MOÇAMBIQUE: Mártires de Chapotera mais perto dos altares com conclusão da fase diocesana do processo de beatificação

MOÇAMBIQUE: Mártires de Chapotera mais perto dos altares com conclusão da fase diocesana do processo de beatificação

Chega ao fim, amanhã, dia 12 de Agosto, a fase diocesana de inquérito sobre a vida, o martírio e a fama dos mártires de Chapotera, dois sacerdotes jesuítas – o português Sílvio Alves Moreira, e o moçambicano João de Deus – assassinados em Outubro de 1985, em Moçambique.

A cerimónia de encerramento da fase diocesana do inquérito sobre a vida, o martírio e a fama dos Servos de Deus Padre João de Deus Kamtedza e Padre Sílvio Alves Moreira, está marcada para as 16 horas de amanhã, sábado, dia 12 de Agosto, no Santuário Diocesano de Zobuè, Diocese de Tete, Moçambique. A cerimónia será presidida por D. Diamantino Guapo Antunes, Bispo de Tete. Prevê-se que participarão na cerimónia centenas de peregrinos oriundos das 38 missões da Diocese de Tete.

Os Padres Sílvio Alves Moreira, português, natural de Rio Meão, Diocese do Porto, e João de Deus Kamtedza, moçambicano, ambos pertencentes à Companhia de Jesus, foram mortos por ódio à fé em 30 de Outubro de 1985 em Chapotera, Missão de Lifidzi, situada na Diocese de Tete, em Moçambique. Ambos estavam profundamente comprometidos no serviço às populações, mas também na denúncia das atrocidades que vinham sendo cometidas pelas autoridades durante a guerra civil, sendo por isso considerados como testemunhas incómodas.

D. Diamantino Antunes contextualizou este caso em entrevista à Fundação AIS em Novembro de 2021. Para o Bispo de Tete, não restam muitas dúvidas de que “a razão pela qual foram mortos tem a ver com a sua acção pastoral”, que esteve a ser avaliada na fase diocesana deste processo de beatificação, com a recolha de documentos e de testemunhos. Segundo o prelado, ambos os sacerdotes jesuítas “eram pastores muito empenhados na defesa dos direitos humanos, da população e do anúncio do Evangelho no contexto muito difícil da revolução moçambicana de cariz marxista-leninista, e também no contexto da guerra civil”.

Mortos durante a guerra civil

O facto de o país africano ter estado mergulhado numa guerra civil que opunha partidários do movimento Renamo e o exército, ajuda a qualificar o ataque aos dois missionários. “Eles foram de facto homens de paz, de justiça e através da sua acção, da sua palavra, denunciavam os males da guerra e por isso pagaram o preço da sua ousadia e da sua coragem. Foram mortos de modo violento por razões que têm a ver com o seu agir pastoral. Há razões de fé, há razões também de justiça e de defesa da noção da paz”, explica D. Diamantino Antunes.

Para que o processo de beatificação e de canonização tenha tido início foi também muito importante a fama de martírio que os dois missionários granjearam ao longo do tempo junto do povo Moçambicano. “De facto, após a sua morte, foi crescendo, ao longo dos anos, a convicção de que são mártires, mártires da fé, mártires da esperança, e mártires da paz, porque optaram por ficar junto do povo num momento bastante difícil, quando lhes tinha sido proposto sair, ir para um sítio mais seguro, mas eles responderam que o pastor, que o bom pastor não abandona as suas ovelhas no perigo”, disse ainda o Bispo de Tete à Fundação AIS.

O Processo de Beatificação e Canonização teve início a 20 de Novembro de 2021, no Santuário Diocesano de Nossa Senhora da Conceição de Zobuè, com o juramento dos membros da comissão de inquérito nomeada pelo bispo diocesano. Desde Janeiro de 2022 até Junho deste ano, esta comissão interrogou testemunhas que conheceram os Servos de Deus durante a sua vida e possuem informações sobre a forma como foram assassinados e a fama de martírio que, desde então, rodeia este acontecimento.

Terminada a recolha de todos os testemunhos, incluindo a documentação arquivística, foi preparado um dossier documentando a vida e o martírio dos dois sacerdotes, que será agora enviado, através da Nunciatura Apostólica em Moçambique, ao Dicastério das Causas dos Santos, em Roma.

PA | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt

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Embora os líderes cristãos e muçulmanos continuem a denunciar a violência e a promover o diálogo inter-religioso, num esforço de deslegitimação do jihadismo, tal será insuficiente se não forem abordadas as desigualdades sociais e económicas subjacentes que afectam os jovens, especialmente nas regiões mais pobres. As perspectivas para a liberdade religiosa continuam a ser desastrosas.

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