“Inflamado pelo Reino de Deus”

Como teve conhecimento do seu novo destino?

Como tantas vezes na minha vida, foi o destino que me encontrou. Fui chamado para ir ao gabinete do Cardeal Mauro Piacenza, que desde 2011 é presidente da Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre. Ele perguntou-me se eu estaria disposto a assumir a tarefa como assistente espiritual. Respondi: farei o que a Igreja quer que eu faça, mas isso é decidido pelos meus superiores religiosos. Então, transmiti-lhes esta decisão, que acompanhei na oração.

Quais foram as suas primeiras impressões sobre a Fundação AIS?

É um pouco como nadar no oceano. A AIS é uma fundação muito complexa e internacional. Nas minhas primeiras semanas, recebi a visita de numerosos bispos de todo o mundo, estive presente nas reuniões dos principais órgãos da fundação em Roma e dos directores dos secretariados nacionais. Mantenho um bom intercâmbio com os diferentes níveis de gestão. Queremos aproveitar a oportunidade para reflectir sobre o ministério do assistente espiritual a nível internacional e nacional, e continuar a torná-lo frutífero.

Há alguma coisa que o tenha espantado ou surpreendido?

Estou realmente maravilhado com a maneira como se estabelece o diálogo nos diferentes níveis, mas também com a fé de todos os responsáveis da AIS. Nunca conheci uma organização de assistência que esteja tão profissionalmente organizada por um lado e tenha tantas pessoas “inflamadas” pelo Reino de Deus por outro. A orientação pastoral da Fundação AIS é algo particular: não apenas ajudamos onde há guerras ou catástrofes naturais, mas também apoiamos a sobrevivência da Igreja, especificamente dos religiosos, sacerdotes e leigos, que não poderiam viver e trabalhar sem essa ajuda. Uma grande vantagem é a forte rede de contactos com parceiros de projectos em todas as regiões do mundo. O seu envolvimento contribui decisivamente para o cumprimento da responsabilidade para com os benfeitores. Esta é uma grande força da fundação pontifícia.

Na sua opinião, o que torna a AIS diferente de outras organizações de ajuda?

A fundação começou o seu trabalho após a Segunda Guerra Mundial com benfeitores apoiando pessoas necessitadas que antes eram os seus inimigos. Isto é em si uma grande graça. Outra particularidade, a meu ver, é que o pedido de ajuda vem acompanhado de uma proclamação de fé muito clara. Desta forma, os donativos transformam-se em dons através dos quais o amor de Deus chega a outras pessoas. A Fundação AIS é uma comunidade de oração.

Que as pessoas que trabalham lá comecem o dia em frente ao sacrário ou coloquem mentalmente os seus parceiros de projecto no altar durante a Santa Missa é algo muito especial. E um ponto muito importante: a AIS não actua como uma organização doadora que determina como as coisas devem ser feitas no local. Há sempre um diálogo com os beneficiários. Nós e os nossos benfeitores somos como uma ponte de centenas de milhares de pessoas que, com os seus donativos e orações, ajudam onde a Igreja precisa de muitas maneiras.