NIGÉRIA: Continua sem parar a violência contra a Igreja, com o sequestro de mais dois sacerdotes no passado fim-de-semana

Dois padres foram raptados no passado fim-de-semana na Nigéria – um deles foi libertado entretanto, graças a uma operação das forças de segurança – o que significa que este país de África é já responsável por mais de 80% de todos os casos de violência extrema neste ano de 2025 contra sacerdotes e religiosos no mundo, agravando uma situação já de si alarmante de insegurança para a Igreja. Uma realidade que vem destacar a importância do testemunho do Padre Simon Ayogu no Jubileu dos Cristãos Perseguidos, que a Fundação AIS organizada no próximo sábado e domingo em Arouca.

Mais de 80% de todos os casos de assassinato, sequestro ou prisão injusta de padres e religiosos católicos em 2025 ocorreram na Nigéria. Esta é uma realidade alarmante que se tem vindo a agravar quase de dia para dia. Sinal disso, no passado fim-de-semana ocorreram mais dois casos de rapto de sacerdotes.

O Padre Stephen Echezona foi sequestrado no sábado, dia 23, na Diocese de Akwa, estado de Anambra, enquanto parava em um posto de combustível para abastecer. Apenas 24 horas depois, a Diocese de Owerri anunciava também o sequestro do Padre John Ubaechu, capturado enquanto conduzia o seu automóvel por uma estrada no estado de Imo.

Estes dois casos tiveram, até ao momento, desfechos diferentes, pois o Padre Stephen acabaria por ser libertado horas depois na sequência de uma operação conjunta de agentes da polícia, exército e grupos de vigilância. De acordo com um comunicado emitido pela polícia local, e citado pela agência Fides, o padre foi resgatado em segurança na madrugada de 23 de Março em Ihiala. Os sequestradores foram forçados a abandonar o veículo, após tiroteio com as forças de segurança. O padre foi resgatado ileso.

Com estes dois sequestros, aumentou para 12 o número de casos de religiosos sequestrados na Nigéria desde o início do corrente ano, sendo que dois deles, o Padre Sylvester Okechukwu e o seminarista Andrew Peter, acabariam assassinados pelos seus raptores, como a Fundação AIS já noticiou.

No ano passado, houve na Nigéria três sequestros, sem vítimas fatais, enquanto em 2023 houve dois sequestros e um assassinato. Por sua vez, em 2022, registaram-se 7 sequestros e um assassinato. Estes dados revelam que, de facto, o primeiro trimestre de 2025 é o mais violento desde que a Fundação AIS começou a monitorizar os casos de perseguição religiosa no mundo.

SEQUESTROS MOTIVADOS POR DINHEIRO E INTOLERÂNCIA

Ao todo, neste ano de 2025, a Fundação AIS Internacional registou já 15 novos casos de perseguição religiosa, sendo que 12 ocorreram na Nigéria. Além disso, três padres sequestrados em anos anteriores continuam desaparecidos, sem qualquer notícia de libertação ou confirmação de morte.

A insegurança no país tem origens diversas, variando conforme a região. Embora alguns ataques sejam motivados por intolerância religiosa, muitos sequestros têm como objectivo extorquir dinheiro de resgates. Os criminosos consideram o clero como um alvo fácil, independentemente de motivações religiosas.

Um exemplo disso ocorreu recentemente em Yola, onde foi revelado que membros da própria comunidade cristã participaram do sequestro de dois padres. A situação tem-se agravado especialmente na região nigeriana do Cinturão Médio, onde conflitos entre comunidades religiosas e disputas por terra também têm feito aumentar a violência.

Os assassinatos recentes do Padre Sylvester Okechukwu e do seminarista Andrew Peter, assim como toda a violência contra elementos da Igreja e da comunidade cristã, deram origem já a manifestações de protesto na Diocese de Auchi. As manifestações, que começaram ontem, dia 25, e devem prolongar-se até 27 de Março, incluem um dia de luto e uma marcha pacífica com recitação do Rosário, e destinam-se não só a homenagear todas as vítimas como para pedir medidas de segurança ao governo.

JUBILEU DOS CRISTÃOS PERSEGUIDOS EM AROUCA

Os bispos da Nigéria têm pressionado as autoridades para melhorar a segurança da população, mas ao mesmo tempo pedem aos fiéis que não tentem fazer justiça por conta própria. A Fundação AIS reforça esse apelo e reafirma o seu compromisso de apoiar a Igreja na Nigéria diante do agravamento desta violência. A fundação pontifícia pede também que os seus amigos e benfeitores continuem a rezar pelo país e pelas vítimas desta verdadeira crise humanitária.

Esta situação de violência contra elementos da Igreja neste país de África vem destacar a importância do testemunho do Padre Simon Ayogu no Jubileu dos Cristãos Perseguidos, que a Fundação AIS organizada no próximo sábado e domingo em Arouca. Este sacerdote está em Portugal há vários anos e é actualmente pároco em Nogueira e Lomar, na Arquidiocese de Braga.

Numa breve mensagem, em que chama a atenção para a importância do evento organizado pela Fundação AIS, o padre Simon lembra que “alguns irmãos nossos às vezes são esquecidos, são os irmãos perseguidos, são os cristãos perseguidos”. E acrescenta que se isso acontece em qualquer canto do mundo, é especialmente em África que a violência contra a Igreja tem vindo a ganhar mais intensidade. Por isso, diz ainda o sacerdote, “nestes dias 29 e 30 de Março, em Arouca, a Ajuda à Igreja que Sofre convida-nos a sermos presentes para vivenciarmos um momento de peregrinação e de jubileu com os nossos irmãos esquecidos e perseguidos”.

O Padre Simon Ayogu tem sido uma voz constante na denúncia da situação dos cristãos perseguidos na sua terra, nomeadamente lembrando a história dramática de Leah Sharibu, uma jovem cristã que foi raptada a 19 de Fevereiro de 2018 por terroristas islâmicos quando tinha apenas 14 anos de idade e que continua em cativeiro por não ter renunciado à sua fé.

Além do Padre Simon Ayogu, que vem testemunhar de viva-voz a situação de perseguição contra a Igreja na Nigéria, o evento vai contar ainda com a participação do Padre Gabriel Romanelli, pároco da paróquia da Sagrada Família em Gaza, que ganhou projecção internacional recentemente por causa dos telefonemas frequentes do Santo Padre, sempre preocupado com a situação dos cristãos nesta zona tão problemática da Terra Santa.

Paulo Aido, com Filipe D’Avillez e Maria Lozano

Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt

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