UCRÂNIA: “As nossas armas são a entrega a Deus, a solidariedade, e o amor”, diz, desde Kiev, o Núncio Apostólico

UCRÂNIA: “As nossas armas são a entrega a Deus, a solidariedade, e o amor”, diz, desde Kiev, o Núncio Apostólico

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UCRÂNIA: “As nossas armas são a entrega a Deus, a solidariedade, e o amor”, diz, desde Kiev, o Núncio Apostólico

Quarta-feira · 16 Março, 2022

Com o agravar da situação em Kiev, com o cerco militar das forças russas a apertar-se sobre a capital, ganham relevo as palavras do Núncio Apostólico, em que o representante do Vaticano fala sobre o estado de espírito das pessoas, a coragem que é visível nos rostos e também, e muito especialmente, a solidariedade que une toda a população da principal cidade ucraniana.

“Não posso falar por todos, mas posso falar por aqueles que, como Núncio, vejo pessoalmente: os sacerdotes, voluntários e funcionários da Nunciatura. As pessoas estão muito preocupadas, mas posso descrever o estado de espírito como ‘corajoso’”, diz D. Visvaldas Kulbokas, ao telefone, com a Fundação AIS.

“Sentimos que esta é uma tragédia que precisamos enfrentar juntos. Temos que nos ajudar e rezar. Vejo muito otimismo. Apesar das terríveis tragédias, vejo otimismo entre muitas pessoas, especialmente os sacerdotes e religiosos. Claro, não acredito que possamos encontrar o mesmo optimismo entre os doentes, aqueles que precisam de tratamento, ou mulheres que estão dando à luz ou têm bebés”, afirma ainda o Arcebispo.

UCRÂNIA: “As nossas armas são a entrega a Deus, a solidariedade, e o amor”, diz, desde Kiev, o Núncio Apostólico
Com o agravar da situação em Kiev, com o cerco militar das forças russas a apertar-se sobre a capital, ganham relevo as palavras do Núncio Apostólico.

O ambiente na cidade, com Kiev praticamente rodeada por tropas russas, torna-se “surreal”, diz o Núncio, na entrevista a Maria Lozano, directora de comunicação da Fundação AIS. “É surreal, é como viver em um filme. Então, digo a mim mesmo, e também a muitos crentes com quem falo, que nossas principais armas, por assim dizer, são a humildade, a entrega total a Deus, a solidariedade e o amor.”

A sede da Nunciatura está situada fora da zona central de Kiev. Talvez por isso, até ao momento em que falou com a Fundação AIS, D. Kulbokas não tinha ainda assistido a nenhum bombardeamento, mas isso, só por si, é pouco relevante dada a situação de guerra em que o país está mergulhado.

“Hoje em dia ninguém na Ucrânia se pode sentir seguro. Como serão as próximas horas, ou os próximos dias? Ninguém sabe…” Quando os primeiros sinais de evidência de guerra começaram a fazer-se sentir, a nunciatura tratou de obter algumas provisões, mas a preocupação principal do Núncio é com as famílias que não conseguiram aprovisionar quase nada.

“Graças a Deus, nos últimos dias, chegou ajuda a Kiev. Além disso, organizações como Caritas ou grupos de voluntários trazem comida das cidades vizinhas, pois sabem que Kiev está exposta a um ataque militar mais severo. Esta ajuda é sempre gratuita. Há total solidariedade. É difícil saber como está cada família, ou quanto tempo podem durar. Mas com certeza, a crise humanitária é muito grave.”

D. Visvaldas Kulbokas sente que a “tragédia da guerra está a unir o povo ucraniano” e sublinha a importância de toda a solidariedade que o mundo tem vindo a dar ao país nestes dias tão difíceis, nomeadamente a proximidade do Santo Padre. “Ele está a fazer tudo o que pode para acabar com esta guerra. E não apenas com palavras, porque sei muito bem que ele está a buscar todos os caminhos possíveis para a Igreja, tanto espirituais como diplomáticos. Tudo o que é humanamente possível para contribuir para a paz. É claro que o Papa – e eu sei bem disso através dos seus colaboradores, com os quais estou em contacto várias vezes ao dia – está a avaliar muitas possibilidades”, disse o Núncio à Fundação AIS.

“Estamos constantemente a reflectir sobre o que mais o Papa pode fazer, seja directamente ou por meio dos seus colaboradores”, acrescentou, referindo-se ao envio pela Santa Sé de dois cardeais – D. Konrad Krajewski, e D. Michael Czerny – para a região, com o propósito de ajudarem a estabelecer canais com vista à negociação do fim das hostilidades e de auxiliarem também nos mecanismos necessários para a ajuda humanitária, nomeadamente para os milhões de refugiados ucranianos.

Sobre a ajuda que tem sido dada à Igreja ucraniana, nomeadamente através da Fundação AIS, que já lançou uma verba de 1,3 milhões de euros para as dioceses ucranianas mais necessitadas, o Núncio Apostólico alerta que esta é uma questão muito importante e que merece toda a atenção. Até pelo facto de ninguém saber se a guerra se vai prolongar muito no tempo e qual a real dimensão da tragédia que lhe está associada. “Qualquer ajuda é apreciada”, disse D. Visvaldas Kulbokas. “É difícil adivinhar quais serão as necessidades no futuro, mas muitas infraestruturas estão danificadas. Mesmo do ponto de vista estrutural e organizacional, haverá muito trabalho a fazer, porque centenas de escolas, hospitais e casas foram destruídas. As necessidades serão enormes. Vai demorar muito…”

Entretanto, ontem, o Vaticano anunciou que o Papa vai consagrar a Rússia e Ucrânia ao Imaculado Coração de Maria, numa cerimónia que decorrerá em Roma e no Santuário de Fátima no dia 25 de Março.

“Na sexta-feira, 25 de Março, durante a Celebração da Penitência, a que presidirá às 17:00 [hora de Roma, em Lisboa serão 16:00] na Basílica de São Pedro, o Papa Francisco consagrará a Rússia e a Ucrânia ao Imaculado Coração de Maria”, explicou o director da sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, em nota que foi enviada para a Fundação AIS.

Nessa informação esclarece-se ainda que será realizado um acto semelhante, no mesmo dia, em Fátima, pelo “Cardeal Krajewski, esmoler de Sua Santidade, como enviado do Santo Padre”.

PA | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt

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