MALI: Padre Hans-Joachim Lohre libertado ao fim de 371 dias de cativeiro após ter sido raptado em Bamako

Conhecido como o padre “Ha-Jo”, o sacerdote alemão, membro da Sociedade dos Missionários de África, foi libertado este domingo, após ter sido sequestrado a 20 de Novembro do ano passado perto da escola onde trabalhava, em Bamako, a capital do Mali. Esteve 371 dias em cativeiro. O trabalho do Padre Hans Joachim Lohre, muito focado nas questões do diálogo inter-religioso, era apoiado pela Fundação AIS.

“O Padre Hans-Joachim Lohre, sequestrado em 20 de Novembro de 2022, foi libertado neste domingo [26 de Novembro]. Ele está no avião com destino ao seu país.” Foi assim, em apenas um parágrafo, que se soube da libertação do padre alemão, raptado há um ano em Bamako, a capital do Mali.

A notícia foi confirmada por, pelo menos, um responsável da arquidiocese e por um funcionário do governo interino do Mali. Não foram fornecidos quaisquer detalhes nem sobre o estado de saúde do sacerdote nem sobre as condições da sua libertação, nem sequer sobre o tempo, os 371 dias em que permaneceu em cativeiro após ter sido raptado perto da escola onde trabalhava em Bamako, quando se preparava para ir celebrar uma missa.

O seu automóvel, recorde-se, foi encontrado abandonado e a cruz que ele trazia sempre consigo estava no chão. O “Journal Missions”, semanário da Igreja católica do Mali, publicou a notícia da libertação do padre alemão dizendo que se tratava de “uma grande vitória contra a adversidade e uma fonte de uma imensa alegria para os seus amigos e todos os que acompanharam a sua história”.

Segundo a agência Fides, que refere fontes diplomáticas e de segurança, o sacerdote alemão, de 66 anos de idade, terá sido raptado por elementos do Grupo de Apoio ao Islão e aos Muçulmanos, ligado à Al Qaeda.

PARCEIRO DA FUNDAÇÃO AIS

Desde que foi conhecido o seu sequestro, há um ano, que a situação deste sacerdote foi acompanhada sempre com preocupação pela Fundação AIS. Aliás, mal se soube da notícia do seu desaparecimento, o então presidente executivo internacional da Ajuda à Igreja que Sofre apelou de imediato às orações de todos pela libertação do padre Joachim, conhecido também como Ha-Jo.

“Pedimos orações a todos os nossos benfeitores e amigos para a libertação imediata do Padre Ha-Jo. Ele é um construtor de paz no meio da violência e do terrorismo. A nossa Fundação tem apoiado a sua missão nos últimos anos e agora ele precisa das nossas orações e solidariedade”, afirmou em Novembro do ano passado Thomas Heine-Geldern, sobre este sacerdote da Sociedade dos Missionários de África.

DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO

O Padre Hans-Joachim Lohre, desenvolvia há cerca de três décadas um importante trabalho ao nível do diálogo inter-religioso, leccionando no Instituto de Educação Cristã-Islâmica.

O sequestro deste missionário foi visto como mais um sinal da deterioração das condições de vida da comunidade cristã neste país africano, fruto da actuação violenta de diversos grupos jihadistas que operam com relativa impunidade na região do Sahel, uma vasta zona que inclui países como o Mali, Níger ou Burquina Faso, por exemplo.

O sacerdote alemão estava bem ciente, no entanto, dos riscos que corria. Numa mensagem gravada durante uma visita à sede internacional da Fundação AIS, o Padre Hans-Joachim Lohre falava do seu trabalho e da importância de se cultivar o diálogo entre religiões, mesmo que num ambiente relativamente hostil como acontecia já desde há vários anos no Mali.

Além do padre alemão, haverá ainda pelo menos um outro sacerdote sequestrado e que estará nas mãos de grupos jihadistas nesta região. Trata-se do Padre Joël Yougbaré, raptado no Burkina Faso a 17 de Março de 2019. Nos últimos anos foram também raptados e continuarão em cativeiro cidadãos de vários países, nomeadamente sul-africanos e um casal italiano com o seu filho.

Paulo Aido | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt

Relatório da Liberdade Religiosa

O Mali está envolvido numa teia de violência entre os combatentes do Governo de transição, mercenários incluindo o grupo Wagner, e a investida de ataques dos jihadistas. Resta saber se o país regressará a uma “democracia pluralista” no final do período de transição de dois anos em 2024, como originalmente previsto na sua Constituição. Globalmente, a situação actual representa um futuro sombrio para todos os direitos humanos, incluindo a liberdade religiosa.

MALI

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