Sementes de Esperança: Janeiro de 2022

SEMENTES DE ESPERANÇA

Sementes de Esperança: Janeiro de 2022

Sementes de Esperança: Janeiro de 2022

RÚSSIA
IGREJA ORTODOXA RUSSA E CATÓLICA: UMA RECONCILIAÇÃO

Superfície
17.09 milhões de km2

População
143.7 milhões

Religião
Cristãos: 82%
Muçulmanos: 12,5%
Agnósticos 13,8%
Outras: 1,7%

Língua
Russo

SEMENTES DE ESPERANÇA

Desde o encontro de 2016 entre o Papa Francisco e o Patriarca da Igreja Ortodoxa Russa Cirilo I, as relações entre as Igrejas Católica e Ortodoxa caminham em direcção à reconciliação.

Na Rússia, as relações entre as Igrejas Ortodoxa e Católica ainda se mantêm sujeitas a ajustamentos permanentes que é preciso analisar sem preconceitos e sobretudo com uma perspectiva desligada de uma visão demasiado europeísta ou ocidental.

Recordemo-nos do encontro organizado em Cuba aquando das viagens oficiais pela América do Sul das duas mais altas autoridades religiosas, o Patriarca russo e a representação do Vaticano, que pôs fim a 1000 anos de cisma entre as duas correntes do Cristianismo (1). A imprensa e os analistas culturais, entre os quais Elena Volkova, realçaram que este encontro tinha sido directamente inspirado, ou seja, imposto, ao Patriarca Ortodoxo por Vladimir Poutine.

Quaisquer que sejam as segundas intenções e a motivação política do Kremlin, que teria procurado recuperar a sua imagem danificada, os intercâmbios permitiram o despoletar de uma declaração comum notável do ponto de vista diplomático e de apoio aos Cristãos do Oriente. Depois deste acontecimento marcante, o caminho em direcção a uma reconciliação absoluta, que poderia levar nomeadamente a uma visita oficial do Papa Francisco a Moscovo, continua a ser uma realidade ainda longínqua. Roma, cujas declarações são escrutinadas à lupa, protege-se de qualquer acusação de intenção de ingerência, mantendo-se afastada de correntes menos moderadas ou proselitistas no que se refere aos Ortodoxos russos.

Sementes de Esperança: Janeiro de 2022

A visão muitas vezes considerada como demasiado activista dos Católicos polacos próximos de uma parte do clero russo é um potencial foco de tensão. Mas, no terreno, esta eventualidade afasta-se se considerarmos os esforços que os Católicos russos têm envidado para não ofender os seus “irmãos e irmãs” Ortodoxos. A questão d Ucrânia e as posições qualificadas de nacionalistas da Igreja Greco-católica (uniata) próxima de Roma e, no mínimo, hostil ao plano de Moscovo, representam sem dúvida um assunto bastante mais delicado. Aí, o Vaticano tem sido também uma escola de diplomacia e as mensagens emitidas não provocaram até hoje qualquer contestação ou correcção por parte do Patriarca russo.

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UMA LEI QUE PROVOCOU AGITAÇÃO

Mais recentemente, no fim de 2020, contudo, o bom equilíbrio quase foi quebrado devido aos projectos de alteração à lei federal de 1997 sobre a liberdade de consciência e as associações religiosas. Este projecto, submetido à Duma previa a proibição dos membros do clero formados no estrangeiro de exercer em solo russo, a não ser que tivessem sido ratificados no seio de uma organização religiosa russa. As emendas propostas suscitaram um movimento de opinião por parte do conjunto dos representantes das religiões tradicionais da Rússia e muitas interrogações expressas publicamente – como as do Bispo protestante Sergei Ryakhovsky ou do vigário geral da Arquidiocese de Moscovo Kirill Gorbunov. Ao visar os extremismos e não podendo estigmatizar uma expressão religiosa e não a outra, o projecto deu a impressão de um rolo de compressão fora de controlo. Ainda assim, os projectos das emendas foram votados na Primavera de 2021 (ver Caixa). Mas parece que já não provocam a emoção inicial nem parecem interferir no longo caminho da reconciliação entre Ortodoxos e Católicos na Rússia. Compreenda-se que esta última escapou definitivamente ao tempo secular.

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Oração

Para que as Igrejas Católica e Ortodoxa se reconciliem e voltem a trabalhar em unidade fraterna e para a instauração do Reino de Deus, nós Te pedimos Senhor.

SEMENTES DE ESPERANÇA

TESTEMUNHO: XAVIER MOREAU*

A situação da Igreja Católica na Rússia é serena. As relações entre Ortodoxos e Católicos são boas. Em Moscovo, os Franceses têm uma paróquia, São Luís dos Franceses, pré-revolucionária, que foi até renovada com o apoio do Estado no quadro de trabalhos de embelezamento da cidade de Moscovo. O nosso bispo é italiano, o que é óptimo para o equilíbrio da representação dos Católicos, com muitos padres polacos. A revisão da lei religiosa não seduziu as pessoas, em boa verdade, nem mesmo os Ortodoxos que, para alguns, viram nela uma nova interferência do Estado nos assuntos da Igreja. Tendo em conta os contornos do texto, parece de facto inaplicável e não deverá provocar grandes agitações relativamente à Igreja Católica e aos Católicos na Rússia”.

* Católico praticante, estabelecido na Rússia, em Moscovo, há 21 anos, Xavier Moreau é autor do livro “Ucrânia: porque é que a França se enganou”.

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