PAQUISTÃO: “A cólera está a espalhar-se”, alerta Bispo de Karachi, pedindo ajuda por causa das inundações

PAQUISTÃO

A situação no Paquistão continua dramática face às consequências das gigantescas inundações que afectaram o país. Calcula-se que um em cada sete paquistaneses tenham sido afectados de alguma forma com as cheias, que já foram classificadas como “as piores” da história do Paquistão.

Os números, que ajudam a descrever o estado em que se encontra o país, são reveladores: mais de 1500 mortos, quase dois milhões de casas destruídas ou seriamente afectadas, tal como sete mil quilómetros de estradas ou 246 pontes.

Agora, com os níveis das águas a começarem a baixar, as autoridades deparam-se com outras emergências, nomeadamente o combate à fome e às epidemias. E a Igreja católica está na linha da frente desse combate. Isso mesmo foi transmitido num encontro promovido pela Fundação AIS Internacional e que reuniu três Bispos. Os responsáveis pelas dioceses de Karachi, Hyderabad e de Quetta.

O Arcebispo Benny Travis, de Karachi, situada no sul do Paquistão, não teve dúvidas em dizer que se estará perante uma catástrofe humanitária se nada se fizer com urgência. “A dengue e a cólera estão a espalhar-se. Os hospitais estão sobrecarregados e estão a mandar as pessoas embora.”

Entre outras coisas, faltam redes mosquiteiras para proteger as pessoas das infecções. O arcebispo também está alarmado com relatos de que as farmácias poderão estar a reter o fornecimento de medicamentos, elevando assim os preços.

No encontro, que decorreu na semana passada através da Internet, D. Samson Shukardin, Bispo de Hyderabad, trouxe também uma mensagem preocupante. À medida que o Inverno se aproxima, diz o prelado, a fome torna-se uma ameaça real, principalmente nas áreas rurais que foram mais afectadas.

“As regiões remotas não estão protegidas contra inundações, apenas as grandes cidades”, diz ele. “90 por cento da minha diocese está inundada devido à chuva intensa. Muitas igrejas, casas paroquiais e escolas foram danificadas pelas chuvas. As pessoas ficaram [na condição de] sem-abrigo e famintas, além das famílias que sofrem pela perda dos seus entes queridos”, referiu o Bispo de Hyderabad.

Por sua vez, D. Khalid Rehmat, Vigário Apostólico de Quetta, no Paquistão ocidental, lembrou que o país é pobre e que há muitas assimetrias sociais, mas que, nestes dias de extrema crise, não têm faltado exemplos de solidariedade. “As pessoas são pobres, mas generosas”, disse o Bispo, pedindo ajuda da comunidade internacional, tanto mais que as autoridades do país já se revelaram impotentes perante a dimensão da tragédia.

E é neste contexto que, sublinharam os três bispos nos seus testemunhos, se tem destacado o trabalho da Igreja e o papel solidário da comunidade cristã. “As pessoas valorizam a Igreja como um lugar confiável para obter assistência de emergência”, foi uma expressão que se escutou várias vezes no encontro promovido pela Fundação AIS.

Para os três bispos, apesar das enormes carências existentes há necessidades que se destacam no apoio às populações mais atingidas pelas cheias. Alimentos, medicamentos e abrigos estão entre os pedidos mais recorrentes.

Face a esta situação de calamidade, a Fundação AIS avançou com projectos de ajuda humanitária de emergência visando apoiar as dioceses que estão em maior dificuldade.

Por exemplo, em relação à Diocese de Hyderabad foi já aprovado um apoio para cerca de cinco mil famílias através de cabazes alimentares para um mês, ajuda em dinheiro para os que estão em situação mais vulnerável, abrigos temporários, unidades de saúde móveis e entrega de artigos básicos essenciais, como as redes mosquiteiras e repelentes.

Alem disso, a Fundação AIS está também empenhada já na reparação de igrejas e infraestruturas comunitárias que ficaram danificadas com as inundações, e que precisam de estar de novo operacionais para o acolhimento de vítimas das cheias.

PA| Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt

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A vida continua a ser difícil para as minorias no Paquistão. Dada a grave crise económica e a instabilidade política do país, não se prevêem melhorias no futuro imediato. Além disso, a subida ao poder dos talibãs no vizinho Afeganistão poderá contribuir para o crescimento do fundamentalismo islâmico.

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