CHINA: Papa Francisco pede “liberdade e tranquilidade” para a comunidade católica, que hoje venera Nossa Senhora
Hoje, 24 de Maio, os católicos da China celebram a festa de Maria Auxiliadora, que é particularmente venerada no Santuário de Nossa Senhora de Sheshan, perto de Xangai. No domingo passado, dia 22, o Papa Francisco fez questão de saudar a comunidade católica, pedindo que ela possa viver em “liberdade e tranquilidade”. Logo após a celebração do ‘Regina Coeli’, o Santo Padre referiu-se à China lembrando que segue com atenção a vida neste grande país asiático.
“Que a Igreja na China, em liberdade e tranquilidade, possa viver em comunhão efectiva com a Igreja universal e exercitar a sua missão de anúncio do Evangelho a todos, oferecendo assim também um contributo positivo para o progresso espiritual e material da sociedade”, disse o Santo Padre, assegurando que todos os dias reza em comunhão com os cristãos deste país. “Renovo-lhes a certeza da minha proximidade espiritual. Sigo com atenção e participação a vida e vicissitudes de fiéis e pastores, muitas vezes complexas, e rezo por eles todos os dias.”
Estas palavras do Papa ganham um relevo particular pois ocorrem apenas alguns dias após a detenção, a 11 de Maio, pela polícia, do Bispo emérito de Hong Kong, o Cardeal Joseph Zen, de 90 anos de idade, sob a acusação de “conluio com forças estrangeiras”.
Apesar de libertado sob fiança, a detenção durante algumas horas deste ilustre responsável da Diocese de Hong Kong não deixou de provocar de imediato uma tomada de posição da Igreja. Em resposta a perguntas colocadas por jornalistas, Matteo Bruni, porta-voz do Vaticano, afirmou que “a Santa Sé tomou conhecimento, com preocupação, da notícia da prisão do Cardeal Zen e está a acompanhar a evolução da situação com extrema atenção”.
Também a Fundação AIS reagiu à detenção do Cardeal Zen pela voz do seu presidente executivo internacional. “Há muitos anos que o Cardeal Zen tem sido amigo dos Cristãos que sofrem em todo o mundo. Ele tem sido franco nas suas críticas a todas as formas de perseguição, mas nunca defendeu a violência de forma alguma. O facto de ter sido preso pelas autoridades chinesas é chocante e revelador de como estas continuam a temer a mensagem libertadora de Cristo. A AIS continuará a rezar pela libertação de todos aqueles que são presos e perseguidos por defenderem os valores cristãos, e fá-lo-á inspirada no grande exemplo do Cardeal” afirmou o presidente executivo Thomas Heine-Geldern.
Na ocasião, o responsável da Fundação AIS apelou também às orações de todos os fiéis pela China, em especial neste dia que se assinala hoje, da festa de Nossa Senhora Auxílio dos Cristãos. “A Fundação AIS pede a todas as pessoas de boa vontade que rezem pela Igreja na China, para que os nossos corajosos irmãos e irmãs perseverem e sejam fortalecidos na sua fé e em todas as dificuldades, angústias e sofrimentos.”
Já passaram quinze anos desde que o Papa Bento XVI instituiu o Dia Mundial de Oração pela Igreja na China, que é celebrado a 24 de Maio, a festa de Maria Auxiliadora, padroeira do país. Esta festa é celebrada sempre com a máxima devoção. O Papa Francisco tem apoiado e encorajado esta iniciativa desde o início do seu pontificado. Antes da pandemia do coronavírus, milhares de peregrinos cristãos visitavam anualmente o santuário mariano, situado perto de Xangai.
O desejo de Bento XVI, ao instituir este dia de oração, era o de promover a unidade numa comunidade que se tinha dividido entre “oficial” e “clandestina”, mas, simultaneamente, fomentar a comunhão entre todos os fiéis. Portanto, neste dia, todos os católicos em todo o mundo são chamados a expressar a sua solidariedade para com os cristãos na China.
De facto, as relações diplomáticas entre a China e a Santa Sé terminaram em 1951, após a expulsão de todos os missionários estrangeiros. Os católicos chineses dividiram-se então entre duas Igrejas: a Associação Católica Patriótica Chinesa, aprovada por Pequim, e a clandestina, que continuou fiel ao Vaticano. Em 2018, recorde-se, foi assinado um Acordo Provisório, entre a Santa Sé e a República Popular da China sobre a nomeação dos Bispos, acordo que foi renovado por dois anos a 22 de Outubro de 2020.
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