Neste Verão, e tal como em anos anteriores, a Fundação AIS vai apoiar a realização de diversos campos de férias para jovens cristãos que vivem no Médio Oriente. No total, calcula-se que serão mais de 5 mil crianças e adolescentes a participar nestas iniciativas que têm como objectivo também a formação da identidade cristã.
São, no total, cerca de 5.500 crianças, jovens e monitores cristãos. Todos vão participar neste Verão em diversos campos de férias no Iraque, Síria e Líbano e cuja realização é apoiada pela Fundação AIS.
Trata-se de uma iniciativa que se realiza desde há vários anos e que tem como objectivo proporcionar, além de umas férias inesquecíveis, a criação de um ambiente ideal para a transmissão da fé e dos valores cristãos. Para a grande maioria das famílias, dada a situação extremamente difícil e por vezes mesmo delicada que se vive em cada um destes países – com especial destaque para a Síria e Líbano – é praticamente impossível oferecer aos seus filhos a participação neste tipo de acampamentos de Verão.
Por isso, a Fundação AIS, em parceria com as igrejas locais, tem vindo, de ano para ano, a suportar os custos relacionados com o transporte, alojamento e alimentação das crianças, jovens e monitores, garantindo assim as condições para que possam todos participar nestes campos de férias independentemente da condição financeira das famílias.
Paralelamente, a Fundação AIS procura, com estas iniciativas, quer também reforça o seu compromisso para que a comunidade cristã, que é minoritária nestes países, sinta que tem condições para continuar nesta região.
DRAMA DA EMIGRAÇÃO
De facto, a questão da emigração é dramática, assistindo-se ao esvaziamento progressivo da comunidade cristã face às condições de vida por vezes insuportáveis que se verificam nestas terras bíblicas. A Síria é disso exemplo.
Ainda este ano, a propósito do primeiro aniversário do brutal terramoto que atingiu em Fevereiro a região norte deste país, a irmã Maria Lúcia Ferreira, a religiosa portuguesa que é mais conhecida como irmã Myri, descrevia um ambiente dramático, com o agravamento do custo de vida para níveis quase insuportáveis para as famílias. “Há pessoas que só comem uma vez por dia”, relatava a religiosa que vive no Mosteiro de São Tiago Mutilado, na vila de Qara, perto da fronteira com o Líbano.
Vendo os preços altíssimos, nomeadamente da comida, de tudo, mesmo do pão, não admira nada que haja pessoas que só comem uma vez por dia. As pessoas guardam o que têm só para comer, nem roupa podem comprar… Sim, pode-se dizer que estão a deixar o povo morrer à fome… É verdade.”
Irmã Myri
Face a esta realidade, as pessoas, relatava a irmã à Fundação AIS, “procuram um lugar onde ao menos saibam que possam ter uma vida um bocadinho melhor e, se não o conseguirem, [pelo menos] inscrevem-se junto desses governos e sempre terão alguma ajuda que, aqui, já não há”.
A religiosa portuguesa, que pertence à Congregação das Monjas de Unidade de Antioquia, comparava também a Síria neste ano de 2024 com o país que existia antes de a guerra ter começado, há cerca de uma dúzia de anos, para dizer que tudo está muito pior. “Antes da guerra, a Síria era um lugar fácil para se viver. Havia poucos pobres, agora tudo é dificílimo, tudo é muito difícil.” Uma realidade que o sismo, de Fevereiro do ano passado, e que atingiu fortemente a região norte da Síria, veio ainda acentuar…
FÉRIAS COM DEUS
Os campos de férias que a Fundação AIS apoia neste Verão estão a mobilizar a Igreja local e vão ser, seguramente, inesquecíveis. Um dos responsáveis do movimento dos escuteiros na cidade de Jaranmana, na Síria, diz mesmo que se trata de uma iniciativa significativa para o futuro da comunidade cristã.
Estes encontros são um estímulo fundamental contra a emigração dos jovens. Com estes campos de férias, queremos dar às nossas crianças a esperança de continuarem a lutar na vida. Se não mudarmos a mentalidade desta geração, teremos definitivamente uma geração vazia de ideais e sonhos. Isto levá-los-á a abandonar o país no futuro.”
Responsável dos Escuteiros de Jaranmana
Este ano, a Fundação AIS prevê apoiar a realização de campos de férias para 1.850 crianças cristãs vítimas da guerra na Síria; para 1.500 crianças, jovens e adultos da minoria cristã que sobrevivem em Saïda, no sul do Líbano, país que vai acolher também outras 1.800 crianças e jovens em Tiro, assim como cerca de 80 monitores.
Por fim, haverá ainda campos de férias e actividades pastorais de Verão dirigidos a cerca de meia centena de órfãos libaneses e 200 crianças do Líbano ou refugiados do Iraque e da Síria. Todos estes projectos só são possíveis graças à generosidade dos benfeitores e amigos da Fundação AIS em Portugal e espalhados pelo mundo.
Paulo Aido | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt