Há muitas maneiras de se escrever a já longa história de mais de sete décadas da Fundação AIS. Uma delas é através dos milhares de meios de transporte entregues à Igreja ao longo de todos estes anos e que a têm ajudado na sua missão de todos os dias. É possível dizer que a Igreja hoje vai mais longe, chega a mais pessoas e cumpre melhor a sua missão também graças a estes autênticos veículos para Deus, oferecidos graças à solidariedade dos benfeitores da Fundação AIS em todo o mundo.
A Fundação AIS nasceu na Alemanha no final da II Guerra Mundial, quando a Europa estava em ruínas, destruída por anos de combates, de bombardeamentos, de uma violência ímpar, até então desconhecida na história da humanidade.
Logo no início, o fundador da AIS, o padre Werenfried van Straaten, teve a intuição de que uma das formas mais importantes para se ajudar a Igreja nessas circunstâncias seria a de apoiar a mobilidade dos padres que, não tendo meios de transporte, se deslocavam como podiam, normalmente a pé, às vezes percorrendo distâncias enormes até junto das suas comunidades. Eram os chamados “padres-mochila”. Para ajudar a Igreja a manter a sua proximidade para com os fiéis, era preciso fazer alguma coisa. E a primeira ideia foi lançar uma colecta.
Como recorda agora Regina Lynch, a presidente executiva internacional da Fundação AIS, essa colecta foi decidida para “comprar motos para esses padres e, mais tarde, carros, os chamados ‘carochas’, da Volkswagen”. Se as necessidades eram muitas, a imaginação do padre Werenfried também. “Foram adquiridos muitos automóveis usados, e depois surgiu a ideia de transformar autocarros ou camiões fora de serviço em capelas sobre rodas”, lembra também Regina Lynch.
OS INCRÍVEIS CAMIÕES-CAPELA
Eram pequenos camiões com um altar no meio que podia ser dobrado para fora. Os padres podiam celebrar aí a missa quando visitavam os fiéis em zonas onde não havia Igreja Católica. Estes camiões-capela eram também utilizados para transportar donativos de roupa e alimentos. Eram extraordinários e fizeram grandes coisas: graças a eles, as pessoas deslocadas na diáspora deixaram de se sentir esquecidas pelo mundo.”
Regina Lynch
Foi uma autêntica revolução. Muito rapidamente, a Fundação AIS começou a ganhar algum relevo pelo seu trabalho de apoio à Igreja em necessidade naqueles anos pós a II Guerra Mundial. E a ajuda disponibilizada para a mobilidade dos sacerdotes, catequistas e religiosas foi-se tornando cada vez também mais importante.
Actualmente isso é particularmente visível em África ou na América Latina, por exemplo. “Em África ou na América Latina – explica Regina Lynch – há padres que se ocupam de 50 ou mesmo 100 aldeias. É claro que não as podem visitar todos os dias, mas com um carro, uma carrinha ou uma mota podem visitar as comunidades de crentes várias vezes por ano para celebrar a missa, baptizar ou ouvir confissões. Entre as visitas, os catequistas preparam as pessoas para os sacramentos e organizam actividades paroquiais”, diz ainda a responsável da AIS.
MINI-AUTOCARROS PARA A UCRÂNIA
A história da mobilidade dos agentes de pastoral da Igreja é muito rica e tem uma incrível diversidade. E a Fundação AIS tem procurado estar ao lado de todos os que, todos os dias, têm como missão estar ao lado das pessoas, dos fiéis. A situação nas montanhas dos Andes, na América Latina, é disso um bom exemplo.
“Nos Andes, onde as estradas são muito íngremes, no passado financiámos mulas ou burros para as freiras. A Igreja local adapta-se às circunstâncias e a AIS adapta-se às necessidades locais”, sintetiza Regina Lynch.
Um outro exemplo da adaptação às necessidades de cada época e de cada país é o que se passa na Ucrânia, em guerra desde 24 de Fevereiro de 2022.
Rapidamente começámos a receber pedidos de veículos para que o pessoal da igreja pudesse transportar bens de socorro, levar pessoas para um local seguro ou visitar paroquianos dispersos pelo conflito. No caso da Ucrânia, os mini-autocarros são mais úteis do que os automóveis.”
Regina Lynch
CARROS, MOTAS, BARCOS E BICICLETAS…
Mas há muitos outros casos em que a distribuição de automóveis se afigura necessária, até por questões de segurança. É o caso da Nigéria. “No norte da Nigéria, onde muitos padres são raptados mas continuam a visitar os seus paroquianos, há quem se desloque de mota, mas como isso agora é demasiado arriscado, os bispos perguntam-nos se podemos financiar carros”, explica Lynch.
No conjunto, seja com mulas ou bicicletas, motorizadas ou automóveis, minibus ou barcos, é possível dizer que a Igreja hoje vai mais longe, chega a mais pessoas e cumpre assim melhor a sua missão também graças à solidariedade dos benfeitores da Fundação AIS em todo o mundo.
“Ainda não dispomos de todos os números relativos a 2023, mas calculo que sejam semelhantes aos do ano anterior”, diz Regina Lynch. “Em 2022, financiámos 1250 veículos para a pastoral, incluindo mais de 560 carros, 250 motas, 16 barcos e também muitas bicicletas. Na Índia, por exemplo, fornecemos mais de 400 bicicletas para catequistas que têm de percorrer longas distâncias. Todos os anos – acrescenta ainda a presidente executiva internacional da Fundação AIS – gastamos cerca de 12 milhões de euros em ajuda ao transporte.” São os veículos para Deus…
Paulo Aido | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt