PAQUISTÃO: “Precisamos das vossas orações”, diz Cardeal Coutts, recordando a visita a Portugal e a ajuda da Fundação AIS

O Cardeal Joseph Coutts, Arcebispo emérito de Karachi, alerta para o risco de o seu país poder ser contagiado pelo extremismo oriundo do vizinho Afeganistão, e para a necessidade de afirmação dos Cristãos do Paquistão como uma comunidade plena de direitos. O prelado, que participou no Vaticano no Sínodo dos Bispos, recorda com simpatia a visita em 2015 a Portugal, “onde as pessoas são tão boas”, e pediu as orações de todos pelo seu país.

Arcebispo emérito de Karachi, o Cardeal Joseph Coutts participou recentemente no Sínodo dos Bispos, no Vaticano, e já no final dos trabalhos falou com a Fundação AIS. O prelado manifestou a sua preocupação pela situação dos Cristãos no Paquistão, e falou expressamente do risco de um contágio extremista oriundo do vizinho Afeganistão.

“O problema”, explica o prelado, “não é o Governo, é o que está a acontecer no nosso país vizinho, o Afeganistão, onde existe uma forma muito extremista de Islão, os Talibãs… Agora temos Talibãs paquistaneses.”

O risco, segundo o Cardeal, reside também na forma como as multidões podem ser manipuladas. Ainda recentemente, em Agosto, em Jaranwala, ocorreram incidentes gravíssimos com mais de duas dezenas de igrejas e centenas de casas de cristãos atacadas, destruídas ou vandalizadas. Tudo por causa de uma falsa acusação de blasfémia.

CARDEAL RECORDA INCIDENTES

D. Joseph Coutts falou deste episódio que é revelador do estado de insegurança em que vivem os Cristãos paquistaneses. “Recentemente, quando a zona cristã foi atacada por muçulmanos, pensamos que havia alguém por trás a instigar. Para nós não é como na Europa. A religião está muito viva e quando se diz alguma coisa contra a religião de alguém, todos ficam muito zangados.”

O Arcebispo emérito de Karachi, cargo que ocupou desde 2012 até 2021 – anteriormente, foi Bispo de Faisalabad – recorda que isto é algo de completamente diferente da realidade europeia. No Velho Continente, diz, “isso não é um problema porque não se fala de religião”. “É uma mentalidade diferente.”

Nos incidentes de Jaranwala e em muitos outros lugares, quando ocorrem acusações de blasfémia, as multidões são instigadas a agir. E muitas vezes, a violência torna-se descontrolada.

“Alguém usou o altifalante da mesquita para anunciar que alguns cristãos tinham insultado o Corão e depois disseram: “Muçulmanos, têm de salvar a vossa fé”. Foi assim que começou”, explica o Cardeal Coutts. “Caso contrário”, diz ainda, “estariam todos a viver juntos pacificamente. Estas coisas às vezes acontecem e nós temos sempre essa tensão interior, [não sabendo] quando é que vai voltar a acontecer…”

Alguém usou o altifalante da mesquita para anunciar que alguns cristãos tinham insultado o Corão e depois disseram: 'Muçulmanos, têm de salvar a vossa fé'. Foi assim que começou. Caso contrário estariam todos a viver juntos pacificamente. Estas coisas às vezes acontecem e nós temos sempre essa tensão interior, [não sabendo] quando é que vai voltar a acontecer…”

“PRECISAMOS DAS VOSSAS ORAÇÕES”

Mas os problemas não se esgotam aqui. No Paquistão, há uma crise política, o Governo é interino e só haverá eleições em Janeiro. Para os Cristãos será uma oportunidade também para a afirmação da comunidade como parte integrante da vida pública do país, o que poderá significar uma maior participação no processo político.

“Temos muitos outros problemas. Temos um Governo interino, estamos à espera de novas eleições em Janeiro, esperemos que em Janeiro elejamos um novo governo, e já estamos a formar as consciências de que somos cristãos neste país, que quando se fala em minoria não se trata de imigrantes. Pertencemos a este país, estamos ao mesmo nível que os Muçulmanos e queremos uma maior participação no processo político. Por isso, temos as nossas lutas e precisamos das vossas orações”, diz o Arcebispo emérito de Karachi.

MEMÓRIAS DE PORTUGAL

Na entrevista com a Fundação AIS – uma parceria com a Agência Ecclesia – o prelado fez questão de recordar a visita a Portugal, em 2015, a convite da Fundação AIS. Uma visita em que falou da situação de perseguição religiosa que os Cristãos enfrentam no seu país, tendo participado em diversos eventos, nomeadamente a Ronda da Lapinha, em Guimarães, uma das mais antigas manifestações de fé popular no nosso país. 

“Lembro-me de quando vim a Portugal há alguns anos. As pessoas são tão boas e a Fundação AIS tem-nos ajudado de várias formas, por isso precisamos também das vossas orações. Por favor, lembrem-se de nós nas vossas orações e nós rezaremos por vós. Deus vos abençoe”, disse, a finalizar, o Cardeal Joseph Coutts.

Paulo Aido | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt

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A vida continua a ser difícil para as minorias no Paquistão. Dada a grave crise económica e a instabilidade política do país, não se prevêem melhorias no futuro imediato. Além disso, a subida ao poder dos talibãs no vizinho Afeganistão poderá contribuir para o crescimento do fundamentalismo islâmico.

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