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COREIA DO NORTE: Visita do Papa a Pyongyang “será impulso à paz”, afirma presidente sul-coreano
Uma visita do Santo Padre à Coreia do Norte “será um impulso à paz na península coreana”. A frase, dita pelo presidente Moon Jae-in após encontro no Vaticano no final de Outubro, em que ofereceu ao Papa uma cruz de metal feita com um pedaço do arame farpado que divide as duas nações, está a dar força à possibilidade dessa visita que, a ocorrer, terá uma indubitável importância histórica.
Esta foi a segunda vez que ambos se encontraram. O primeiro encontro, em 2018, foi precedido de uma visita de Moon Jae-in a Pyongyang, em que o líder do país mais fechado do mundo manifestou pela primeira vez o desejo “de receber o Papa”. Apesar de, até hoje, Kim Jong-un nunca ter convidado oficialmente o Santo Padre, essa visita, a acontecer, terá, como agora lembrou o presidente sul-coreano, uma enorme importância para a promoção da paz na região.
O conflito da Coreia, que ainda hoje ensombra toda a península, foi um dos episódios mais sangrentos da chamada “Guerra Fria”, quando o mundo esteve dividido em dois blocos ideológicos. O regime de Pyongyang foi apoiado principalmente pela China, enquanto o de Seul pelos Estados Unidos. Os combates foram suspensos em 1953, com um armistício, pelo que, na verdade e tecnicamente, os dois países continuam em guerra.
A Igreja Católica tem estado particularmente empenhada no processo de reconciliação na península coreana. Sinal disso, desde Dezembro de 2019 e até ao final de Novembro de 2020, foi celebrada na Coreia do Sul diariamente uma missa pela paz, tendo a Diocese de Pyongyang, que é a capital da Coreia do Norte, sido oficialmente consagrada a Nossa Senhora de Fátima a 15 de Agosto do ano passado.
Na presença do Núncio Apostólico D. Alfred Xuereb, e de numerosos bispos e sacerdotes, a cerimónia de consagração decorreu na Catedral de Myeong-dong, na capital da Coreia do Sul, e foi presidida pelo arcebispo de Seul, Cardeal Andrew Soo-jung Yeom, que é também o administrador apostólico de Pyongyang.
Na homilia que proferiu na ocasião, o Cardeal Yeom lembrou a estreita união entre a Virgem Maria e a Igreja na Coreia desde o tempo das perseguições, destacando a importância de uma “autêntica conversão para a libertação evangélica de todo o povo coreano”.
E acrescentou: “Como administrador apostólico de Pyongyang, desejo dedicar a Diocese de Pyongyang a Nossa Senhora de Fátima, a Ela que é modelo para a nova evangelização. Por isso, imploro a intercessão de Nossa Senhora para a conversão daqueles que nesta terra professam ser ateus”.
Além da questão da ameaça permanente de conflito militar na península e em toda a região, a questão da liberdade religiosa na Coreia do Norte está também sempre presente quando se fala neste país. No mais recente relatório sobre a Liberdade religiosa no Mundo, publicado em Abril deste ano pela Fundação AIS, refere-se que os norte-coreanos “são obrigados a demonstrar total devoção à dinastia Kim no poder”, e que o regime classifica os cristãos como “hostis” e olha para eles “como agentes estrangeiros”, pelo que “a prática do Cristianismo é tratada como um crime político”. A tal ponto vai esta obsessão – pode ler-se ainda no documento da Fundação AIS, que a propaganda norte-coreana já chegou a comparar os missionários “a vampiros”.
Segundo a organização Open Doors, em 2020 existiriam na Coreia do Norte entre 50 mil a 70 mil pessoas presas por serem cristãs. Todos os que forem descobertos serão “deportados para campos de trabalho como criminosos políticos” e as suas famílias “também partilharão o seu destino”.
A Fundação AIS acompanha a questão coreana com particular atenção. Em 2017 houve um momento de oração muito especial no edifício existente na fronteira entre as duas Coreias. Protagonizado por D. Sebastian Shaw, que liderava uma delegação da instituição, e de que fazia parte, entre outros, o secretário-geral internacional Philipp Ozores, o Arcebispo de Lahore rezou pela reconciliação entre os dois países, para que “as pessoas possam viver em paz e harmonia e sem medo” da ameaça nuclear.
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