A Fundação AIS intensificou o seu apoio à Igreja e às comunidades cristãs na região do Sahel onde se tem vindo a verificar um agravamento crescente da violência e da actuação de grupos jihadistas. Apesar da insegurança cada vez maior, o número de cristãos está a crescer nesta zona de África.
A região do Sahel, em África, que abrange países como o Burquina Fasso, Mali, Chade ou Níger, por exemplo, foi a região do mundo onde se registou, em 2023, um maior número de ataques terroristas.
Este dado, revelado recentemente pelo Instituto Internacional de Estudos Estratégicos [IISS], uma organização de pesquisa com sede em Londres, no Reino Unido, diz muito sobre o agravamento das condições de segurança nesta zona do continente africano onde os cristãos têm sido alvo, nos anos recentes, de um ambiente crescente de perseguição por parte de grupos jihadistas que actuam com relativa impunidade apesar das campanhas militares de protecção das populações que os governos têm protagonizado.
A retirada das tropas francesas do Níger no ano passado, depois da saída em 2022 do Mali, veio dar ainda mais espaço para a actuação por vezes com elevado grau de impunidade das organizações extremistas presentes na região.
Além do terrorismo islâmico, as populações do Sahel confrontam-se ainda com situações alarmantes de pobreza e fome que se conjugam num retrato de desastre humanitário. Nem a Igreja tem sido poupada pelos grupos terroristas o que tem levado ao encerramento, ao longo dos últimos tempos, de diversas instalações eclesiásticas como hospitais ou escolas.
FUNDAÇÃO AIS REFORÇA A AJUDA
No entanto, apesar disso, apesar deste ambiente de violência, a Igreja continua a ser por vezes a única instituição local que socorre as populações mais desamparadas. Em 2023, a Presidente executiva internacional da Fundação AIS, Regina Lynch, reforçou o compromisso da organização para com esta região de África, intensificando o auxílio ao Sahel e, especialmente, a países como o Burquina Fasso. Uma assistência que inclui alimentos e medicamentos de emergência em benefício dos cristãos que fugiram do terrorismo.
Além disso, a fundação pontifícia procura auxiliar também e de forma activa a Igreja local através da construção de salas de aula e pelo financiamento de vagas escolares para crianças deslocadas internamente. Mais de 340 cristãos de Débé, na Diocese de Dédougou, por exemplo, receberam assistência de emergência após terem sido forçados a deixar as suas aldeias. O bispo, D. Prosper Ky, descreveu mesmo a angústia de ver deslocados com todos os seus bens procurando abrigo numa situação terrível.
MAIS TERROR, MAS TAMBÉM MAIS VOCAÇÕES
Apesar desta situação, a Igreja no Burquina Fasso está activa e com muitas vocações. Na Diocese de Koupela, por exemplo, 67 jovens estudam no seminário com a ajuda da Fundação AIS. O Padre Etienne Sawadogo, de Rollo, enfatizou a importância desta ajuda de emergência, lançando uma pergunta: “Como é que as pessoas vão seguir a sua fé se estão famintas?”.
O trabalho pastoral é apoiado através da distribuição de Bíblias e de livros de catecismo, que ajudam a promover também uma vida de oração nestas comunidades. Ao longo do ano passado, a Fundação AIS apoiou 56 projectos no Burquina Fasso e prestou ajuda também no Chade, Mali e Níger.
Sinal deste compromisso activo de apoio aos cristãos no Burquina Fasso, a Fundação AIS está a promover em Portugal, neste momento, uma campanha solidária que visa quatro áreas distintas: Educação”, “alimentação”, “acompanhamento espiritual” e “cuidados de saúde”.
AJUDAR UMA CRIANÇA COM 65 CÊNTIMOS POR MÊS
Num destes projectos, o da “educação”, como explica Catarina Bettencourt, directora do secretariado português da Fundação AIS, “é possível ajudar uma criança que vive num campo de deslocados a ter acesso ao ensino por apenas 65 cêntimos por mês, ou seja, o valor, aproximadamente, de um café”.
O objectivo, neste caso, é o de se conseguir que pelo menos 100 crianças possam continuar a estudar, apesar da situação muito precária em que se encontram, em campos de acolhimento.”
Catarina Martins de Bettencourt
Mas as propostas da Fundação AIS vão para outras áreas também significativas e que fazem a diferença para estas populações que foram forçadas a fugir, que são vítimas da intolerância religiosa. É o caso da “alimentação”, em que com 481 euros por mês se pode auxiliar 26 famílias. Ou nos “cuidados de saúde”, em que, com 153 euros por mês, se pode dar assistência médica a 180 doentes…
Todos estes homens, mulheres e crianças carregam, como diz a directora da Fundação AIS de Portugal, “uma cruz dolorosa”. Nesta Quaresma, o desafio é rezar por eles, por todos eles, e ajudá-los. A nossa oração e solidariedade podem fazer toda a diferença.
Paulo Aido | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt