PAQUISTÃO: Túmulo de Akash Bashir é cada vez mais local de peregrinação e símbolo de unidade para os cristãos

No início da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que terminou no passado sábado, dia 25, um grupo de cristãos de diferentes confissões fez uma peregrinação ao túmulo de Akash Bashir em Lahore, no Paquistão. O jovem católico, que deu a vida para evitar um massacre numa igreja em 2015, é cada vez mais um símbolo de fé neste país onde as minorias religiosas continuam a ser perseguidas…

No início da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos – que terminou este sábado, dia 25 –, um grupo de cristãos de diferentes confissões foi em peregrinação ao túmulo de Akash Bashir, em Lahore, no Paquistão. Tratou-se de uma oração ecuménica em que a vida dos cristãos paquistaneses foi confiada à intercessão deste jovem que muitos chamam de “mártir”.

Entre os participantes, explica a agência Fides, estavam o Padre Lazar Aslam e o pastor protestante Samuel Ashan Khokhar. A participação Khokhar emprestou um significado especial a esta peregrinação, pois ele encontrava-se muito perto da zona onde ocorreu o ataque bombista de 15 de Março de 2015 que só não se transformou numa enorme carnificina devido à coragem e altruísmo de Akash Bashir.

Na altura, o pastor protestante auxiliou na assistência aos feridos e a retirar do local o próprio corpo do jovem católico. “Lembro-me de ter escrito o nome de Akash Bashir num dos sacos para cadáveres”, recordou à agência Fides. “Foi um momento chocante ver o rosto do jovem. Embora sem vida, fiquei impressionado com a serenidade e o sorriso que emanava do seu rosto. Ele irradiava uma presença luminosa e sagrada, que lembrava os primeiros mártires cristãos”, acrescentou.

“O legado de Akash Bashir é um poderoso símbolo de unidade e comunhão inter-religiosa. A sua figura atrai pessoas de diversas confissões, inclusive não de cristãos que visitam e rezam junto ao seu túmulo”, explicou, por sua vez, o padre Lazar Aslam. “Através do seu sacrifício, Akash Bashir continua a inspirar os fiéis paquistaneses a serem solidários, a protegerem a sua fé e a viverem os valores do amor, da paz e do diálogo com cada pessoa”, acrescentou.

O ATAQUE E A CAUSA DA BEATIFICAÇÃO

Tudo aconteceu no dia 15 de Março de 2015, um Domingo. Para muitos, aquele seria um dia especial por causa de um jogo de críquete entre o Paquistão e a Irlanda. Para outros, era apenas um Domingo. O jogo e a Missa decorriam sensivelmente à mesma hora.

No Paquistão, por causa da ameaça de atentados terroristas, as igrejas já se tinham transformado de alguma forma em ‘bunkers’, com os edifícios rodeados de muros, com câmaras de vigilância e até, às vezes, arame farpado. Não é de todo invulgar ver guardas armados à porta dos templos neste país asiático. Em algumas paróquias, especialmente as que se situam nos bairros mais populosos das grandes cidades, onde o risco de ataques é maior, grupos de voluntários procuram também auxiliar nessa ingrata tarefa de impedir que as igrejas se transformem em campo de batalha dos radicais muçulmanos que olham para os Cristãos como um dos seus alvos principais. 

Naquele Domingo, Akash Bashir, um jovem de apenas 20 anos de idade, estava à porta da Igreja de São João, em Youhanabad, quando tudo aconteceu num espaço de poucos minutos. A Missa tinha começado. O templo estava cheio de fiéis. O terrorista tentou entrar disfarçando um cinto com explosivos debaixo das suas largas roupas escuras. Por acaso, Akash reparou nisso e impediu-o de atravessar a porta. Foi então que ele se fez detonar. Morreram os dois.

Para a comunidade cristã do Paquistão, Akash é, desde então, um herói, mas também um mártir, um santo. Desde o dia do atentado, a fama do jovem católico nunca mais parou de crescer e a 15 de Março de 2024, em Lahore, procedeu-se ao encerramento do Processo Diocesano sobre a causa de beatificação e canonização. Esta é a primeira Causa de Beatificação do Paquistão.

A história de Akash Bashir foi recordada também em Outubro do ano passado, no Porto, na primeira edição em Portugal da Noite das Testemunhas, uma iniciativa da Fundação AIS. No evento, que decorreu na Igreja dos Redentoristas, e que contou com a presença do Arcebispo de Erbil, D. Bashar Warda, Bashir foi lembrado a par de outros mártires cristãos como Sara Yohanna, uma jovem nigeriana que ficou desfigurada num atentado à bomba à igreja da sua aldeia, e ainda a Irmã Maria de Coppi, de 83 anos de idade e que foi assassinada a tiro em Moçambique, em Setembro de 2022, num dos muitos ataques terroristas neste país de língua portuguesa.

Paulo Aido | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt

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