A guerra, que começou a 7 de Outubro com o ataque do Hamas a Israel, surpreendeu muitos cristãos que se encontravam neste país, desde turistas a estudantes ou voluntários, por exemplo. É o caso de Holly, uma norte-americana que estava em Jerusalém e poderia ter já apanhado o avião de regresso a casa, mas decidiu ficar para ajudar.
Quando Holly recorda o que aconteceu a 7 de Outubro, quando comandos do Hamas lançaram um ataque em Israel, usa palavras fortes, carregadas de gravidade. Fala em dor no coração e diz, como quem sublinha algo de importante, que nunca, desde o Holocausto, tinham morrido, tinham sido assassinados tantos judeus num só dia.
Estes últimos dias têm sido terrivelmente longos e cansativos. Dói-me o coração por causa das atrocidades desumanas e impensáveis cometidas pelo Hamas. No dia do ataque inicial, registou-se o maior número de judeus assassinados num só dia desde o Holocausto. É realmente inimaginável.”
Holly
Holly é uma norte-americana que estava em Jerusalém quando se escutaram as primeiras notícias do ataque. Tal como ela, estavam milhares de outros cristãos em Israel. Turistas, estudantes, voluntários. Até trabalhadores estrangeiros. Calcula-se que serão cerca de 110 mil. Todos eles foram surpreendidos pela dimensão da violência do que ocorreu a 7 de Outubro.
O AVIÃO PODE ESPERAR
Mal a notícia atravessou o oceano e chegou aos Estados Unidos, a família e os amigos de Holly ficaram naturalmente preocupados e procuraram logo ajudá-la a sair de Israel, conseguindo um lugar no primeiro avião que estivesse disponível. Ela chegou a fazer as malas, mas mudou de ideias.
“Embora ainda estivesse muito preocupada, fiz as malas”, conta à Fundação AIS. “Mas no Domingo recebi uma mensagem que mudou todos esses planos num minuto”, explica. O que se passou é que uma organização humanitária havia-lhe pedido para ajudar a cuidar de famílias judias deslocadas de Sderot, na fronteira com Gaza.
Sderot, uma cidade com cerca de trinta mil habitantes, situada a aproximadamente 500 metros da Faixa de Gaza, foi um dos primeiros alvos dos comandos do Hamas.
“Estas famílias tiveram de abandonar as suas casas no último momento, fugindo dos terroristas impiedosos”, diz a norte-americana. “Israelitas de todo o país abriram as suas casas a estas famílias e eu ofereci-me imediatamente para ajudar”, conta ainda Holly à Fundação AIS. “Tive de ficar. Quero ajudar no que puder. Foi muito difícil contar aos meus pais. Estávamos todos a conter as lágrimas quando dei a notícia. Eles têm sido muito compreensivos, e isso significa muito para mim. Mas sei que também é muito difícil para eles.”
O MAL NÃO TRIUNFARÁ
Para esta cristã norte-americana, há algo de incompreensível em toda a violência que atingiu Israel, que fez desencadear mais uma guerra na região, e que a faz agora recuar no tempo até aos dias negros do nazismo, quando ocorreu o Holocausto em plena Europa.
“Vivi na Polónia durante três anos e visitei muitos dos lugares horríveis onde ocorreu o Holocausto. Como crente e cristã, perguntei-me muitas vezes porque é que todo este mal aconteceu? Hoje tenho a oportunidade de ajudar, por isso tenho de o fazer.”
A exemplo de Holly, a Fundação AIS está a receber, de toda a região, histórias de quem não hesita em ajudar os que estão em maior necessidade no meio de uma guerra que começou a 7 de Outubro mas não se sabe ainda como vai terminar. Desde a Faixa de Gaza, a Jerusalém, da Cisjordânia a Israel, são muitos os que, apesar da dor e do medo, mostram que o mal não deve ter nunca a última palavra.
Paulo Aido | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt