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MALI: A fome está a ser usada como arma dos terroristas contra as populações, nomeadamente as comunidades cristãs
Agrava-se de dia para dia a situação no Mali. O alastrar da violência terrorista está a afectar todas as comunidades, sobretudo as que vivem da agricultura. De acordo com informações obtidas pela Fundação AIS, grupos jihadistas, muito activos na região, estão a queimar campos de arroz e a impedir os camponeses de realizarem o seu trabalho, atacando-os, o que está a provocar uma alta generalizada do custo dos alimentos.
A utilização da fome como arma está a generalizar-se, segundo apurou a Fundação AIS junto de fontes locais que, por questões de segurança, não podem ser reveladas. O objectivo, dizem, é levar as populações a abandonar a região ou, em alternativa, a fazê-las integrar, de alguma forma, as fileiras terroristas.
Todos os que se recusam a obedecer às ordens dos grupos jihadistas ficam com os seus campos queimados e arriscam mesmo a morte. A situação é particularmente instável na região de Ségou, no centro do Mali, onde se têm registado combates entre, por um lado, a milícia comunitária local e o grupo de autodefesa dos caçadores de Donso, e, por outro, os jihadistas invasores.
A situação da pequena comunidade cristã é particularmente difícil. “Há aldeias onde é impossível ir celebrar a Missa. Os fiéis têm de ter muito cuidado com a forma como praticam a sua fé. Mesmo quando não são alvo directo de ataques, é intensa a violência verbal contra eles durante as pregações de alguns imãs que partilham a ideologia jihadista. E também há ameaças pessoais frequentes, por exemplo através de chamadas telefónicas anónimas ameaçadoras. Tudo isto está a criar uma psicose dentro das comunidades cristãs”, revelou à Fundação AIS um elemento da comunidade.
Toda esta violência e que se faz sentir sobre as populações está a afectar também, e muito, a actividade pastoral. “A liberdade de circulação é muito limitada”, esclarece a mesma fonte. “Antes, os padres podiam passar a noite nas aldeias, mas agora isso já não é possível”, conclui. Os terroristas pretendem impor na região a lei islâmica mais radical e, em consequência disso, o número de deslocados e refugiados tem vindo a aumentar constantemente.
De acordo com os últimos dados das Nações Unidas, o número de deslocados internos já ultrapassou os 400 mil no Mali e só até ao final de Setembro deste ano. Trata-se de uma realidade dramática que tende a crescer. Nesta região está particularmente activo o grupo jihadista Katiba Macina, ligado a organizações extremistas como a Al-Qaeda no Magrebe Islâmico (AQIM), e actua essencialmente no centro do Mali.
PA | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt