SUDÃO: Sacerdote morre atingido por bala perdida em ataque de milícias na cidade de El Fasher

O Padre Luka Jomo faleceu na passada sexta-feira, 13 de Junho, em El Fasher, a capital do estado de Darfur do Norte, no Sudão, durante um ataque de milícias paramilitares a esta cidade sitiada desde Abril de 2023.

O Padre Luka Jomo faleceu na passada sexta-feira, 13 de Junho, em El Fasher, a capital do estado de Darfur do Norte, no Sudão, durante um ataque de milícias paramilitares a esta cidade sitiada desde Abril de 2023. O sacerdote foi atingido por uma bala perdida em incidente em que morreram também dois outros jovens. A propósito desta “triste notícia”, o Papa apelou ontem, antes da oração do Angelus, ao diálogo pela paz e ao fim das hostilidades neste país de África.

Chegou-me a triste notícia da morte do reverendo Luc Jumu, pároco de El Fasher, vítima de um bombardeamento”, foi assim que o Papa Leão XIV referiu ontem, domingo, antes da oração do Angelus, a morte deste sacerdote no Sudão, país em guerra desde Abril de 2023. “Ao assegurar as minhas orações por ele e por todas as vítimas, renovo o apelo aos combatentes para que cessem as hostilidades, protejam os civis e iniciem um diálogo pela paz”, acrescentou o Santo Padre, que também pediu o fim da violência em Mianmar e denunciou ainda o massacre de quase 200 pessoas numa aldeia nigeriana.

A notícia da morte do sacerdote católico foi divulgada ainda no sábado pelo vigário-geral da Diocese de El Obeid, no Sudão, num comunicado partilhado com a Fundação AIS Internacional. “Queridos pais, irmãs e todos os fiéis. É com grande pesar que vos escrevo para anunciar a partida do Padre Luka Jomo para a Casa do Pai esta manhã às 3 da manhã em El Fasher”, escreveu o Pe. Abdallah Hussein. “A causa da morte foi uma bala perdida que tirou a vida dele e de outros dois jovens. Unamo-nos em oração para pedir a Deus Pai que as suas almas descansem em paz”, afirmou ainda o sacerdote no referido comunicado.

CIDADE SITIADA PELAS FORÇAS PARAMILITARES

Fontes locais explicaram à Fundação AIS Internacional que o Padre Luka era Pároco em El Fasher. “Essa cidade está há quase dois anos sitiada pelas Forças de Apoio Rápido, as milícias paramilitares. Elas mantêm a cidade sitiada, apesar de as Nações Unidas terem solicitado que a ajuda humanitária pudesse chegar, mas as milícias não o permitiram” ainda. “Nos últimos meses, os bombardeamentos e ataques das milícias intensificaram-se e, num desses ataques, uma bala provavelmente perdida acabou com a vida” do sacerdote, disseram as fontes da AIS. “Não acreditamos que o objetivo fosse matá-lo”, acrescentaram. “Desde Janeiro, tentamos ajudar o Padre Luka a sair de lá, mas era impossível abandonar aquela cidade totalmente cercada pelas milícias”, lamentaram ainda as mesmas fontes.

Em Janeiro, D. Yunan Tombe, Bispo de El-Obeid, explicou, em declarações à Fundação AIS, que “todas as escolas muçulmanas” tinham encerrado depois de um projéctil “ter matado 35 meninas numa escola da cidade”. Apesar de tudo, “a Igreja Católica local continua a manter em funcionamento seis creches, seis escolas primárias e uma escola secundária em El-Obeid, e estas são as únicas instituições educativas que permanecem abertas”.

MILHÕES DE DESLOCADOS E REFUGIADOS

O conflito armado no Sudão está na origem da maior crise humanitária do planeta na actualidade. Calcula-se que terão morrido já mais de 150 mil pessoas e há ainda cerca de 14 milhões de deslocados dentro do Sudão, e refugiados em diversos países da região. A guerra pode ser explicada como uma dramática luta pelo poder entre dois generais, Abdel Fattah al-Burhan, o actual presidente, que tem o exército sob as suas ordens, e Mohammed Hamdan Daglo, que era, no início do conflito, a 15 de Abril de 2023, o vice-presidente do país. Daglo, também é conhecido por Hemedti, controla as RSF, as chamadas Forças de Apoio Rápido.

300 FAMÍLIAS CRISTÃS EM EL-OBEID

A cidade de El-Obeid, que em 2008 tinha cerca de 358 mil habitantes, está nas mãos dos militares sudaneses e, desde que começou a guerra neste país de África, encontra-se completamente sitiada por milícias paramilitares, as chamadas Forças de Apoio Rápido. Embora muitos cristãos tenham conseguido escapar, cerca de 300 famílias, compostas principalmente por idosos, mulheres e crianças, permanecem na cidade. Além destas famílias, por lá estão também outras pessoas que haviam fugido de Cartum e estavam de passagem quando o cerco começou.

Rezemos pelo descanso eterno do Padre Luka e dos outros dois jovens falecidos em El Fasher e pelos seus familiares e a sua comunidade, mas também por todos os cristãos do Sudão e os habitantes deste país, vítimas da guerra e da violência, para que possam alcançar em breve a tão desejada paz”, é o apelo de Regina Lynch, presidente executiva da Fundação AIS Internacional.

Paulo Aido, com Maria Lozano e Xavi Burgos

Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt

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Em Setembro de 2020, o Sudão, após 30 anos de regime islâmico, tornou-se um Estado constitucionalmente laico. O Pe. Peter Suleiman afirmou que o povo Sudanês pode agora “adorar e praticar as suas várias crenças religiosas sem medo”. Um ano mais tarde, o regime autoritário, e o medo, estavam de volta. Em 2022, as manifestações contra o regime militar intensificaram-se na grande Cartum, organizadas pelos comités de resistência.

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