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FRANÇA: Padre Jacques Hamel, degolado em plena igreja há cinco anos, terá sido vítima de ataque planeado desde a Síria
Segundo o semanário francês ‘La Vie’, que teve acesso a informações oficiais sobre o crime que chocou a opinião pública, não se confirma a tese inicial de que se tratou do “ataque de um lobo solitário”, expressão que indica um acto criminoso realizado por alguém que estando radicalizado actua, no entanto, de forma isolada.
O jornal, de inspiração cristã, fala antes numa “operação habilmente preparada” desde a Síria, em que “nenhum elemento foi deixado ao acaso”. O mentor do crime foi identificado, escreve o ‘La Vie’, como sendo o cidadão francês Rahid Kassim, na altura na Síria após ter ingressado no Daesh, o grupo jihadista Estado Islâmico em 2015.
Nascido em Roanne, no Loire, filho de pai iemenita e mãe argelina, foi ele quem terá pedido a Adel Kermiche e Abdel-Malik Petitjean para executarem o ataque, tendo ambos sido mortos pelas forças de segurança após terem assassinado o padre Hamel.
Na análise aos documentos, o semanário francês afirma ainda que Kassim já teria estado envolvido no assassinado de dois agentes da polícia, em 2016, e num ataque frustrado à catedral de Notre Dame, na cidade de Paris, também nesse ano.
Para os fiéis da Igreja Católica, o padre Jacques Hamel é um mártir, símbolo da perseguição aos cristãos e da violência extremista. Sinal disso, o processo de beatificação deste sacerdote está agora na Congregação para as Causas dos Santos depois de a chamada fase diocesana ter sido encerrada a 9 de Março.
De facto, para a beatificação do Padre Hamel, a Igreja Católica atribuiu um carácter de excepção, desvinculando a norma canónica que impõe um período de pelo menos cinco anos para a abertura dos respectivos processos. Este carácter de excepção só foi usado, em tempos recentes, para São João Paulo II e Madre Teresa de Calcutá.
Aliás, poucos meses após o assassinato do padre francês, já o Papa Francisco falava dele como mártir. Em Setembro de 2016, na Casa de Santa Marta, perante um grupo de peregrinos oriundos da diocese de Rouen, que incluía o Bispo Dominique Lebrun, o Santo Padre referiu-se ao padre Jacques Hamel como um “mártir bem-aventurado” símbolo da “perseguição” aos cristãos.
“O Padre Jacques Hamel foi degolado na cruz, precisamente enquanto celebrava o Sacrifício da Cruz de Cristo. Um homem bom, manso, de fraternidade, que procurava sempre a paz, foi assassinado como se fosse um criminoso. Esta é a linha satânica da perseguição”, disse o Papa Francisco.
Nessa intervenção, em Setembro de 2016, o Santo Padre denunciou, numa simples frase, toda a violência em nome de Deus e a intolerância e o ódio por causa da religião. “Como seria bom que todas as confissões religiosas dissessem que matar em nome de Deus é Satânico”. E acrescentou: “Que Ele, do Céu, porque devemos rezar-lhe, é um mártir! E os mártires são bem-aventurados, temos de rezar-lhe, para que nos dê a mansidão, a fraternidade, a paz e também a coragem de dizer a verdade: matar em nome de Deus é satânico.”
O Padre Jacques Hamel tinha 86 anos quando foi degolado na igreja, num ataque reivindicado de imediato pelo auto-proclamado Estado Islâmico que se referiu aos assassinos do sacerdote como “soldados”. Reformou-se aos 75 anos, mas pediu para continuar a viver na paróquia porque “queria estar presente para ajudar”.
O pároco de Saint-Etienne, Augustus Moanda-Phutai, falou dele como “um padre corajoso tendo em conta a sua idade”. “Os sacerdotes têm o direito de se aposentar aos 75 anos, mas ele ainda se sentia forte. E quis continuar porque, dizia, ‘não havia padres suficientes’ e, portanto, já que ele ainda poderia servir, preferiu continuar a trabalhar”.
O Padre Hamel costumava dizer que os sacerdotes não se aposentam e que ele iria continuar a trabalhar até ao último suspiro da sua vida. Ao longo de toda a vida ganhou a fama de ser um homem bom. Assassinado por radicais islâmicos, era conhecido por ser um promotor do diálogo entre religiões…
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