PAQUISTÃO: Comissão de Justiça e Paz alerta governo para o drama das conversões forçadas de raparigas cristãs

PAQUISTÃO: Comissão de Justiça e Paz alerta governo para o drama das conversões forçadas de raparigas cristãs

A Comissão Nacional de Justiça e Paz do Paquistão pediu ao governo, juntamente com mais cerca de três dezenas de organizações da sociedade civil, para olhar com atenção para o drama das conversões forçadas de jovens raparigas e mulheres.

PAQUISTÃO: Conversões forçadas de raparigas cristãsO número de casos tem vindo a crescer de forma alarmante. Num relatório apresentado ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, o Centro para a Justiça Social, com sede em Lahore, reportou, em Julho, 78 casos de conversões forçadas durante o ano de 2021. No entanto, calcula-se que deve haver um número substancialmente maior, pois muitos casos nunca são tornados públicos dado o constrangimento social que provocam.

Asif Aqeel, director adjunto de uma outra entidade, o Centro para a Lei e Justiça, disse, em declarações à Fundação AIS, que a questão das conversões forçadas de raparigas cristãs só terá uma maior visibilidade na justiça paquistanesa se for colocada na perspectiva mais ampla do rapto e casamento forçado de menores.

A comunidade cristã, uma das mais atingidas por este flagelo, tem procurado criar condições para ajudar as raparigas que conseguem escapar aos seus raptores, assim como as suas famílias, que precisam muitas vezes também de apoio ao nível jurídico para a anulação dos matrimónios não consentidos.

Em Lahore existe uma casa de apoio, a Christian’s True Spirit. Trata-se de um edifício de dois andares situado numa zona comercial movimentada da cidade e que alberga actualmente oito mulheres, entre os 13 e os 60 anos de idade. Todas elas foram vítimas de sequestro e abuso e foram resgatadas aos seus captores.

Desde 2021, a psicóloga Aghania Rafaqat tem oferecido sessões bissemanais aos residentes do abrigo. A Kamran Chaudhry, da Fundação AIS, ela explica que as suas pacientes “reagem de forma diferente”, mas não é incomum, por exemplo, tornarem-se agressivas ou “terem crise de choro” com frequência. Normalmente, diz a psicóloga, “elas estão muito tristes e profundamente ansiosas”.

Às vítimas de sequestro e de abuso não basta escaparem aos seus raptores e agressores. Depois disso, têm ainda um longo caminho a percorrer. O trauma por que passaram não se apaga facilmente. Por isso, explica Rafaqat, “a única coisa que posso fazer como psicóloga é ajudá-las a seguir em frente com as suas vidas”. Uma estratégia que passa também por uma forte dimensão espiritual. “Rezar com elas também ajuda”, diz ainda.

Na casa de apoio do Christian’s True Spirit, como na maior parte das estruturas similares que existem no Paquistão, as raparigas ali abrigadas após terem sido resgatadas aos sequestradores não regressam logo para as suas famílias, até por questões de segurança. Muitas vezes, elas continuam a ser ameaçadas. Além disso, o abrigo é também um lugar de acolhimento para quem procura fugir ao estigma social que esta questão sempre envolve e é também um espaço de aprendizagem para ofícios de cozinha, costura ou de estética, por exemplo, que poderão ajudar estas mulheres cristãs a uma reinserção social mais favorável.

A questão das conversões forçadas no Paquistão traduz um dos dramas mais graves por que passam as minorias religiosas, nomeadamente os hindus e os cristãos. A pobreza, a falta de instrução e o baixo estatuto social tornam estas raparigas menores de idade mais vulneráveis. E tudo isto acontece num ambiente de grande opacidade.

A própria lei, datada de 1929, e que impõe uma idade mínima para o casamento – raparigas, 16 anos, e rapazes, 18 anos – é muitas vezes ignorada pelas autoridades face a situações concretas de sequestro. Mas há um outro problema. É que não há restrições de idade para a conversão ao Islão, e os certificados emitido por escolas religiosas ou clérigos são imediatamente apresentados como prova suficiente para a validação de uma conversão.

PA | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt

Relatório da Liberdade Religiosa

A vida continua a ser difícil para as minorias no Paquistão. Dada a grave crise económica e a instabilidade política do país, não se prevêem melhorias no futuro imediato. Além disso, a subida ao poder dos talibãs no vizinho Afeganistão poderá contribuir para o crescimento do fundamentalismo islâmico.

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