SÍRIA: “Que o Senhor tenha misericórdia de nós”, diz Arcebispo de Alepo face à dimensão brutal do sismo

SÍRIA: “Que o Senhor tenha misericórdia de nós”, diz Arcebispo de Alepo face à dimensão brutal do sismo

Perplexidade e medo. Muito medo. Depois do terramoto que atingiu na madrugada de segunda-feira, dia 6, grande parte da região norte da Síria, as pessoas ainda estão “em estado de choque”. A expressão de D. Joseph Tobji, o Arcebispo Maronita de Alepo, traduz o estado de ansiedade de quem sobreviveu ao sismo e agora se depara com a morte de familiares e amigos, e cidades cheias de destroços e de ruínas.

Nas zonas mais afectadas pelo sismo na Síria, principalmente nas cidades de Latakia, Hamã e Alepo, muitas pessoas têm-se recusado a regressar a suas casas com receio de possíveis desabamentos. As igrejas têm estado de portas abertas acolhendo famílias inteiras, dando abrigo e comida, permitindo que as populações se resguardem principalmente durante as noites gélidas que se fazem sentir nesta altura do ano.

“É uma fobia extrema, um choque extremo, as pessoas estão com muito medo. O que aconteceu é muito difícil porque o terramoto durou mais de um minuto sem interrupção”, diz o Arcebispo, explicando que “os edifícios ficaram danificados ou destruídos”, não só pela violência do sismo mas também “por causa da guerra e de todos os bombardeamentos sofridos nestes últimos anos”. E volta sublinhar o clima de terror que sente nas pessoas, nos rostos, em todo o lado: “todos estão com muito medo”.

 

A urgência do socorro

Em entrevista à Fundação AIS, o Arcebispo relata que, quando se deu o sismo, pouco depois das quatro horas da madrugada, estava no paço episcopal e sentiu também “muito medo”. Depois do abalo veio a urgência do socorro. E todos são poucos para auxiliar tantas pessoas aflitas. “Agora, como todos os bispos, acolhemos muitas pessoas na nossa residência, mas também nas salas, nas escolas, nas nossas igrejas, distribuímos refeições…”

É na distribuição da comida e no abrigo que, neste momento, se centram as necessidades mais prementes. Para já, diz D. Joseph Tobji, é preciso “fornecer refeições e cobertores às pessoas, mas depois será necessário dar-lhes um tecto porque muitas já não podem voltar para as suas casas, por terem ficado destruídas ou porque o prédio ficou fragilizado, por isso é muito perigoso”.

Com o passar das horas, vai-se percebendo a dimensão dantesca do terramoto e vai crescendo também a aflição pelo tempo cada vez mais curto para o resgate de pessoas que estejam ainda com vida no meio de escombros. A Organização Mundial da Saúde estimava, ontem, que o balanço final de mortos poderá chegar aos vinte mil, numa contabilização que inclui não só a Síria mas também a Turquia.

 

“Rezem por nós”

Perante tudo isto, o Arcebispo Maronita de Alepo pede as orações de todos. E pede muito directamente as orações dos benfeitores da Fundação AIS espalhados pelo mundo. “Por favor, rezem por nós, porque ao nível humano não podemos lidar com esta catástrofe. Que o Senhor tenha misericórdia de nós! E, por favor, ajudem-nos a reconstruir os edifícios, porque é o mais dispendioso e é urgente. Está frio, à noite a temperatura está entre os 3 e os 4 graus negativos, por isso as pessoas não podem ficar ao relento”, diz, D. Joseph Tobji.

A Fundação AIS está a avaliar continuamente a situação, recolhendo o máximo de informação possível junto dos seus parceiros no terreno sobre as necessidades imediatas da Igreja local, para que esta possa cumprir com a sua missão de ajuda de emergência a estas populações. O apoio alimentar através de cantinas paroquiais, ajuda aos idosos e auxílio médico, são projectos da Fundação AIS que ganham agora, neste contexto de desastre que se vive na Síria uma importância ainda maior.

PA | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt

Relatório da Liberdade Religiosa

Mais de 11 anos após o início da guerra na Síria, o país continua a ser fortemente afectado. Embora os combates tenham diminuído significativamente e o autoproclamado Estado Islâmico tenha sido expulso como força territorial, a Síria continua dividida a nível regional, o que afecta profundamente a liberdade religiosa.

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