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NICARÁGUA: Clima de tensão com bispo em greve de fome e governo a encerrar TV da Conferência Episcopal
O canal de televisão da Conferência Episcopal da Nicarágua foi encerrado na sexta-feira, dia 20 de Maio, por ordem do Governo de Daniel Ortega. No dia anterior, D. Rolando Álvarez, Bispo de Matagalpa e administrador apostólico de Esteli, começou uma greve de fome por tempo indeterminado em protesto contra o assédio policial. Estes são os mais recentes episódios de tensão entre a Igreja e as autoridades nicaraguenses depois de o Núncio Apostólico ter sido expulso do país em Março.
A greve de fome iniciada no passado dia 20 por D. Álvarez, é a resposta do prelado à perseguição policial que, diz, está a ser sujeito. Num vídeo enviado à Fundação AIS, o bispo afirma que foi seguido pela polícia na quinta-feira, inclusivamente durante a noite quando foi jantar a casa de uma sobrinha. O facto de a perseguição das autoridades estar a afectar familiares foi a razão que levou o prelado a iniciar a greve de fome. “Vou jejuar até ao momento em que a polícia, através do presidente ou do vice-presidente da Conferência Episcopal, e só eles, me informarem que vão começar a respeitar a privacidade do meu círculo familiar”, diz D. Rolando Álvarez no vídeo.
Este não é o único episódio de que se queixa o prelado. Num outro vídeo também enviado para a Fundação AIS, o bispo – que é actualmente responsável pelo departamento de Comunicação da Conferência Episcopal da Nicarágua – acusa as autoridades de terem impedido o acesso dos fiéis à Igreja onde, no domingo passado, ia celebrar a missa. As conferências episcopais da Costa Rica e do Panamá já expressaram solidariedade ao povo e ao clero católico da Nicarágua.
Estes episódios evidenciam um clima de tensão entre as autoridades governamentais e a hierarquia da Igreja neste país latino-americano. Recorde-se que, em Julho de 2018, a Basílica de San Sebastián, na cidade de Diriamba, foi palco de agressões violentas por parte de um grupo de paramilitares a D. Leopoldo José Brenes, arcebispo de Manágua, assim como a D. Silvio José Báez, bispo auxiliar de Manágua, o núncio apostólico, D. Waldemar Somertag, e ainda alguns jornalistas. Ainda nesse ano, D. Silvio Báez, acabaria por deixar o país após ter recebido ameaças de morte.
Mais recentemente, em 2020, a Catedral de Manágua foi atacada por incendiários, no que foi visto como uma represália pelo papel que a Igreja tem desempenhado na promoção da paz no meio do clima de perseguição política e social no país. Este ataque foi condenado prontamente pela Fundação AIS.
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