D. Manuel Linda associa-se “de coração” ao Jubileu dos Cristãos Perseguidos, que a Fundação AIS vai organizar este fim-de-semana, na vila de Arouca. O Bispo do Porto destaca que esta é a primeira vez que se organiza em Portugal um evento desta natureza. O Padre Gabriel Romanelli, que está na Paróquia da Sagrada Família, em Gaza, e o Padre Simon Ayougu, da Nigéria, vão testemunhar o que significa viver a fé em ambiente de perseguição e de guerra.
No próximo fim-de-semana, dias 29 e 30 de Março, na vila de Arouca, a Fundação AIS vai organizar pela primeira vez em Portugal o Jubileu dos Cristãos Perseguidos.
A iniciativa, que vai também assinalar os 30 anos da presença no nosso país da fundação pontifícia, terá como pontos altos os testemunhos de dois sacerdotes, os Padres Gabiel Romanelli e Simon Ayogu, oriundos de duas zonas do mundo onde a vida dos cristãos é particularmente difícil: a Faixa de Gaza, na Terra Santa, e a Nigéria, em África.
Não podendo estar presente por absoluta incompatibilidade de agenda, o Bispo do Porto quis, no entanto, associar-se “plenamente e de coração” a este evento, enviando uma mensagem para a Fundação AIS. Nessa mensagem, o responsável pela Diocese do Porto, que abrange geograficamente o distrito de Aveiro, de que Arouca faz parte, faz questão de sublinhar que o cristianismo é a religião mais perseguida no mundo e que isso implica sacrifício e coragem para os fiéis que vivem nos países onde não há liberdade de culto.
Hoje, o cristianismo é a organização mundial – chamemos assim – mais perseguida em qualquer parte do Planeta Terra. Há tanta gente que não entende esta religião do amor, e, portanto, muitos cristãos têm de viver escondidamente. Não só não podem passar a Porta Santa como até têm de esconder exteriormente aquilo que é a sua convicção profunda.”
D. Manuel Linda
No entanto, o prelado lembra que os Cristãos perseguidos “também passam tantas vezes de outra forma a porta da eternidade, porque o seu martírio os projecta directamente para a grande habitação de Deus”. Lembrar o sacrifício na fé destes cristãos é algo que, diz o Bispo do Porto, devemos ter presente de forma activa.
“Nós lembramo-nos, solidarizamo-nos com eles, rezamos por eles e colhemos também o seu exemplo de fortaleza. Então, que este Jubileu dos Cristãos Perseguidos seja uma forma também de nos dar ânimo a nós, os que vivemos em liberdade, para que como eles possamos testemunhar Cristo em qualquer circunstância da vida”, diz D. Manuel Linda, concluindo: “este é o verdadeiro Jubileu”.
CONFERÊNCIA, RELATÓRIO, EXPOSIÇÃO…
O Jubileu dos Cristãos Perseguidos, que a AIS organiza em Arouca, contará com a apresentação, por Catarina Martins de Bettencourt, directora do secretariado nacional da fundação pontifícia, do relatório “Perseguidos e esquecidos?”, um estudo sobre a perseguição aos Cristãos entre os anos de 2022 e 2024.
Nas conclusões desse estudo, ganha relevo a situação particularmente difícil que a comunidade cristã enfrenta em África e também no Médio Oriente, pelo que os testemunhos dos Padres Gabriel Romanelli e Simon Ayogu são aguardados com particular interesse.
Romanelli, recorde-se, é o actual pároco da Paróquia da Sagrada Família, em Gaza, e ganhou projecção internacional recentemente por causa dos telefonemas frequentes do Santo Padre, sempre preocupado com a situação dos cristãos nesta zona tão problemática da Terra Santa.
Por seu lado, o Padre Ayogu, que vive em Portugal há vários anos, tem sido uma voz constante na denúncia da situação dos Cristãos perseguidos na sua terra, nomeadamente lembrando constantemente e com a Fundação AIS, a história dramática de Leah Sharibu, uma jovem que foi raptada a 19 de Fevereiro de 2018 por terroristas islâmicos quando tinha apenas 14 anos de idade e que continua em cativeiro por não ter renunciado à sua fé.
O Jubileu dos Cristãos Perseguidos, em Arouca, contará ainda com uma conferência pelo Padre José Pedro Novais, sobre o que é um ano jubilar e os seus objectivos, e terá uma exposição, nos Claustros do Mosteiro, com objectos religiosos profanados pelo Daesh no Iraque e na Síria, exposição que esteve patente ao público na Basílica dos Mártires, em Lisboa, durante a Jornada Mundial da Juventude.
A iniciativa da Fundação AIS contará ainda com a celebração da Eucaristia, que terá transmissão em directo pela RTP1, no Domingo, dia 30, na Igreja do Mosteiro, pelas 10h30, e haverá um almoço com a evocação dos trinta anos da presença em Portugal da Ajuda à Igreja que Sofre e que reunirá benfeitores e amigos da instituição em Portugal.
O Jubileu dos Cristãos Perseguidos terminará com um Concerto Jubilar, na tarde de Domingo, pelo Grupo Coral de Urrô e Grupo de Metais da Academia de Música de Arouca.
Paulo Aido | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt