MIANMAR: A Igreja procura benfeitores para aliviar a crise de deslocados no país

MIANMAR: A Igreja procura benfeitores para aliviar a crise de deslocados no país

Os fundos são insuficientes para o grande número de pessoas deslocadas que não pára de aumentar. No meio da escalada do conflito, a Igreja precisa de donativos para poder dar resposta à crise de deslocados que se vive em Mianmar.

Os líderes da Igreja em Mianmar, país devastado pelo conflito, estão a procurar benfeitores para ajudar um número cada vez maior de pessoas deslocadas que precisam desesperadamente de ajuda.

Os responsáveis da Igreja enfrentam um enorme desafio devido à diminuição do financiamento de benfeitores para atender às necessidades das pessoas deslocadas internamente (IDPs) cujos números estão a aumentar de dia para dia.

“Estamos a esforçar-nos para continuar a nossa missão de proporcionar assistência humanitária aos deslocados internos, pois os donativos estão a diminuir enquanto eles precisam urgentemente de alimentos, medicamentos e abrigo”, afirma um sacerdote da Diocese de Loikaw à UCA News.

“As pessoas enfrentam várias dificuldades, estão sem trabalho, não podem pagar a renda e são obrigadas a depender dos donativos. Seria muito difícil para eles viverem um dia sem a ajuda de vários benfeitores”, acrescentou.

Milhares de deslocados que fugiram da Diocese de Loikaw, que cobre o estado de Kayah, no nordeste de Mianmar, permanecem em igrejas, acampamentos improvisados e aldeias remotas, pois não é seguro voltar para casa, segundo grupos de ajuda.

Os combates aumentaram entre os militares e as forças de defesa do povo no reduto católico do estado de Kayah, onde as forças da junta militar realizaram ataques aéreos e bombardeamentos indiscriminados, forçando o êxodo de milhares de pessoas, incluindo mulheres, crianças e idosos.

“Padres, religiosas e fiéis das paróquias abandonadas ainda não podem regressar”

Pelo menos 170.000 civis no estado de Kayah – mais da metade da sua população de 300.000 – foram forçados a abandonar as suas casas, de acordo com a Rede da Sociedade Civil Karenni.

Pelo menos sete igrejas católicas foram atingidas por fogo de artilharia e ataques aéreos dos militares de Mianmar na Diocese de Loikaw, com 16 das 38 paróquias severamente afectadas pela intensificação dos combates.

“Padres, religiosas e fiéis das paróquias abandonadas ainda não podem regressar e já perderam muito, como as suas casas e propriedades”, disse um sacerdote que não quis ser identificado.

Os bispos católicos em Mianmar pediram acesso humanitário para os deslocados internos para poder ajudar a colmatar as suas necessidades básicas.

O Papa Francisco, que repetidamente pediu paz e reconciliação em Mianmar desde o golpe de 1 de Fevereiro de 2021, também pediu corredores humanitários para permitir a passagem segura para aqueles que fogem.

Pelo menos cinco dioceses – Loikaw, Pekhon, Hakha, Kalay e Mandalay – foram severamente afectadas pelos actuais conflitos armados.

A nação do Sudeste Asiático está a enfrentar um desastre humanitário desencadeado por uma crise política depois dos militares terem tomado o poder e derrubado os líderes civis eleitos em Fevereiro de 2021.

A crise arrasta-se apesar da Associação das Nações do Sudeste Asiático liderar os esforços diplomáticos para resolvê-la. As suas tentativas para pressionar o regime militar revelaram-se ineficazes até à data.

Cerca de 1.249.600 pessoas estão deslocadas em todo o país, incluindo 903.000 que permanecem deslocadas como resultado de conflitos e insegurança desde o golpe, de acordo com um relatório do Gabinete de Coordenação de Assuntos Humanitários das Nações Unidas divulgado no dia 16 de Agosto.

A Fundação AIS tem vindo a acompanhar com preocupação a situação em Mianmar. A 1 de Fevereiro deste ano, quando se assinalou o primeiro aniversário do golpe militar, a Fundação AIS convocou os seus benfeitores e amigos em todo o mundo para uma jornada de oração e solidariedade para com a Igreja deste país asiático.

Na ocasião, Thomas Heine-Geldern, presidente executivo internacional da Fundação AIS, gravou uma mensagem de Königstein, na Alemanha, explicando que a jornada de oração procurava ser “um sinal de solidariedade e de fraternidade” para com a Igreja local, lembrando todas as “vítimas inocentes” da violência que irrompeu neste país, desde que os militares tomaram conta do poder.

Apesar das enormes dificuldades de comunicação com o país, a Ajuda à Igreja que Sofre tem procurado acompanhar o evoluir dos acontecimentos. Em Fevereiro, por exemplo, sabia-se que 14 paróquias no estado de Kayah haviam sido abandonadas, com muitos padres e religiosas refugiados na selva ou em aldeias remotas, acompanhando as populações locais, e que entre os milhares de deslocados, cerca de 300 pessoas, na sua maioria idosos, mulheres, crianças e deficientes, teriam procurado abrigo no complexo da catedral de Kayah.

(Foto: cortesia Amnistia Internacional – A foto, tirada entre 27 de Junho e 4 de Julho de 2022 e divulgada em 20 de Julho, revela uma igreja cristã destruída após ser incendiada pelos militares de Mianmar, segundo o grupo de direitos humanos, na vila de Daw Ngay Ku, município de Hparuso, no estado de Kayah, no leste de Mianmar.)

Relatório da Liberdade Religiosa

Enquanto os direitos humanos, incluindo os direitos iguais das diversas comunidades étnicas e tradições religiosas de Mianmar, não forem respeitados, as perspectivas para a liberdade religiosa em Mianmar são terríveis. Espera-se que a perseguição continue e se intensifique, com mais atrocidades e crises humanitárias a chegar.

MIANMAR

918 125 574

Multibanco

IBAN PT50 0269 0109 0020 0029 1608 8

Papa Francisco

“Convido-vos a todos, juntamente com a Fundação AIS, a fazer, por todo o mundo, uma obra de misericórdia.” 
PAPA FRANCISCO

© 2024 Fundação AIS | Todos os direitos reservados.