CAMARÕES: “O povo está cheio de medo” dos terroristas do Boko Haram, diz sacerdote que vive no norte do país

CAMARÕES: “O povo está cheio de medo” dos terroristas do Boko Haram, diz sacerdote que vive no norte do país

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CAMARÕES: “O povo está cheio de medo” dos terroristas do Boko Haram, diz sacerdote que vive no norte do país

Terça-feira · 19 Abril, 2022

Desde Setembro do ano passado, o grupo islamita Boko Haram tem realizado ataques regulares na região norte dos Camarões, relativamente perto da fronteira com a Nigéria, onde a temível organização terrorista tem a sua base. Estes ataques estão a semear o medo entre as populações que temem não só pelas suas vidas, mas também pelas suas propriedades. Um sacerdote, que por questões de segurança pede para não ser identificado, afirma à Fundação AIS “que o povo está cheio de medo e de ansiedade”.

O alarme tem vindo a crescer especialmente desde que alguns terroristas chegaram à zona de Oupaï, situada no alto de uma montanha, o que conferia uma aparente sensação de segurança para os habitantes. Diz o sacerdote, na informação enviada para a Ajuda à Igreja que Sofre, que os militantes do Boko Haram “conseguiram chegar a Oupaï passando por Douval, mataram duas pessoas, queimaram casas e levaram roupas e pequenos animais”. Em consequência destes ataques, “desde meados de Fevereiro, quatro das sete zonas da freguesia estão paralisadas”, diz ainda o padre, acrescentando: “pensávamos que não conseguiriam chegar a Oupaï porque a povoação está mesmo no topo da montanha, mas estávamos errados”.

CAMARÕES: “O povo está cheio de medo” dos terroristas do Boko Haram, diz sacerdote que vive no norte do país
Desde Setembro do ano passado, o grupo islamita Boko Haram tem realizado ataques regulares na região norte dos Camarões.

De facto, o Monte Oupaï tem 1.494 metros de altura e fica situado muito perto da fronteira com a Nigéria, no extremo norte dos Camarões.

O padre relata ainda que os ataques dos islamitas do Boko Haram afectaram já cinco áreas administrativas e que algumas aldeias, nomeadamente a de Digdé, Douval e Vara, ficaram praticamente sem habitantes. “Estão quase vazias.” O sacerdote explica que o medo das populações se explica também pela forma como os terroristas agora actuam. No passado, chegavam às aldeias aos gritos, anunciando assim a sua presença, o que poderia permitir a fuga das pessoas. “Agora, eles têm vindo discretamente, aproveitando a lua cheia, surpreendendo as pessoas que estão a dormir. Matam os pais das famílias e os adolescentes, especialmente os rapazes e pilham as propriedades e destroem tudo o que não podem levar”, explica o padre.

Numa região marcada por uma pobreza muito acentuada, os roubos atribuídos aos terroristas vêm agravar ainda mais vida das populações. Agora, temendo pela sua segurança, muitas pessoas são forçadas “a dormir longe das suas miseráveis cabanas ao frio e em condições terríveis”, lamenta o sacerdote. “A situação e muito preocupante e contamos com as vossas orações”, diz ainda.

O aumento das actividades terroristas nesta região dos Camarões pode estar directamente ligada com as operações militares nigerianas nas regiões onde habitualmente o Boko Haram tem actuado e onde possuirá as suas bases.

Aliás, no final do ano passado, o governo da Nigéria chegou mesmo a anunciar que centenas de militantes terroristas estavam a depor as armas em diferentes zonas do estado de Borno, um dos que historicamente foram mais marcados pelas acções deste grupo que deseja a criação de um califado na região.

Informações recebidas pela Fundação AIS por parceiros de projecto nos Camarões indicam que, de facto, e talvez como reacção a estas operações militares do exército da Nigéria, os terroristas estarão agora a actuar em áreas mais rurais na Nigéria e especialmente nas regiões fronteiriças dos Camarões e do Lago Chade.

Em resposta aos pedidos de ajuda da Igreja local, que procura auxiliar as populações vítimas dos ataques terroristas, a Fundação AIS aprovou recentemente um projecto de apoio a um campo de refugiados para vítimas do Boko Haram em Minawao, na diocese de Mourua_Mokolo, no extremo norte dos Camarões, e foi apoiada também a impressão de dois mil exemplares da Bíblia, na língua Mafa, falada em 12 paróquias desta diocese.

PA | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt

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