MOÇAMBIQUE: Igreja quer recuperar antigo seminário de Namaacha

MOÇAMBIQUE: Igreja quer recuperar antigo seminário de Namaacha

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MOÇAMBIQUE: Igreja quer recuperar antigo seminário de Namaacha

Segunda-feira · 22 Novembro, 2021

Foi o primeiro seminário da Igreja Católica em Moçambique. O edifício, enorme, conheceu muitas histórias, muitas desventuras. Foi até palco de combates durante os longos duros anos da guerra civil e ainda hoje guarda marcas de balas nas suas paredes. Agora, a Igreja quer transformá-lo num centro diocesano de espiritualidade. E pediu ajuda à Fundação AIS…

A cerca de 75 quilómetros da capital mas muito perto da fronteira com a Suazilândia e a apenas cerca de cinco quilómetros da África do Sul, quase como se fosse um enclave entre estes dois países, fica o antigo Seminário de Maputo. Um edifício que foi confiscado logo após a independência, em 1975, e que só regressaria às mãos da Igreja em muito mau estado quase duas décadas depois, em 1994. Pelo meio, ainda haveria de ser palco de confrontos armados durante os duros longos anos da guerra civil, que alguns buracos de balas testemunham silenciosamente numa das suas paredes principais. O Padre Cláudio dos Reis, 55 anos de idade, é hoje em dia o responsável por este edifício que a Arquidiocese de Maputo entretanto reconverteu em Centro Diocesano de Pastoral e Espiritualidade e é, seguramente, uma das pessoas que melhor conhece a sua história. Que gosta, aliás, de contar…

MOÇAMBIQUE: Igreja quer recuperar antigo seminário de Namaacha
Foi o primeiro seminário da Igreja Católica em Moçambique.

“Com a Independência de Moçambique, este local foi nacionalizado e só viria a ser devolvido 19 anos depois, em 1994, naturalmente já com uma boa parte do edifício destruído também porque a Guerra Civil assolou todo o país isto aqui não foi excepção…” Uma das paredes exteriores do edifício está ainda com marcas de balas, que são um testemunho da violência que assolou o país de norte a sul. Outra violência foi a da incúria. Durante o tempo em que o antigo seminário esteve confiscado à Igreja, as instalações foram-se degradando, chegando ao ponto de várias famílias terem ido viver para lá, transformando-o num abrigo temporário. “Depois da entrega, tentou-se fazer alguma coisa” explica o Padre Cláudio. Mas só em 2010 é que uma equipa de sacerdotes e de religiosas começou a trabalhar no centro, procurando revitalizá-lo como um espaço importante para a vida da igreja moçambicana.

Actualmente, o Centro funciona como local de formação para a pastoral e para a espiritualidade. Importante é também a gruta que existe na zona e que tem atraído muita gente como local de oração. A imagem de Nossa Senhora presente no local imaginado por D. Custódio Pereira, antigo Arcebispo de Maputo, foi ganhando fama e cada vez mais pessoas passaram a deslocar-se até lá para rezar ou simplesmente para um momento de meditação. “A gruta atrai muita gente”, reconhece o Padre Cláudio. “É um local de oração e espiritualidade e vem gente para aqui rezar especialmente aos fins-de-semana e aos feriados e não importa de onde… Uns vêm mesmo da cidade de Maputo para a gruta só para rezar…”

“Antes da pandemia do coronavírus havia aqui muitos encontros de diversos grupos da arquidiocese de todo o Maputo”, diz ainda o sacerdote. A pandemia veio colocar um travão no ritmo dos encontros que estavam a ser agendados, mas todos acreditam que mais cedo ou mais tarde tudo irá regressar ao normal. Quem não tem parado é a própria Igreja local que continua com projectos para o antigo seminário. “Aquilo que é possível fazer para já é providenciar condições para que esses grupos fiquem, pois o edifício está envelhecido. O edifício não é velho, mas está envelhecido, pois não foi tratado”, explica o Padre Cláudio dos Reis. “Agora, aa preocupação do Arcebispo D. Chimoio é a de criar condições mais dignas com a construção de pequenos quartos para uma melhor acomodação das pessoas.”

Para isso, a Arquidiocese pediu ajuda à Fundação AIS. É uma obra necessária, mas que ultrapassa a capacidade financeira da igreja nos dias que correm. “É preciso, realmente, que haja alguma ajuda externa. Estamos realmente num país empobrecido e temos uma igreja que ainda tem de percorrer um certo caminho até à autossustentação. São obras grandes, mas que, segundo o meu ponto de vista, ajudam a concentrar as pessoas e criar condições para que, a partir deste lugar, possamos irradiar a espiritualidade, a formação humana, a formação social, a formação dos nossos cidadãos, sobretudo dos nossos jovens”, diz, em jeito de explicação, o actual responsável pelo Centro. “Naturalmente que eu não podia ficar indiferente ao facto de ter de agradecer a todos os benfeitores que directamente têm ajudado esta Igreja que Sofre, que realmente nos têm dado este apoio. Somos uma Igreja muito empobrecida e somos também um país muito empobrecido…”

Paulo Aido | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt

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