TERRA SANTA: Papa volta a apelar “ao fim da barbárie da guerra” e recorda ataque à Igreja católica em Gaza

O Santo Padre voltou, ontem, Domingo, a apelar ao fim das guerras no mundo e reafirmou a sua “profunda tristeza pelo ataque do exército de Israel contra a paróquia católica da Sagrada Família, na cidade de Gaza”. Após a oração do Angelus, o Papa Leão XIV reafirmou também a sua proximidade para com os “queridos cristãos do Médio Oriente” que estão a viver uma situação “dramática”.

Papa Leão XIV referiu-se ontem, Domingo, dia 20 de Julho, por mais de uma vez, ao drama da guerra que aflige a humanidade e disse concretamente, num breve encontro com jornalistas no exterior da Catedral de Almano, onde presidiu durante a manhã à celebração da Missa, que o diálogo deve superar a força das armas.

Devemos dialogar e deixar as armas, o mundo não suporta mais a guerra. Devemos rezar e ter fé em Deus e trabalhar em conjunto pela paz.”

Questionado sobre a conversa telefónica com Benjamim Netanyahu, o primeiro-ministro de Israel, na última quinta-feira, dia 17, após o ataque à Igreja em Gaza, o Papa disse que falaram sobre a necessidade de se proteger os lugares santos. “Insistimos na necessidade de proteger os lugares santos de todas as regiões, [de] trabalhar em conjunto nesse sentido, deixando tanta violência e tanto ódio”, afirmou.

Após a oração do Angelus, em Castel Gandolfo, onde se encontra de férias, o Santo Padre referiu-se também às “dramáticas notícias” que chegam do Médio Oriente, destacando a situação em Gaza e o ataque das forças de Israel à Igreja católica, ataque que causou, como a Fundação AIS já noticiou, três mortos e vários feridos, entre os quais o Padre Gabriel Romanelli, pároco da paróquia da Sagrada Família.

“Expresso a minha profunda tristeza pelo ataque do exército de Israel contra a paróquia católica da Sagrada Família na cidade de Gaza”, afirmou o Papa, que rezou pelas três vítimas mortais – Saad Issa Kostandi Salameh, de 60 anos, o zelador da paróquia; Foumia Issa Latif Ayyad, de 84 anos, e que recebia apoio numa tenda da Caritas; e Najwa Ibrahim Latif Abu Dawud –, e manifestou a sua proximidade aos “seus familiares e a todos os paroquianos”.

PROTEGER OS CIVIS

O Santo Padre implorou ainda que se pare “imediatamente a barbárie da guerra e que se alcance uma resolução pacífica do conflito”. E pediu também, dirigindo-se à comunidade internacional, que se “observe o direito humanitário e se respeite a obrigação de proteger os civis, bem como a proibição de punição colectiva, do uso indiscriminado da força e do deslocamento forçado da população”.

Uma intervenção em que o Papa Leão XIV não deixou de expressar, uma vez mais, a sua proximidade para com a reduzida e sacrificada comunidade cristã, que tem vivido dias de aflição, angústia e impotência. “Aos nossos amados cristãos do Médio Oriente, digo: estou próximo do vosso sentimento de poder fazer pouco diante desta situação tão dramática. Estais no coração do Papa e de toda a Igreja. Obrigado pelo vosso testemunho de fé. Que a Virgem Maria, mulher do Oriente, aurora do Novo Sol que surgiu na história, vos proteja sempre e acompanhe o mundo rumo ao amanhecer da paz”, concluiu Leão XIV.

VISITA DOS PATRIARCAS A GAZA

O ataque militar de Israel contra a Igreja da Sagrada Família, em Gaza, desencadeou uma onda de manifestações de solidariedade e colocou no centro da atenção mediática o Padre Gabriel Romanelli e a pequena comunidade cristã que estava – e continua a estar – refugiada na paróquia, espaço que tinha sido até agora  quase uma ilha de paz no meio de uma guerra cada vez mais destrutiva e dramática.

Como a Fundação AIS já noticiou, logo após o ataque, ainda na quinta-feira, dia 17, o Patriarca Latino de Jerusalém entrou em Gaza, juntamente com o Patriarca Ortodoxo Teófilo III, para levar ajuda humanitária e para manifestar solidariedade para com as populações locais.

Ainda iam a caminho do enclave quando o Cardeal Pierbattista Pizzaballa recebeu um telefonema do Papa Leão, como o próprio contou, entretanto, aos microfones da Rádio Vaticano. “Enquanto o Patriarca grego-ortodoxo e eu, juntamente com a nossa delegação, viajávamos para Gaza para uma visita de solidariedade à paróquia, às famílias das vítimas e a toda a comunidade, Sua Santidade o Papa Leão XIV telefonou para expressar a sua proximidade, o seu afecto, as suas orações, o seu apoio e também a sua intenção de fazer todo o possível para alcançar não só um cessar-fogo, mas também o fim desta tragédia”, afirmou. “O Papa Leão reiterou que é hora de pôr fim a este massacre e que o que aconteceu é injustificável e é preciso agir para que não haja mais vítimas”, concluiu, agradecendo em nome de toda a comunidade a proximidade e as orações do Santo Padre.

LEMBRAR OUTRAS “TRAGÉDIAS”

O ataque à Igreja Católica motivou também uma declaração formal do Patriarcado Latino de Jerusalém em que se sublinha o facto de o templo onde as pessoas estavam abrigadas ser “um santuário”. “As pessoas que vivem no complexo da Sagrada Família encontraram na igreja um santuário, com a esperança de salvar a vida dos horrores da guerra, depois das suas casas, bens e dignidade já lhes terem sido roubados.”

Na declaração condena-se ainda “energicamente” o ataque a civis inocentes que se encontravam num “local sagrado”, mas é sublinhado ainda que este episódio não pode fazer esquecer tudo o que se passa em Gaza.

“Esta tragédia não é maior nem mais terrível do que as muitas outras que afectaram Gaza. Muitos outros civis inocentes também ficaram feridos, deslocados e mortos. A morte, o sofrimento e a destruição estão por toda a parte. Chegou o momento de os líderes levantarem as suas vozes e fazerem tudo o que for necessário para parar esta tragédia humana e moralmente injustificada. Esta guerra horrível deve chegar ao seu fim completamente para que possamos começar a longa tarefa de restaurar a dignidade humana”, pode ler-se na declaração do Patriarcado Latino de Jerusalém.

SOLIDARIEDADE DA FUNDAÇÃO AIS

O ataque à paroquia da Sagrada Família originou, de facto, muitos comentários e declarações de condenação e de solidariedade para com a comunidade cristã local. Exemplo disso, António Guterres, secretário-geral da ONU, afirmou, ainda na quinta-feira, pouco depois do incidente, ser inaceitável qualquer ataque a lugares de culto. “Ataques a locais de culto são inaceitáveis. Pessoas que buscam refúgio devem ser respeitadas e protegida, não bombardeadas. Muitas vidas já foram perdidas”, disse ainda o líder das Nações Unidas.

Também a Fundação AIS manifestou, mal se soube do ataque, toda a solidariedade para com a comunidade cristã em Gaza. Regina Lynch, presidente executiva internacional da fundação pontifícia, lembrou, nessa declaração, a importância da solidariedade activa para com todos os cristãos na Terra Santa, em Gaza e na Cisjordânia.

“Depois do trágico ataque de ontem à paróquia católica em Gaza e do contínuo sofrimento das famílias cristãs na Cisjordânia, pedimos a todos os nossos amigos e benfeitores que se solidarizem com os nossos irmãos e irmãs cristãos na Terra Santa. Por favor, rezem por eles e, se possível, apoiem os nossos esforços para ajudar a Igreja em Gaza e na Cisjordânia durante este período crítico”, afirmou a responsável da AIS.

De facto, a ajuda humanitária é extremamente necessária, pois milhares de pessoas continuam sem acesso a cuidados médicos e a recursos essenciais. A paróquia agora atingida por um bombardeamento, tornou-se um refúgio vital, oferecendo abrigo, medicamentos e apoio não só aos cristãos, mas também a milhares de pessoas que fora do complexo carecem das necessidades mais básicas.

Paulo Aido | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt

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