Uma empresa norte-americana analisou o computador do padre Stan Swamy, o sacerdote jesuíta falecido aos 83 anos em Julho do ano passado num hospital em Bombaím, na Índia, e conseguiu comprovar ter havido uma intrusão por parte de piratas informáticos durante cerca de cinco anos.
A empresa “Arsenal Consulting” conseguiu analisar detalhadamente a correspondência electrónica do padre jesuíta, que morreu no hospital da Sagrada Família após ter contraído na prisão o vírus do Covid19, e demonstrou, segundo a agência Fides, “que um ‘hacker’ colocou múltiplos documentos incriminatórios” no seu computador.
Ao todo, terão sido encontrados pelo menos 44 documentos, incluindo as chamadas “cartas aos maoístas”, referidas como prova contra o padre Stan pelas autoridades judiciais indianas.
Todos esses documentos foram ‘plantados’ no seu computador pessoal por um pirata informático através de um vírus chamado ‘NetWire’. Esta intrusão terá ocorrido entre 2014 e 2019, altura em que o computador do sacerdote jesuíta foi apreendido pela polícia indiana.
O padre Cedric Prakash, da Companhia de Jesus na Índia, que contratou através dos seus advogados a empresa norte-americana, pede às autoridades novas investigações à luz destes dados agora revelados, pois vêm corroborar a posição sempre defendida pelos jesuítas da inocência do padre Stan Swamy.
“Conhecíamos Stan e tínhamos a certeza absoluta da sua inocência e boa-fé”, diz o sacerdote à agência Fides. “Isto é a prova de que o padre Swamy foi incriminado. Preso sob acusações absurdas de colaboração com grupos terroristas, morreu sob custódia aos 83 anos de idade, enfraquecido por uma longa e injusta prisão. Hoje entregamo-los à Agência Nacional de Investigação da Índia (NIA), para que sejam efectuadas investigações e admitidos erros. Exigimos a plena reabilitação do Padre Swamy como uma pessoa completamente inocente”, acrescentou ainda o sacerdote jesuíta, pedindo a intervenção do Supremo Tribunal de Justiça.
Em causa está a acusação e posterior condenação do padre Stan Swamy por actos de terrorismo, nomeadamente a participação numa conspiração de militantes maoistas para o assassinado do primeiro-ministro Narendra Modi.
Preso em Outubro de 2020, o seu caso haveria de ser denunciado por personalidades e instituições de defesa dos direitos humanos, como a Fundação AIS. Quando foi preso, Thomas Heine-Geldern, o presidente executivo internacional da Fundação AIS alertava o mundo para o facto de o caso do Pe. Stan ser “apenas a ponta de um icebergue” da criminalização dos que defendem os direitos humanos, dos que procuram dar “melhores condições de vida”, aos ‘dalits’ e às populações tribais na Índia.
Heine-Geldern afirmava, na ocasião, haver “outros casos de padres e catequistas que foram [também] injustamente acusados com o objectivo de espalhar o medo e de os intimidar”.