CAMARÕES: Igreja celebra libertação de cinco padres, três leigos e uma irmã raptados há seis semanas

CAMARÕES: Igreja celebra libertação de cinco padres, três leigos e uma irmã raptados há seis semanas

Depois de longas seis semanas de angústia, foram libertados os nove cristãos raptados durante o ataque a 16 de Setembro à Igreja de Santa Maria, na aldeia de Nchang, na Diocese de Mamfé. Um ataque que ficou marcado também pela destruição do templo católico, queimado e reduzido a escombros.

Numa mensagem enviada para a Fundação AIS, o Bispo de Mamfé, D. Aloysius Fondang Abangalo, agradece todo o apoio recebido após o ataque à Igreja e o rapto dos cinco sacerdotes, três leigos e uma religiosa. “Estou sinceramente grato a todos aqueles que se juntaram a nós neste esforço colectivo de oração pela segurança e libertação dos nossos irmãos e irmãs”, escreve o prelado na mensagem enviada no domingo, dia 23.

Desde o primeiro instante, mal se soube do ataque à Igreja e do sequestro dos nove cristãos, a Fundação AIS mobilizou os seus benfeitores e amigos em todo o mundo para que rezassem pela sua libertação e bem-estar.

Segundo um dos elementos do grupo, não terá sido pago qualquer resgate. O facto de estarem todos bem de saúde e de terem sido libertados, levou a Diocese de Mamfé a convocar os fiéis para um momento de oração e de agradecimento.

D. Aloysius Abangalo exorta mesmo os fiéis a rezarem um mistério do Rosário “em acção de graças a Deus pela libertação segura dos nossos irmãos e irmãs que foram raptados”, e ontem, segundo informação enviada à Fundação AIS, foi celebrada uma Missa em Acção de Graças na Catedral.

O regozijo pela libertação destes nove cristãos, compreende-se também pelo facto de ter sido divulgado, e amplamente difundido, um vídeo onde se podiam ver os sequestrados no mato. Todos os reféns estavam em condições deploráveis e via-se também um dos sacerdotes a pedir ajuda.

Na mensagem enviada para a Fundação AIS, o Bispo de Mamfé condena veementemente, e uma vez mais, o ataque e a profanação da Igreja de Santa Maria, assim como o rapto dos nove cristãos, classificando como “desumano” o tempo de cativeiro.

Logo após o ataque à Igreja, o Bispo foi até lá para se inteirar do estado em que ficou o templo e também para resgatar o sacrário. Num pequeno vídeo gravado na ocasião, vê-se o Bispo, D. Aloysius Fondong Abangalo, mas mal se percebe que aquele edifício que está em ruínas foi uma igreja. O templo sucumbiu ao calor das chamas, as madeiras calcinaram, as paredes ficaram negras.

Camarões é um país africano mergulhado num conflito ainda obscuro, conhecido como “a crise anglófona”. Uma crise que nasceu da vontade separatista das regiões onde predomina a língua inglesa, situadas especialmente a nordeste e sudoeste. Um conflito que ganhou relevo desde 2016 e já causou milhares de mortos e cerca de meio milhão de deslocados. E muita destruição. Nada nem ninguém parece escapar.

O ataque à Igreja de Santa Maria marca uma viragem neste conflito pela criação de um país que se chamará de República da Ambazónia. É que nunca, até agora, os rebeldes independentistas tinham atacado a Igreja ou raptado padres nesta luta que travam há vários anos.

Paulo Aido com Maria Lozano | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt

Relatório da Liberdade Religiosa

Historicamente e ainda hoje, a liberdade religiosa nos Camarões é geralmente respeitada e vivida. As ameaças externas à liberdade religiosa, como a do grupo islamista Boko Haram, resultaram numa perseguição aos cristãos e aos muçulmanos que não aderem à agenda fundamentalista. As perspectivas para a liberdade religiosa são, portanto, negativas à medida que a violência aumenta.

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