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HAITI: Líder de gangue ameaça matar “com uma bala na cabeça” os missionários norte-americanos raptados no passado sábado
Wilson Joseph, que se assume como líder do grupo criminoso conhecido como “400 Mawozo”, afirmou ontem, num vídeo colocado nas redes sociais, que mataria “com uma bala na cabeça desses americanos”, referindo-se aos 17 missionários e suas famílias sequestrados no sábado, ia 16 de Outubro.
O grupo sequestrado é composto por 16 norte-americanos, entre os quais quatro crianças e um bebé de oito meses, e um cidadão do Canadá. Todos foram sequestrados na cidade de Port-au-Pince, a capital do Haiti, quando abandonavam as instalações de um orfanato e se dirigiam para o aeroporto.
A Comissão Episcopal Nacional de Justiça e Paz do Haiti publicou entretanto uma nota em que os bispos dão conta da sua preocupação por mais um sequestro no país, situação que vai contribuir, dizem, para “empobrecer as famílias haitianas e ter um impacto negativo na economia”.
Os missionários pertencem à Christian Aid Ministries, uma organização da Igreja Protestante com sede nos EUA. O “400 Mawozo” é um dos vários grupos criminosos responsáveis por assaltos violentos e raptos no Haiti, situação que se tem agravado desde o violento terramoto de 14 de Agosto que sacudiu o país e provocou cerca de 2.200 mortos, mais de 12 mil feridos e a brutal destruição de casas e infraestruturas em várias cidades.
Toda esta instabilidade tem vindo a atingir também a própria Igreja. No início de Setembro, um sacerdote católico foi mesmo assassinado na sequência de um assalto na via pública. Pároco da Igreja de Nossa Senhora da Misericórdia de Robillard, em Cap-Haïtien, o Padre Andrè Sylvestre, de 70 anos de idade, foi baleado na rua por dois jovens que tentaram roubar-lhe algumas das coisas que levava consigo. Transportando de imediato para o Hospital Universitário local, o padre não resistiu aos ferimentos.
Em Abril, foram também sequestrados cinco padres, duas irmãs e sete leigos.
De facto, parece haver alguma relação entre o aumento da violência e as consequências trágicas do brutal terramoto de Agosto deste ano. O sismo foi quase um golpe de misericórdia para muitas famílias atoladas no desemprego e na pobreza que caracterizam a vida do Haiti, um dos países mais pobres do mundo.
A Fundação AIS tem vindo a acompanhar com muita atenção e preocupação a situação nesse país, tendo enviado uma ajuda de emergência logo após os primeiros pedidos de socorro da Igreja após o sismo. A instituição em Portugal tem estado particularmente activa nesta campanha. Numa carta enviada para casa dos benfeitores portugueses da AIS, logo no arranque da campanha, Catarina Martins de Bettencourt afirmou que “não podemos abandonar esta igreja que luta para apoiar o seu povo nestes tempos difíceis”, e recordou que a “Fundação AIS não ficou indiferente” a esta tragédia e “já atribuiu – a nível internacional – um fundo de emergência no valor de meio milhão de euros”.
A directora do secretariado português da Ajuda à Igreja que Sofre agradece “de todo o coração” a generosidade dos benfeitores da AIS “para com estes irmãos em necessidade”, lembrando que se têm recebido “todos os dias angustiantes pedidos de socorro”, vindo de famílias do Haiti que perderam tudo neste terramoto de 14 de Agosto.
PA | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt