D. Jean Abdo Arbach, Arcebispo de Homs, vai participar hoje, dia 14 de Março, na vigília “Noite das Testemunhas”, organizada pelo secretariado espanhol da Fundação AIS na catedral de Almudena, em Madrid. O prelado alerta para a situação de violência que se tem registado na Síria e apela ao fim do derramamento de sangue…
Em resposta aos massacres perpetrados no passado fim-de-semana na região oeste da Síria, com mais de mil mortos, D. Jean Abdo Arbach, Arcebispo de Homs, disse à Fundação AIS que é preciso pôr cobro a esta violência. “Não queremos mais sangue. Apelamos à unidade e à reconciliação. Após 14 anos de guerra, não precisamos de outro conflito.”
O arcebispo condenou os ataques, que foram atribuídos a militantes do grupo HTS, actualmente no poder na Síria. Os ataques seguiram-se a uma emboscada contra as forças de segurança do governo: “É uma grande dor. Peço justiça porque matar mulheres e crianças não é uma coisa boa para a Síria”, disse o arcebispo. O prelado também descreveu a difícil situação que o país enfrenta, após a queda do regime de Bashar al-Assad:
As pessoas não têm trabalho, há falta de alimentos e medicamentos. Há muitas pessoas que se perguntam quando é que tudo isto vai acabar, não vêem futuro e querem ir-se embora."
O Arcebispo descreve ainda que, na cidade de Homs, é comum ver muitas pessoas a vaguearem pelas ruas, falando sozinhas, numa atmosfera de solidão, medo e tristeza. O Arcebispo apelou ao fim do embargo económico internacional que continua a afectar sobremaneira o seu país que continua numa situação muito precária.
SÍRIA É O BERÇO DO CRISTIANISMO
A Igreja na Síria está a enfrentar grandes desafios em resposta às necessidades dos fiéis. “Estamos a apoiar os nossos fiéis de todas as formas: pagando a renda das casas, fornecendo medicamentos, alimentos e vestuário, e ainda tentando apoiá-los espiritualmente para que se sintam próximos de Deus e para os encorajar a permanecer na sua terra, no seu país, e para preservar as raízes da Síria, que são os cristãos”. O Arcebispo Arbach agradece o apoio recebido da Fundação AIS para ajudar a comunidade cristã na Síria.
O prelado voltou a alertar para o perigo real do desaparecimento do cristianismo no Médio Oriente: “Encorajo as pessoas a terem esperança e a manterem-se firmes, porque sem os cristãos não pode haver futuro para a Síria. Os cristãos são as raízes da Síria e a Síria é o berço do cristianismo. Em Damasco, estão preservados os locais do primeiro século, onde o apóstolo Paulo se converteu ao cristianismo. Existem ainda templos e mosteiros do século I e ainda se fala aramaico, a língua de Jesus.”
ATAQUES INDISCRIMINADOS
No fim-de-semana passado, 8 e 9 de Março, ocorreram ataques indiscriminados no oeste da Síria, na região de Latakia e Tartus, onde mais de mil pessoas foram mortas, incluindo famílias inteiras. A minoria alauíta foi particularmente visada.
Estes ataques foram atribuídos a militantes do grupo HTS, que liderou a queda do anterior governo sírio. A Síria vive um período de grande incerteza desde a queda do regime de Bashar al-Assad, em 8 de Dezembro do ano passado. O poder está actualmente nas mãos de um governo provisório, liderado pelo Presidente Ahmed Al Sharaa, que prometeu uma fase de transição para novas eleições democráticas.
O Arcebispo de Homs participará hoje, sexta-feira, dia 14 de Março, na iniciativa “Noite das Testemunhas”, promovida pelo secretariado espanhol da Fundação AIS na Catedral da Almudena, em Madrid. Esta vigília de testemunhos e de oração pelos Cristãos perseguidos em todo o mundo será presidida pelo Cardeal José Cobo. A participação na vigília é gratuita e pode também ser seguida no canal YouTube da AIS de Espanha.
Josué Villalón | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt