Cerca de uma centena de pessoas aderiram à Caminhada Solidária, promovida no sábado, dia 14 de Junho, pelo Patriarcado de Lisboa e que envolveu a Fundação AIS, em favor da paróquia da Sagrada Família de Gaza, tendo-se angariado 2.700 euros. No final, e em jeito de balanço, o padre Albino dos Anjos, responsável pela iniciativa, falou na importância destes “pequenos gestos de luz e de esperança” para com esta comunidade que tem vivido tempos de grande sofrimento.
Foram muitas as pessoas, cerca de uma centena, que aceitaram fazer uma caminhada solidária logo pela manhã do passado sábado, dia 14 de Junho, para a angariação de fundos para a Paróquia da Sagrada Família, em Gaza. A iniciativa foi promovida pelo Serviço de Animação Missionária do Patriarcado de Lisboa, dirigido pelo Padre Albino dos Anjos, missionário da Boa Nova. Porém, mais importante do que o valor alcançado, 2.700 euros, foi o gesto de solidariedade, de partilha, que mobilizou tanta gente para esta caminhada de aproximadamente 3 quilómetros entre a Capela do Hospital da Estefânia, passando pela Capela de Nossa Senhora do Resgate e Senhor do Perdidos, e pela Capela Nossa Senhora da Saúde, até à Sé Catedral de Lisboa.
À chegada, junto à Pia Baptismal da Sé, e cumprida a missão, o Padre Albino falou “do simbolismo enorme” de se estar ali, no lugar que representa o nascimento de todos os cristãos “como filhos de Deus”. O missionário explicou “o sentido solidário” daquela caminhada em favor da comunidade cristã de Gaza, onde se encontra o padre argentino Gabriel Romanelli. Um sacerdote que, disse ainda o Padre Albino, “tem feito um trabalho incrível com os poucos recursos que tem ao seu dispor”. O valor angariado nesta iniciativa do Patriarcado de Lisboa foi entregue à Fundação AIS, “que depois vai canalizá-lo para lá”, acrescentou o responsável missionário do Patriarcado de Lisboa.
“Para nós é importante esta iniciativa, porque abre a nossa diocese, o Patriarcado de Lisboa, neste ano jubilar da esperança, a ter estes pequenos gestos de luz, de esperança, partilhando essa esperança com quem menos tem. Por isso, nós agradecemos a todos e, de maneira especial, à Fundação Ajuda Igreja que Sofre, esta parceria com a nossa missão”
Padre Albino dos Anjos.
NÃO FICAR INDIFERENTE AO SOFRIMENTO
Para a Fundação AIS, como sinalizou já a directora do secretariado português, esta caminhada foi muito significativa não só pelo gesto em si como pela necessidade de se mobilizar a sociedade portuguesa para os dramas humanitários que estão a acontecer nos dias de hoje. “Não podemos ficar indiferentes ao sofrimento de tantas pessoas”, disse Catarina Martins de Bettencourt.
Tudo o que fizermos para minimizar esse sofrimento é importante e sensibiliza-nos por isso profundamente que esta iniciativa do Serviço de Animação Missionária do Patriarcado de Lisboa tenha incluído a Fundação AIS, para que o valor angariado através dos participantes seja entregue por nós aos responsáveis da paróquia da Sagrada Família, em Gaza. Estamos ao serviço da Igreja em todos os lugares do mundo em que os cristãos sofrem, são perseguidos ou precisam de ajuda para a sobrevivência no dia-a-dia. Para nós, AIS, é importante que estas parcerias não só aconteçam, mas possam até vir a crescer no futuro”
Catarina Martins de Bettencourt
“SITUAÇÃO MUITO MÁ” NA PARÓQUIA
Esta Caminhada Solidária ocorre numa altura particularmente sensível para a vida de todos os que estão na Faixa de Gaza e concretamente para a pequena comunidade cristã que continua como que “encurralada” nas instalações da paróquia da Sagrada Família.
Ainda recentemente, numa mensagem enviada para Portugal, para o Jubileu dos Cristãos Perseguidos, que a AIS organizou em Arouca, o Padre Gabriel Romanelli – a quem agora se vai entregar o valor angariado em Lisboa, descrevia “a situação muito má” em que se encontra toda a comunidade. “Dentro do recinto paroquial, estamos a fazer o melhor possível, embora se ouçam muitos bombardeamentos e, por vezes, os estilhaços atinjam o nosso recinto”, disse, salientando que o facto de não estar a ser possível fazer entrar no enclave a ajuda humanitária necessária para as necessidades da população, já o obrigou a fazer racionamentos.
“Durante três meses, não recebemos qualquer ajuda. Por isso, por agora, estamos a racionar tudo o que temos e só depois desse racionamento é que poderemos distribuir [ajuda] aos refugiados do complexo e às pessoas de fora”
Pe. Gabriel Romanelli
Actualmente vivem na paróquia da Sagrada família cerca de 500 pessoas, homens, mulheres e crianças, incluindo um grupo de pessoas com deficiência que são assistidas pelas Missionárias da Caridade. Gaza, recorde-se, está sob cerco aproximadamente desde que ocorreram os ataques terroristas em 7 de Outubro de 2023, levados a cabo pelo Hamas e por outros grupos jihadistas que operam a partir do território. Israel respondeu com uma operação militar que incluiu bombardeamentos e invasão terrestre, que se prolonga até hoje e que causou já dezenas de milhares de mortos.
Paulo Aido
Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt