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Refugiados Moçambique - Vidas nas nossas mãos...

Os números são trágicos! São 82,4 milhões de refugiados e deslocados em todo o mundo. Cada um deles é uma vida concreta que, neste momento, está em risco. Todos eles representam histórias de perda, trauma e sofrimento. Mas, mais do que números, são vidas! Nunca na história da humanidade como agora, no início de 2021, houve tantas pessoas deslocadas à força devido à perseguição, violação dos direitos humanos, conflitos e pobreza extrema. África teve o maior aumento de deslocados internos e a Síria continua a ser o país do mundo em que um maior número de pessoas se viram obrigadas a fugir de suas casas.

Milhares de cristãos em África e no Médio Oriente, perseguidos e deslocados dependem do trabalho social e pastoral da Igreja e a Igreja depende de cada um de nós para continuar a ajudá-los. Dada a dimensão dramática desta realidade, a campanha de Natal da Fundação AIS em Portugal vai focar este ano a urgência da ajuda humanitária junto destas populações, nomeadamente na Síria, Nigéria, Líbano, Moçambique, República Democrática do Congo e Burkina Faso. NÓS SOMOS A SUA ESPERANÇA!… 
Os números são trágicos!

Este ano, a Fundação AIS vai procurar chamar a atenção dos portugueses para o drama de todas estas pessoas que tiveram de fugir, por vezes em situações absolutamente dramáticas, para salvar as próprias vidas. Não haverá um único refugiado ou deslocado cuja história não seja trágica. Para esta campanha, a Fundação AIS decidiu contar histórias de algumas destas pessoas e importa aqui sublinhar a coragem de quem aceita partilhar as suas desventuras, as suas próprias lágrimas procurando dessa forma sensibilizar o mundo para uma realidade que o mundo demasiadas vezes ignora.

Uma dessas pessoas é Francisco, de 52 anos de idade. Está em Pemba, na província de Cabo Delgado. Ele é uma das vítimas do terrorismo que tem fustigado a região norte de Moçambique. Ele é mais do que a sua própria história. É um símbolo do desespero em que se encontram outras pessoas como ele, homens, mulheres e crianças… A sua história não nos pode deixar indiferentes. 

A história do Chico é única, um abismo irrepetível de tristeza. Desde 2017, Muidumbe, província de Cabo Delgado, tem sido alvo de grupos terroristas e do extremismo islâmico. Morreram mais de 3.300 pessoas e quase um milhão foram deslocadas. O Chico é um deles.

Muidumbe tinha quase 80.000 habitantes.

Como recorda o Chico, foi atacada por duas vezes: “No primeiro ataque, duas pessoas foram brutalmente degoladas e houve casas incendiadas. O segundo ataque, no final de Outubro de 2020, foi mais violento. Os rebeldes permaneceram na cidade durante mais de dois meses. A cidade estava cheia de terroristas. À noite vagueávamos pela floresta, à procura de água e comida… Sem comida nem água, a situação daqueles que fugiam era desesperada. “Passaram-se dias e as nossas casas foram incendiadas e destruídas. Mandei quatro dos meus filhos para casa de familiares. O mais velho, de 24 anos, ficou. Quando as pessoas eram apanhadas a tentar arranjar comida, eram mortas, por isso disse ao meu filho para não ir à cidade porque era muito perigoso.”

Um dia, algumas pessoas conhecidas disseram-lhe que o seu filho tinha sido degolado. Tinha saído com um grupo de jovens e deparou- se com os terroristas. O Chico foi procurar a mulher para lhe dar a terrível notícia. Correram muitas lágrimas.

Mas, no meio da tristeza e do medo, este pai quis honrar o seu filho e enterrar o seu corpo. “Voltei à cidade à noite e levei comigo a pá. Após duas semanas, encontrámos o corpo já em decomposição. A cabeça estava pendurada num poste ao lado do corpo deitado no chão. Cheios de medo, escavámos uma sepultura enquanto um de nós ficou de vigia. Retirei a cabeça do poste e coloquei-a na sepultura.” 

Para além dos crimes que testemunhou, da vida como deslocado e da separação da família, o Chico viveu a tragédia do desaparecimento da mãe. A sua mãe, de 95 anos, que vivia com uma irmã, desapareceu durante um ataque: “Eu próprio fui à procura dela, mas não encontrei nem corpo, nem roupas. Ninguém sabia nada acerca dela. Apercebi-me então que nunca mais voltaria a ver a minha mãe.”

Depois de muitas preocupações, o Chico reuniu-se com a mulher em Pemba, onde agora vivem, enfrentando enormes dificuldades. Ele tentou reunir a família, mas em Pemba as condições são difíceis e não tinham meios para manter os filhos com eles. Têm de dormir ao ar livre, num quintal, que uma bondosa mulher, a Rosalina, lhes cedeu, debaixo de lonas de plástico para se protegerem da chuva. Os deslocados não são os únicos que sofrem com os traumas. A própria Rosalina não consegue dormir à noite. Ela vê e sente esta enorme tristeza à sua volta…

O Chico tem um sonho: construir uma casa para viver com os quatro filhos. “Já temos duas camas. Mais tarde vou fazer um quarto, e um dia espero ter  uma casa para a minha família. Isto é o que eu mais quero.”

Com a ajuda de um projecto de microcrédito criado pelo Pe. Edegard Silva, membro dos Missionários de La Salette que também teve de fugir de  Muidumbe, o Chico abriu uma pequena banca de rua: “Vendo o dia todo. A cada dois, três, quatro minutos, alguém aparece à procura de sabão ou de  outra coisa qualquer. Estou ocupado desde que o dia começa. É importante para mim. Quando se está ocupado, os traumas de guerra começam a  diminuir e assim é possível superar as dificuldades.”

A diocese criou também um grupo de apoio psicossocial liderado por duas religiosas, a Irmã Aparecida e a Irmã Rosa, ambas psicólogas. Elas formam uma equipa muito completa cuja missão é ouvir as pessoas. Ouvir este abismo de tristeza é dar o primeiro passo para curar as feridas.

Também em todo o norte da diocese, há apenas dois padres que ainda vivem e trabalham na região mais remota. Não só são responsáveis pela pastoral em Mueda, na freguesia Nossa Senhora da Assunção, como são também os únicos dois ajudantes que ainda mantêm a ajuda humanitária aos numerosos refugiados, depois de todas as organizações humanitárias terem retirado o seu povo de Mueda, devido à perigosa situação de segurança. No entanto, os dois sacerdotes já não têm um veículo seguro desde meados de 2020, pelo que nos pedem ajuda para adquiriem um para ser usado nestas longas e difíceis estradas até Mueda.

Apoie este campanha. A sua generosidade irá ajudar todos estes deslocados a sobreviver com dignidade e a ganhar uma nova esperança. Partilhe a alegria do Natal com os Cristãos que sofrem.

→ A nossa ajuda concreta

147.000€

Integração social e assistência espiritual, criação de actividades de auto-sustentabilidade e ajuda de emergência aos refugiados, em Pemba

18.000€

Acesso à educação escolar para crianças e jovens, em Pemba

24.700€

Um veículo para levar ajuda aos refugiados na zona mais remota, em Mueda

> Muitos, como o Chico, perderam tudo. A sua generosidade irá ajudá-los a sobreviver com dignidade e a ganhar uma nova esperança. Vamos ajudar?

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