ERITREIA: Autoridades não dão explicação pela prisão, há mais de uma semana, do Bispo de Segheneity

ERITREIA: Autoridades não dão explicação pela prisão, há mais de uma semana, do Bispo de Segheneity

O Bispo católico de Segheneity foi detido pelas autoridades da Eritreia no sábado, dia 15 de Outubro, no aeroporto de Asmara, no regresso de uma viagem à Europa. Desde então, e apesar de os representantes da Igreja terem questionado o governo sobre as razões de tão grave actuação, não houve ainda qualquer explicação oficial para a prisão de D. Fikremariam Hagos.

Apesar da falta de informações disponíveis, a Agência Fides apurou que o Bispo estará na prisão de Adi Abeto, onde também se encontrarão dois sacerdotes desde há cerca de duas semanas. Trata-se do Pe. Mihretab Stefanos, pároco da igreja de São Miguel de Segheneity, e o Pe. Abraham, um sacerdote capuchinho detido pelas autoridades na cidade de Teseney.

Todas estas prisões ocorrem num momento em que crescem as tensões neste país africano devido aos confrontos entre os diferentes movimentos separatistas na região de Tigray. Além disso, o país está a intensificar o seu envolvimento na guerra civil da Etiópia, dificultando os esforços para acabar com os combates que desestabilizam toda a região nos últimos dois anos.

A detenção do Bispo e dos dois padres vem recordar o clima de tensão existente entre a Igreja e as autoridades na Eritreia. Em Junho de 2019, as autoridades da Eritreia encerraram 21 unidades hospitalares administradas pela Igreja Católica, deixando cerca de 170 mil pessoas sem atendimento o que motivou um forte protesto por parte da hierarquia da Igreja Católica.

Cerca de um mês mais tarde, mais de uma centena de cristãos foram presos pelas autoridades, tendo-se registado também a expulsão do país de algumas religiosas que trabalham nas estruturas de saúde.

Todos estes incidentes ajudam a compreender que a Eritreia seja conhecida como a “Coreia do Norte de África”, por ser um regime particularmente repressivo no que diz respeito à liberdade religiosa.

Sinal disso, no passado mês de Fevereiro, faleceu, estando em prisão domiciliária, Abuna Antonios, Patriarca da Igreja Ortodoxa Eritreia Tawaedo. O facto de ter 94 anos, e de haver inúmeros apelos para a sua libertação não foi suficiente para demover as autoridades que o mantiveram em isolamento durante cerca de 15 anos.

A situação de privação de liberdade deste dirigente cristão eritreu foi apresentada na campanha “Libertem os Prisioneiros”, lançada no final de 2020 pela Fundação AIS. A sua recusa sistemática em permitir interferências governamentais em matérias religiosas levou-o a ser considerado como uma figura hostil a ponto de, na madrugada de 28 de Maio de 2007, ter sido levado à força desde a sua residência.

No Relatório produzido pela Fundação AIS de suporte à campanha “Libertem os Prisioneiros”, refere-se que o Patriarca, então já com 93 anos de idade, estava a ser mantido “em isolamento, sem visitas, incluindo de familiares”. As autoridades também não permitiam que Abuna Antonios recebesse cuidados médicos, apesar de sofrer “gravemente de diabetes” e de “pressão arterial elevada”.

Neville Kyrke-Smith, director do secretariado britânico da Fundação AIS, que se mobilizou particularmente em defesa da libertação deste Patriarca, expressou tristeza pela sua morte, dizendo que “os cristãos da Eritreia perderam um líder notável que defendeu a liberdade religiosa face à agressão e intimidação do governo”.

A prisão, agora, do Bispo católico de Segheneity e de dois sacerdotes é um sinal de que a intimidação das autoridades sobre a comunidade cristã continua a fazer-se sentir na Eritreia.

PA | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt

Relatório da Liberdade Religiosa

A Eritreia é uma ditadura em que a maioria dos direitos humanos, incluindo a liberdade religiosa, é violada. O regime governado pelo presidente não eleito, Isaias Afewerki, enfatiza o “martírio para a nação” sobre os valores espirituais e decreta que os cidadãos vivem em conformidade. A PFDJ não permite a liberdade de qualquer crença religiosa, apesar de esta ser concedida na Constituição.

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