MOÇAMBIQUE: Homens armados agridem com violência três religiosos na Arquidiocese da Beira

Homens armados assaltaram na madrugada de domingo, dia 23, o Centro de formação de Nazaré, na Arquidiocese da Beira, agredindo com violência três missionários que se encontravam no local. Num comunicado enviado para a Fundação AIS, a Conferência dos Institutos Religiosos de Moçambique “expressou a sua preocupação com a insegurança” e pediu orações pela paz no país.

Na madrugada de Domingo, dia 23 de Fevereiro, um grupo de homens armados com pistolas, catanas e ferros, invadiu as instalações do Centro de formação Nazaré, em Inhamizua, na Arquidiocese da Beira, em Moçambique.

Segundo um comunicado enviado para a Fundação AIS pela Conferência dos Institutos Religiosos de Moçambique, Cirmo, o assalto ocorreu pela uma hora da manhã, e revelou-se extremamente violento pois três religiosos que se encontravam no local foram “amarrados e torturados pelos bandidos”. Felizmente, acrescenta o comunicado, todos os agredidos, padre Timothée Bationo, padre Valere e Frei Boaventura, “estão fora de perigo” apresentando apenas “dores e feridas leves”.

Contactado pela Fundação AIS, frei Boaventura, que é o responsável pelos missionários “Pobres de Jesus Cristo” em Moçambique, confirmou que “se tratou de um assalto”, mas que não se sentia em condições de “tocar no assunto”, pois tudo aconteceu ainda há muito pouco tempo. “Estou ainda a recuperar do susto”, afirmou. Até ao momento, não há informações sobre a identidade dos assaltantes nem se algo foi roubado das instalações do centro de formação da Arquidiocese da Beira. A polícia também ainda não forneceu quaisquer detalhes.

Dos três religiosos atacados, um é oriundo do Burquina Fasso. Trata-se do padre Timothée Bationo que celebrou a 8 de Dezembro do ano passado duas décadas de sacerdócio e que é actualmente Vigário Episcopal para a Vida Consagrada da Arquidiocese da Beira e responsável precisamente pelo Centro de Formação da Nazaré, onde ocorreu o assalto.

TEMPOS SENSÍVEIS

Este episódio de violência ocorre num momento sensível da vida política deste país africano de língua oficial portuguesa, depois de Daniel Chapo ter assumido a presidência da República no dia 15 de Janeiro. O processo eleitoral foi fortemente contestado, especialmente por Venâncio Mondlane, que ficou classificado em segundo lugar, e deu origem a inúmeras manifestações um pouco por todo o país e que ficaram marcadas, muitas delas, por momentos de grande violência, havendo mais de 300 mortos, centenas de feridos e milhares de detidos.

A província de Nampula foi palco de algumas dessas manifestações de protesto e houve mesmo, tal como a Fundação AIS noticiou então, no decorrer de uma dessas marchas populares, a vandalização de edifícios da Arquidiocese, assim como um ataque à missão de religiosas brasileiras em Micane. Os incidentes decorreram entre os dias 24 e 25 de Dezembro, ou seja, em plenas festividades de Natal, com os manifestantes a invadirem, vandalizarem a destruírem tudo o que se encontrava numa casa de hóspedes, numa residência paroquial e numa antiga farmácia. Todos estes edifícios estão situados nas imediações do Paço Episcopal.

Na ocasião, D. Inácio Saure, Arcebispo de Nampula e presidente da Conferência Episcopal de Moçambique, enviou uma mensagem ao governador da Província pedindo a intervenção das autoridades. Além disto, no norte do país, na província da Cabo Delgado, continuam a registar-se ataques por parte dos grupos terroristas que reivindicam pertencer ao Daesh, a organização jihadista Estado Islâmico. O incidente mais recente terá ocorrido na quinta-feira da semana passada em Quissanga, em que dois soldados do exército de Moçambique terão sido mortos pelos insurgentes, como localmente os terroristas também são conhecidos.

Paulo Aido | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt

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Embora os líderes cristãos e muçulmanos continuem a denunciar a violência e a promover o diálogo inter-religioso, num esforço de deslegitimação do jihadismo, tal será insuficiente se não forem abordadas as desigualdades sociais e económicas subjacentes que afectam os jovens, especialmente nas regiões mais pobres. As perspectivas para a liberdade religiosa continuam a ser desastrosas.

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