O padre jesuíta Stan Swamy foi homenageado no dia 2 de Junho, a título póstumo, pelo júri do prémio Martin Ennals pelo seu trabalho em defesa das populações tribais na Índia. O galardão, considerado como o Nobel dos direitos humanos, como lembrou o site ‘7Margens’, estava já planeado que iria ser entregue ao sacerdote “na Primavera de 2021, mas infelizmente [ele] faleceu antes de o poder receber”, afirmou Hans Thoolen, presidente do júri.
Este facto não os inibiu de galardoarem o padre jesuíta na cerimónia que decorreu na semana passada, a 2 de Junho, na Suíça. “O júri quis esclarecer as muitas contribuições do Padre Stan para os direitos humanos, que não podem ser ofuscadas com o seu encarceramento injusto pelas autoridades indianas”, afirmou ainda Hans Thoolen.
A atribuição deste galardão volta a recordar ao mundo o trabalho desenvolvido pelo padre Jesuíta e a forma como as autoridades indianas o maltrataram no final da sua vida, prendendo-o, sob a acusação de terrorismo apesar do seu débil estado de saúde.
O Padre Stan acabaria por falecer numa cama no hospital da Sagrada Família, em Bombaim, a 5 de Julho do ano passado. Mas estava preso. A enfermaria hospitalar converteu-se apenas na última cela que conheceu em vida pois as autoridades negaram sempre até ao fim a possibilidade de libertação sob fiança.
O Pe. Stan Swamy, jesuíta, morreu aos 84 anos de idade, depois de uma vida a lutar pelos povos tribais, pelos dalits, pelas populações ignoradas e desprezadas, pelos mais miseráveis, os que são como que invisíveis aos olhos da sociedade.
O Pe. Stan foi um defensor destemido dos pobres, foi, seguramente, um sacerdote inspirador. Acusado de terrorismo pelas autoridades, apesar do reconhecimento internacional do seu trabalho como activista dos direitos humanos, nomeadamente dos povos indígenas. Como voltou a acontecer agora com a atribuição do prémio Martin Ennals.
Muitos dos ‘dalits’, dos intocáveis que o Pe. Stan defendeu ao longo da sua vida de missionário eram cristãos. A sociedade indiana ignorava-os – continua a ignorar – como se não existissem, como se fossem invisíveis. Mas a Igreja acolhe-os. Por isso, há cada vez mais ‘dalits’ a abraçaram também o Cristianismo na Índia.
Quando ele foi preso, o presidente executivo internacional da Fundação AIS alertou o mundo para a situação dramática dos que procuram defender os direitos humanos na Índia, dizendo que haverá “outros casos de padres e catequistas que foram injustamente acusados com o objectivo de espalhar o medo e de os intimidar”. Para Thomas Heine-Geldern, o caso do Pe. Stan é apenas a ponta de um icebergue” da criminalização dos que defendem os direitos humanos, dos que procuram dar “melhores condições de vida”, aos ‘dalits’ e às populações tribais na Índia.
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