Duas dezenas de missionários e agentes pastorais foram mortos ao longo do ano passado, segundo a Agência Fides. Entre as vítimas está um Bispo, D. David O’Connell, auxiliar de Los Angeles, e a mãe e a filha assassinadas a tiro na paróquia da Sagrada Família, em Gaza, no dia 16 de Dezembro, tal como a Fundação AIS noticiou.
Samar Kamal Anton e sua mãe Nahida Khalil Anton terão sido os dois últimos nomes incluídos na lista elaborada pela Agência Fides sobre os missionários e agentes de pastoral mortos ao longo do ano passado. As duas mulheres, mãe e filha, foram atingidas no dia 16 de Dezembro, e ao que tudo indica por um atirador das Forças de Defesa de Israel, quando tentavam encontrar um lugar seguro no edifício paroquial da Sagrada Família, na Faixa de Gaza.
A morte destas duas cristãs, tal como a Fundação AIS noticiou na ocasião, foi denunciada de imediato pelo Papa Francisco que não se tem cansado de apelar ao fim da violência na Terra Santa. “Isto aconteceu até mesmo dentro do complexo paroquial da Sagrada Família, onde não há terroristas, mas famílias, crianças, pessoas doentes e com deficiência, freiras”, disse o Papa sobre o assassinato das duas mulheres.
Além de Samar Anton e Nahida Khalil, houve mais 18 missionários assassinados ao longo do ano de 2023, ou seja, mais dois casos do que em 2022. Entre as vítimas está um Bispo, D. David O’Connell, auxiliar de Los Angeles, assassinado a 18 de Fevereiro na sua própria casa.
A lista é completada com mais oito sacerdotes, dois religiosos, um seminarista, um noviço e sete leigos e leigas. Importa assinalar que a Agência Fides não se refere aos missionários ‘ad gentes’ em sentido estrito, “mas tenta refletir todos os casos em que pessoas baptizadas e comprometidas com a vida da Igreja morreram violentamente, mesmo que não seja expressamente por ódio à fé”.
O SACRISTÃO MORTO EM ESPANHA
África foi o continente com mais vítimas, cinco sacerdotes, dois religiosos, um seminarista e um noviço. No continente americano, além do bispo auxiliar de Los Angeles, registaram-se ainda os assassinatos de três sacerdotes e de duas leigas. Na Ásia, quatro homens e mulheres leigas morreram também violentamente, e na Europa registou-se apenas o assassinato, a 25 de Janeiro, de um leigo, o sacristão espanhol Diego Valencia, num ataque jihadista a duas igrejas em Algeciras, localidade situada na província de Cádis, na Andaluzia, e que foi perpetrado por um homem magrebino, tal como a Fundação AIS também divulgou em detalhe.
Esse foi mesmo o primeiro ataque mortal jihadista contra Igrejas em Espanha. Na lista apresentada pela Agência Fides estão também os quatro cristãos que morreram na sequência da explosão de uma bomba no ginásio da Universidade de Mindanao, nas Filipinas, quando assistiam à celebração da Missa do 1º Domingo do Advento, a 3 de Dezembro. Um ataque terrorista que causou ainda cerca de meia centena de feridos e que foi prontamente reivindicado pelo Daesh, o grupo jihadista auto-proclamado Estado Islâmico.
Arlene Francisco, 48 anos, secretária do capelão e da comunidade católica universitária, estava presente no local e contou à Fundação AIS o medo que sentiu nos instantes que se seguiram à explosão da bomba.
“Todos ficaram em choque. Vi 4 corpos caídos no chão, um estava completamente queimado, meu Deus… outra pessoa tinha metade do corpo queimado também e havia partes de pernas espalhadas… Foi realmente chocante.”
Esta descrição ajuda a compreender um dos elementos que a Agência Fides valoriza na lista dos missionários e agentes da pastoral mortos no ano passado: o facto de serem pessoas comuns que levavam uma vida normal. No entanto, “tornaram-se, sem culpa própria, vítimas de sequestros, de acções terroristas, tiroteios ou actos de violência de vários tipos”.
Paulo Aido | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt