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LÍBANO: Situação económica agrava-se e cresce o número de crianças e de famílias em risco de pobreza, denuncia ONU
É mais um alerta para o agravamento da situação dramática que se vive no Líbano, país que enfrenta uma das mais graves crises económicas e políticas da sua história. Segundo uma pesquisa publicada na semana passada pelas Nações Unidas, está a aumentar o número de “menores famintos ou que precisam trabalhar para ajudar a família”. Os dados, revelados pela UNICEF, agência da ONU para a infância, permitem concluir que são também cada vez mais os que não têm acesso a cuidados básicos de saúde.
Com a inflação a crescer descontroladamente no Líbano, são cada vez mais frequentes também os relatos de famílias que caíram na pobreza e que precisam agora de ajuda para sobreviver no dia-a-dia. A venda de bens como o recheio da casa e a compra de alimentos a crédito são já realidades quotidianas neste país que, ainda há pouco tempo, tinha uma economia e uma classe média aparentemente robustas.
O impacto da crise económica está a reflectir-se também na saúde, com um número também crescente de famílias a não ter dinheiro para comprar medicamentos, nomeadamente os que são considerados essenciais para o tratamento, por exemplo, de doenças cardíacas. A falta de água potável e de combustíveis representa outra face desta crise brutal que está a levar os libaneses ao desespero. Os cortes constantes no fornecimento de electricidade fazem parte já, também, dos relatos do quotidiano.
Face a esta crise, a Fundação AIS anunciou em Novembro o reforço da ajuda não só ao Líbano, mas também à Síria, outro país da região que está mergulhado igualmente numa situação dramática após uma década de guerra e da imposição de sanções económicas ao regime de Bashar al-Assad.
A Fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) vai financiar nestes dois países projectos no valor de 5 milhões de euros. Uma ajuda que poderá vir a revelar-se vital para a continuação da presença cristã na região.
Numa recente entrevista à Fundação AIS, o Patriarca José III Younan, da Igreja Siro-Católica, afirmou claramente que se a situação não melhorar radicalmente a presença dos Cristãos poderá extinguir-se em breve. “Temos muito medo de que, se esta crise continuar, isso signifique o fim dos Cristãos no Líbano e em todo o Médio Oriente em poucos anos. Normalmente, quando os cristãos vão embora – como aconteceu no Iraque, Síria e Turquia – não regressam mais”.
A situação devastadora no Líbano levou a Fundação AIS a reforçar a sua ajuda a este país especialmente desde Agosto de 2020, quando se deu uma brutal explosão acidental no porto de Beirute que afectou directamente centenas de famílias cristãs que viviam na zona. Antes dessa data, a maior parte do financiamento ao país era usado para apoiar refugiados sírios, mas agora são as próprias comunidades libanesas que precisam de ajuda.
Os projectos no Líbano incluem apoio não só às famílias mais carenciadas mas também para o sustento dos sacerdotes. Em colaboração com a Arquidiocese Maronita de Tiro, por exemplo, serão fornecidos cabazes básicos com bens de primeira necessidade durante os próximos meses.
O compromisso da Fundação AIS no apoio directo às comunidades cristãs é inequívoco. O presidente executivo internacional da Ajuda à Igreja que Sofre reafirmou-o agora uma vez mais. “A Fundação AIS está muito envolvida nesta região há vários anos. Embora não possamos usar a nossa influência para impor a paz ou a estabilidade, podemos usar o dinheiro dos nossos generosos benfeitores para ajudar a criar as condições necessárias para manter viva a presença cristã nesta parte do Médio Oriente. Os Cristãos vivem nessas terras há dois mil anos, mas se não fizermos nada agora, o seu legado pode tornar-se uma simples relíquia”, explicou Thomas Heine-Geldern.
PA | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt