PORTUGAL: A estudar “sem batota”, 40 raparigas de Lisboa ajudaram 300 crianças da Ucrânia a terem férias longe da guerra

O projecto “Férias com Deus”, da Fundação AIS, que visa proporcionar momentos de repouso e diversão longe do ambiente dramático da guerra a milhares de crianças e jovens ucranianos, teve, este ano, o apoio de cerca de 40 meninas do Clube Darca, de Lisboa. Cada hora de estudo, a sério, “sem batota”, destas raparigas, valia 1 euro. No final, a AIS recebeu 526 euros. As responsáveis da ideia, Maria João Gagliardini Graça e Maria Rosário Almeida, asseguram que outros projectos em parceria com a AIS podem acontecer no futuro. “Sem dúvida.”

Não é preciso explicar a nenhum jovem o que se passa na Ucrânia. É raro o dia em que não há notícias de bombardeamentos, de ataques a cidades, de prédios destruídos, de mortos e feridos. A guerra na Ucrânia, que começou a 24 de Fevereiro de 2022, provocou já a maior crise humanitária na Europa desde a II Guerra Mundial, forçando milhões de pessoas a abandonar as suas casas, face à destruição causada pelos incessantes bombardeamentos, pelos ataques lançados pela Rússia.

Esta crise está a ter um impacto devastador na população ucraniana e muito concretamente entre as crianças e os jovens. É difícil mesmo imaginar os traumas que a guerra está a causar nos mais novos, obrigados a ter aulas em lugares subterrâneos, a terem de correr para os abrigos sempre que soam os alarmes de ataques aéreos – que ultimamente têm sido constantes –, a terem de enfrentar o medo e o sofrimento da morte de familiares e amigos.

Para ajudar a aliviar esse sofrimento, a Fundação AIS lançou um projecto denominado “Férias com Deus”, que visa proporcionar algum tempo de repouso e diversão, mas também de crescimento espiritual a crianças e jovens ucranianos.

Este projecto solidário teve, este ano, o apoio de cerca de 40 raparigas lisboetas, do Clube Darca – uma organização ligada ao Opus Dei, e da Fundação Maria José e João Gagliardini Graça, que visa a promoção, o financiamento e a realização de atividades nas áreas da solidariedade social, do voluntariado, da cultura e da educação, que visem o desenvolvimento e a dignificação da pessoa.

PROJECTO MOTIVADOR

Não foi preciso explicar a nenhuma das cerca de 40 raparigas do Clube Darca a importância de jovens como elas terem férias longe do ‘stress’ da guerra, longe do ruído assustador das bombas, da destruição e da morte. E foi fácil mobilizá-las para esta iniciativa. Elas só tinham de estudar a sério e por cada hora efectiva de volta dos livros, sem conversas nem telemóveis a distrair, empresas que se associaram ao Clube Daca dariam um euro.

O resultado foi extraordinário: 526 euros que foram já entregues à Fundação AIS e que vão agora ajudar a financiar as “Férias com Deus”, projecto que, neste caso em concreto, se destina a 285 jovens e crianças oriundas de 4 paróquias da Diocese ucraniana de Kamyanets-Podilskyi.

Maria do Rosário Almeida e Sousa, uma das responsáveis pela mobilização das estudantes portuguesas, sublinhou que este foi um “projecto motivador”. “Nós pretendíamos, por um lado, que elas aprendessem a estudar melhor, mas, por outro, que esse estudo tivesse consequências para crianças que estão desfavorecidas ou que estão em situação problemática”, explicou. Mas tratou-se de estudar a sério, mesmo.

Elas iam de propósito para a associação para estudar, sabendo que era um estudo exigente. Para isso, havia uma sala credenciada, com um monitor mais velho a orientar o estudo, ou seja, não podiam fazer batota, não podiam estudar 45 minutos, não podiam estudar 55 minutos, tinha que ser mesmo os 60 minutos, e tinham que estudar bem, não podiam interromper o estudo, não podiam ter telemóvel, nada.”

Maria do Rosário deslocou-se à sede da AIS em Telheiras, Lisboa, com Maria João Gagliardini Graça para entregar formalmente à directora da Ajuda à Igreja que Sofre os 526 euros angariados.

“UMA INQUIETAÇÃO PESSOAL”

Gagliardini é responsável, juntamente com o marido, de uma fundação, que tem o nome do casal, e que nasceu de uma inquietação pessoal: a necessidade de se ajudar “os mais fracos, os mais frágeis da sociedade, seguindo a proposta do Papa Francisco de irmos até às periferias”.

Esta vontade de ajudar a construir um mundo melhor levou a sua fundação a envolver-se em diversos projectos, nomeadamente no Bairro da Cruz Vermelha, em Lisboa, com aproximadamente 30 crianças dos 4 aos 15 anos de idade, e também no acompanhamento de idosos. “A ideia é retirá-los do isolamento”, explica Maria João Gagliardini. “Esta ideia de apoiar as crianças da Ucrânia através da Fundação AIS, enquadra-se nesta nossa vontade”, acrescenta.

E no ar está já a ideia de apoio a um novo projecto da AIS. Os 526 euros angariados pelo estudo das raparigas lisboetas do Clube Darca vão ser uma ajuda muito importante para que, este ano, centenas de jovens e crianças ucranianas tenham vivido ou venham ainda a viver uns dias sem o sufoco da guerra. O Bispo de Kamyanets-Podylskyi fala sobre a importância desta iniciativa. “As crianças e os jovens são especialmente vulneráveis à guerra, à dor e à perda de entes queridos. Queremos ajudá-los neste período tão difícil e organizar férias em que possam ter um pouco de descanso físico e receber apoio espiritual e esperança”, diz D. Leon Dubravskyi, explicando que, nos anos anteriores, esta experiência teve já resultados notáveis.

“Muitas crianças e jovens viveram momentos inesquecíveis no âmbito do projecto “Férias com Deus” e puderam escapar à guerra e aos frequentes ataques aéreos, pelo menos por um curto período de tempo, para terem algum descanso físico, receberem apoio espiritual e esperança. Este Inverno – acrescenta o prelado –, queremos também organizar umas férias para crianças e jovens que serão combinadas com o aprofundamento da sua relação com Deus.”

Quem sabe se essas férias de Inverno não voltam a ser apoiadas também pelas raparigas lisboetas do Clube Darca que não se importam de deixar de lado o telemóvel, para estudarem “sem batota”, nem que seja só por uma hora…

Paulo Aido | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt

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