PORTUGAL: Casal transforma festa das Bodas de Diamante em gesto solidário para com Cabo Delgado

João e Maria Teresa Mendonça casaram há 60 anos, têm 6 filhos,19 netos e uma bisneta. No dia 11 de Abril festejaram com a família e amigos essas Bodas de Diamante, mas decidiram que não queriam presentes, não queriam nenhuma oferta. Mas pediram aos convidados que se lembrassem do povo sofrido de Cabo Delgado, das vítimas do terrorismo no norte de Moçambique. E pediram para que toda essa ajuda fosse canalizada para a Fundação AIS.

Casaram na Igreja de Polana, um edifício que é considerado uma jóia da arquitectura moderna. Casaram a 11 de Abril de 1965, em Lourenço Marques, Moçambique, então uma colónia portuguesa. Passaram 60 anos. Muita coisa mudou. A Igreja continua a ser um edifício espantoso, a cidade, porém, até já mudou de nome. Agora é Maputo e Moçambique é um país independente.

Maria Teresa nasceu lá, na província de Lourenço Marque, enquanto João Mendonça viveu 17 anos em Moçambique, tempo suficiente para conhecer a mulher da sua vida, para os dois se enamorarem e casarem. Sessenta anos depois, o balanço desse casamento é como uma árvore que está sempre em permanente primavera. Seis filhos, todos casados. Dezanove netos. Uma bisneta. Quando se junta toda a família há o alvoroço bom de uma família feliz.

Foi isso que se celebrou também a 11 de Abril na Igreja dos Montes da Senhora, em Proença-a-Nova, ali para os lados de Castelo Branco. Celebrou-se o casamento, a família, o amor. Para João e Maria Teresa era evidente que teriam de celebrar as Bodas de Diamante, mas havia algo que os inquietava há muito. Queriam transformar a festa num gesto solidário que retribuísse tudo o que de bom começou há 60 anos em Moçambique. Mas como?

MINORAR O SOFRIMENTO

Sessenta anos depois de terem dito “sim” perante Deus, João e Maria Teresa Mendonça decidiram pedir aos convidados que lhes dessem o melhor presente possível, a oferta mais desejada: que colaborassem com a Fundação AIS a minorar o sofrimento do povo de Cabo Delgado, vítima do terrorismo, dos ataques brutais de grupos armados que pertencem ao Daesh, a organização jihadista Estado Islâmico.

“Foi muito importante termos assistido aos programas semanais da Fundação AIS através da TV Canção Nova”, diz Maria Teresa Mendonça.  “Estamos sempre muito atentos ao programa [Igreja no Mundo] e como eu nasci em Moçambique e acompanhei então o trabalho das missões…  toca-me muito perceber agora que eles estão com muitas dificuldades especialmente na zona de Cabo Delgado. E por isso, acho importante angariar fundos para ajudar todas essas pessoas que estão tão mal, tão desprotegidas, que são tão perseguidas… Isso tocou-me”, explicou, quando o casal se dirigiu à sede da Fundação AIS, em Lisboa, para entregar pessoalmente o valor angariado na festa das Bodas de Diamante.

“SENSIBILIZOU-NOS MUITO”

Entregar o valor angariado na festa foi a resposta ao desejo de João e Maria Teresa. Eles pediram aos seus convidados um gesto de amor, um gesto de carinho para com o sofredor povo de Cabo Delgado, vítima dos ataques de grupos terroristas que desde Outubro de 2017 já causaram mais de cinco mil mortos e mais de 1 milhão de deslocados.

“Sensibilizou-nos muito saber que podíamos ajudar”, diz também João Mendonça. Os dois sentem-se próximos da Fundação AIS por causa do programa de televisão que é emitido pela TV Canção Nova, mas já conheciam a instituição. Todas as semanas, a AIS faz, com este programa, como que uma viagem pelo mundo da Igreja que sofre, aos países onde a perseguição religiosa e a pobreza andam de mãos dadas. Cabo Delgado, onde grupos armados têm hasteado a bandeira negra do jihadismo, é um desses lugares.

“Já conhecíamos” esta realidade, diz João Mendonça. “Mas nestes últimos tempos mais directamente por causa do vosso programa de todas as semanas na Canção Nova. Isso, de facto, ainda mais nos impressionou e sensibilizou para darmos esta colaboração… Temos pena de são ser mais, mas pronto, foi o que os nossos amigos deram…”

CONTINUAR A AJUDAR A AIS

Foram 1100 euros. O valor angariado vai ser agora canalizado para uma das campanhas que a Fundação AIS está a promover de apoio à Diocese de Pemba, que corresponde geograficamente à região de Cabo Delgado.

A campanha da AIS é simples no propósito: com um donativo de 37 euros é possível aliviar a fome a uma família de seis pessoas, de seis deslocados durante um mês. Os 1100 euros das Bodas de Diamante de João e Maria Teresa vão agora ser transformados em alimentos para aproximadamente trinta destas famílias, para aproximadamente 180 pessoas. “Sempre que pudermos, vamos continuar a ajudar a Fundação AIS, faremos o possível para isso”, diz João, segurando delicadamente a mão da sua mulher. “Sim – diz ela. O máximo possível. Acho que vale muito a pena. É uma organização muito boa, digna realmente de ajuda…”

Sessenta anos depois de terem dito “sim” perante Deus na imponente Igreja de Polama, João e Maria Teresa nunca mais conseguiram esquecer a terra onde descobriram o amor. E não haverá melhor forma de o dizer do que dando vida, alimentando quem perdeu tudo, como os deslocados do terrorismo de Cabo Delgado…

O gesto deste simpático casal ocorreu praticamente um mês antes de Sílvia Duarte, uma cabeleireira do Estoril, ter aberto durante um dia, a 13 de Maio, as portas do seu salão, oferecendo todo o trabalho também para minorar o sofrimento das vítimas do terrorismo em cabo Delgado. Um gesto que mereceu um agradecimento especial do Bispo de Pemba. “Para ajudar, não precisamos de ser muito ricos, mas sim de abrir o nosso coração”, disse D. António Juliasse, em mensagem enviada para a Fundação AIS. Abrir o coração foi também o que fizeram João e Maria Teresa.

Paulo Aido | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt

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