NICARÁGUA: Libertados dois bispos, D. Rolando Alvarez e D. Isidoro Mora e ainda sacerdotes e seminaristas

As autoridades de Manágua libertaram ontem, domingo, os Bispos D. Rolando Alvarez, D. Isidoro del Carmen Mora e ainda 17 outros membros da Igreja entre sacerdotes e seminaristas. A Fundação AIS desde há muito que tem vindo a alertar para a situação de perseguição religiosa e de abuso dos direitos humanos na Nicarágua.

As autoridades de Manágua libertaram ontem, domingo, dia 14, os Bispos D. Rolando Alvarez, D. Isidoro del Carmen Mora e ainda dois seminaristas e quinze sacerdotes. A informação, confirmada pelo Vatican News, dá conta de que todos estão em Roma e “são hospedes da Santa Sé”.

D. Rolando Alvarez, Bispo de Matagalpa e administrador apostólico de Estelí era, de todos os detidos na Nicarágua, o caso mais conhecido por ter sido condenado a 26 anos de prisão e por estar encarcerado desde Fevereiro do ano passado, depois de cerca de meio ano em prisão domiciliária. A notícia da libertação foi divulgada também pelos canais oficiais do regime de Daniel Ortega.

Numa nota publicada pelo governo, agradece-se “profundamente” ao Papa Francisco, ao Secretário de Estado da Santa Sé, Cardeal Pietro Parolin, e à sua equipa, “pela muito respeitosa e discreta coordenação realizada para tornar possível a viagem”.

APELOS DO PAPA FRANCISCO

O Papa Francisco, de facto, nunca deixou de mencionar a Nicarágua e a situação dos bispos e padres e seminaristas vítimas da repressão das autoridades. Ainda na última semana, perante diplomatas de todo o mundo, o Santo Padre referiu-se a este país pedindo o respeito pelos católicos e por toda a população.

A Santa Sé não cessa de convidar a um diálogo diplomático respeitoso pelo bem dos católicos e de toda a população.”

Anteriormente, no primeiro dia do ano, o Papa afirmava também acompanhar “com viva preocupação” o que está a acontecer na Nicarágua, lembrando que sacerdotes e bispos foram “privados da liberdade”, e manifestando a todos a sua “proximidade na oração”.

PREOCUPAÇÃO DA FUNDAÇÃO AIS

Também a Fundação AIS tem alertado desde sempre para a situação de perseguição religiosa e de abuso dos direitos humanos que se está a viver na Nicarágua. Ainda recentemente, a presidente executiva internacional da AIS, Regina Lynch, afirmava a sua preocupação não só pela Nicarágua, mas também, a nível mais geral, pela América Latina onde se verifica um sentimento de animosidade contra a Igreja.

“Não podemos esquecer a América Latina, onde o ressentimento anti-Igreja tem vindo a alastrar, apesar do papel da Igreja na ajuda à sociedade com a educação, os cuidados de saúde e a doutrina social da Igreja. Estamos particularmente preocupados com a Nicarágua, onde dezenas de padres foram presos durante o ano” de 2023, explicou Regina Lynch. “Até onde é que esta situação irá? Só Deus sabe…”, era a pergunta, inquietante que a responsável da Fundação AIS deixava no ar.

CENTENAS DE ATAQUES CONTRA A IGREJA

No mais recente relatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo, publicado no ano passado pela Fundação AIS, são recordados alguns dos episódios de repressão da Igreja na Nicarágua, desde a expulsão de padres e de religiosas ao encerramento de estações de rádio e de televisão católicas e à proibição de celebrações religiosas em espaços públicos, nomeadamente procissões, como aconteceu no ano passado por exemplo durante a Quaresma.

Mas não tem sido só a Fundação AIS a alertar para esta situação. Por exemplo, segundo o relatório “Nicarágua, uma Igreja perseguida?”, da responsabilidade da advogada e investigadora Martha Patricia Molina, publicado em Novembro de 2022, houve, no período entre Abril de 2018 e Outubro desse ano, 396 ataques contra a Igreja Católica neste país da América do Sul.

Entre as quase quatro centenas de episódios documentados, há relatos de profanações, roubos, ameaças e discurso de ódio. Durante esse período, foram vários os bispos, padres, irmãs e leigos visados pelas autoridades. Recorde-se que, anteriormente, as autoridades já tinham provocado a expulsão do país do Núncio Apostólico, Waldemar Stanislaw Sommertag e forçado a saída das Missionárias da Caridade, a congregação fundada pela Santa Madre Teresa de Calcutá.

Paulo Aido | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt

Relatório da Liberdade Religiosa

Juntamente com todos os outros direitos fundamentais, a liberdade religiosa na Nicarágua piorou visivelmente, tal como foi observado por muitos meios de comunicação social, ONG e personalidades nacionais e internacionais. As perspectivas para os direitos humanos, incluindo a liberdade religiosa, são profundamente preocupantes e negativas.

NICARÁGUA

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