D. Rolando Álvarez, bispo de Matagalpa cumpre este sábado, 8 de Outubro, 50 dias da detenção, numa altura em que, segundo o jornal La Prensa, publicado na Nicarágua, tem havido um “agravamento” do seu estado de saúde, nomeadamente ao nível cardíaco.
A prisão do prelado, ocorrida na madrugada de 19 de Agosto, foi um dos momentos mais marcantes, nos últimos tempos, da repressão das autoridades sobre a comunidade cristã nicaraguense, mas não o único.
Antes de o Bispo ter sido colocado em prisão domiciliária, o governo de Daniel Ortega expulsava o núncio apostólico, Waldemar Stanislaw Sommertag, forçava a saída do país das Missionárias da Caridade, a congregação fundada pela Santa Madre Teresa de Calcutá, assim como de outros religiosos e sacerdotes, e provocava também o encerramento do canal de televisão da Conferência Episcopal e de outras seis estações de rádio católicas.
O caso mais recente de atropelo à liberdade religiosa ocorreu no dia 19 de Setembro, com as autoridades a impedirem, “por razões de segurança pública”, a procissão a São Miguel Arcanjo, na cidade de Masaya.
Sinal de que esta situação é preocupante, dias antes de a procissão ser proibida, o Parlamento Europeu fazia aprovar, a 15 de Setembro, e por larguíssima maioria [538 votos a favor e apenas 16 contra], uma resolução exigindo “a libertação imediata” de D. Rolando e dos demais presos por perseguição religiosa. Também o Papa Francisco já manifestou a sua preocupação e dor perante a situação que a Nicarágua está a viver.
Além do Bispo de Matagalpa, há, actualmente, seis padres detidos no país. E em menos de quatro anos, a Igreja Católica já sofreu mais de 190 ataques e actos de profanação.
Como a Fundação AIS já denunciou publicamente, para além das acções repressivas contra membros do clero e a proibição, por exemplo, de procissões, há registo de outros incidentes como a interrupção de celebrações religiosas, a intimidação de fiéis por destacamentos policiais nas imediações das igrejas, e a ameaça a proprietários de meios de transporte se estes colaborarem no transporte de fiéis em actividades religiosas.
“A Nicarágua continua a ser agitada pela crise que se iniciou há mais de quatro anos”, explicava recentemente Regina Lynch, directora de projectos internacionais da AIS. “A situação neste país da América Central é crítica, com grande polarização e confrontos. Acreditamos que a oração é mais importante do que nunca neste momento”, dizia esta responsável da Fundação AIS que tem acompanhado com especial preocupação todos estes acontecimentos.
A Fundação AIS tem uma grande proximidade não só com a Igreja nicaraguense como também com o Bispo de Matagalpa, agora detido.
Prova disso, durante a sua última visita à sede internacional da AIS, em 2019, o Bispo Alvarez, fez questão de referir o trabalho conjunto que se vem realizando há vários anos com o apoio da fundação pontifícia e de agradecer a ajuda dos benfeitores da instituição espalhados pelos quatro cantos do mundo.
“Somos todos como a pobre viúva, tanto aqueles que têm muito em termos económicos como aqueles que têm muito pouco. O segredo é, como disse Santa Teresa de Calcutá, ‘dar até doer’. E, por isso, digo aos benfeitores da Fundação AIS, por favor, continuem sem medo, como têm vindo a fazer, a dar até doer, dando daquilo que precisam para viver, porque desta forma estão a dar vida aos outros”, disse o bispo durante a sua visita à sede internacional da AIS.
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