CAMARÕES: Bispos expressam preocupação pelo aumento da pobreza e pela violência provocada pelo Boko Haram

Os Bispos dos Camarões denunciam um aumento da pobreza no país e manifestam preocupação pelos “actos horrendos” cometidos pelos terroristas do Boko Haram, grupo jihadista que desde a vizinha Nigéria tem conduzido ataques contra as comunidades locais, nomeadamente os cristãos.

Os Camarões, um país de África ocidental com fronteiras com a Nigéria, República Centro-Africana, Congo, Gabão e Guiné-Equatorial, vive tempos de insegurança não só por causa do terrorismo do Boko Haram mas também em consequência da violência separatista que começou há cerca de sete anos e que terá causado já mais de 6 mil mortos e provocado o deslocamento a cerca de 700 mil pessoas.

Esta realidade preocupa a Igreja e foi debatida na assembleia geral dos bispos, reunidos em Maroua entre os dias 6 e 13 de Janeiro. No final do encontro, numa declaração assinada pelo secretário-geral da Conferência Episcopal, padre Jervis Kewi, os prelados falam disso, usando palavras como “actos horrendos” e “atrocidades”, mas também denunciam o “aumento da pobreza entre a população”. Esta tomada de posição vem dar força às palavras de D. Bruno Ateba à Fundação AIS.

O Bispo de Maroua-Mokolo, diocese que acolheu a assembleia anual dos bispos dos Camarões, esteve de passagem recentemente pela sede internacional da AIS na Alemanha e falou da sua preocupação pelo terrorismo, mas também pelo drama da migração que está a levar os jovens africanos a arriscar por vezes a própria vida em viagens para a Europa em busca de uma vida melhor.

ALERTAS DE D. BRUNO ATEBA

D. Bruno Ateba, cuja diocese está situada no extremo norte dos Camarões, diz que é necessário que a Europa faça alguma coisa no sentido de ajudar a travar a crise migratória oriunda de África. É preciso ajudar todos os que tentam escapar à miséria e arriscam tudo em viagens que, tantas vezes, acabam dramaticamente.

Estas pessoas não têm medo de nada, porque não têm nada a perder e, além disso, estão sujeitas a uma grande pressão social, pelo que, mesmo que tenham de atravessar primeiro o deserto do Saara e depois o oceano, não hesitam. Muitos deles morrem.”

Daí a importância de a Europa ajudar na criação de empregos a nível local, em África, de forma a se tentar estancar este problema na origem. “Se as pessoas tivessem acesso a empregos e oportunidades económicas nos seus países de origem, não sentiriam a necessidade de emigrar. Há uma ligação clara entre a realidade das pessoas deslocadas, a emigração e a falta de um futuro estável”, disse.

PROJECTOS APOIADOS PELA AIS

Os Camarões são um exemplo claro desta realidade retratada por D. Bruno Ateba. “Após 50 anos de independência, ainda não há indústria, nem modelo económico. Muitos sentem-se obrigados a partir por falta de oportunidades. Se queremos mudar esta situação, temos de encontrar uma solução sustentável para travar o êxodo dos nossos jovens”, explicou o prelado.

Apesar das dificuldades extraordinárias que a sua diocese já enfrenta, D. Ateba está a fazer um grande esforço para incluir oportunidades de formação profissional e de criação de emprego nas suas propostas pastorais, ajudando assim os jovens deslocados internos a tornarem-se activos na sociedade. Um exemplo disso, explica, é “o centro de actividades para jovens financiado pela Fundação AIS no campo de refugiados de Minawao, na paróquia de Zamay, onde vivem 80 mil refugiados da vizinha Nigéria que fugiram do Boko Haram”.

Neste centro, é possível aos jovens adquirirem competências em áreas tão diversas como a reparação de sapatos ou de computadores, ou ainda na costura, ferramentas que facilitarão o trabalho e o sustento para o dia-a-dia. O bispo insiste, no entanto, que a comunidade internacional deve apoiar estas importantes iniciativas de desenvolvimento.

A Igreja e organizações como a Fundação AIS continuam a desempenhar um papel crucial no apoio aos que são directamente afectados pelas crises de segurança e migratória, mas a cooperação da comunidade internacional é essencial para se enfrentarem estes desafios e se encontrarem soluções a longo prazo.”

Paulo Aido | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt

Relatório da Liberdade Religiosa

Historicamente e ainda hoje, a liberdade religiosa nos Camarões é geralmente respeitada e vivida. As ameaças externas à liberdade religiosa, como a do grupo islamista Boko Haram, resultaram numa perseguição aos cristãos e aos muçulmanos que não aderem à agenda fundamentalista. As perspectivas para a liberdade religiosa são, portanto, negativas à medida que a violência aumenta.

CAMARÕES

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