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CHINA: D. Zhang Weizhu, Bispo de Xinxiang, está detido e incomunicável desde há nove meses
D. Zhang Weizhu, Bispo de Xinxiang, desapareceu sob custódia policial a 21 de Maio de 2021. Desde então, desconhece-se o paradeiro do prelado que tem estado também incomunicável. Quando foi levado pelas autoridades, segundo a agência de notícias AsiaNews, D. Weizhu estava a regressar a casa vindo do hospital onde tinha sido submetido a uma operação a um cancro.
Na mesma data, foram igualmente detidos dez sacerdotes e também dez seminaristas que seriam, no entanto, libertados dias mais tarde. D. Zhang, 63 anos, é bispo de Xinxiang desde 1991, diocese que tem cerca de 100 mil católicos. No entanto, é apenas reconhecido pela Santa Sé e não pelas autoridades chinesas, o que o coloca numa posição sensível.
De facto, Pequim procura controlar ao máximo tudo o que diga respeito à vida religiosa no país. Sinal disso, ainda em Janeiro deste ano, a Fundação AIS dava conta de que as actividades religiosas através da Internet, nomeadamente a transmissão de missas, mas também de sermões ou a simples divulgação de informações, passam a estar sujeitas a uma aprovação prévia das autoridades governamentais.
As novas medidas, que vão entrar em vigor daqui a dias, a 1 de Março, foram divulgadas pela Administração Estatal dos Assuntos Religiosos e vão estar sob a vigilância do Ministério da Segurança do Estado e de outros organismos governamentais.
Esta vigilância mais apertada reflecte as indicações de Xi Jinping, o poderoso líder comunista que, durante uma conferência realizada no início de Dezembro do ano passado, anunciou, segundo a agência AsiaNews, a necessidade de se “melhorar o controlo democrático sobre as religiões”.
O objetivo do regime é promover ainda mais a “sinicização” da religião, processo que teve início oficialmente em 2015. No mais recente Relatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo, publicado pela Fundação AIS em Abril do ano passado, é referido o aumento das medidas repressivas do aparelho do Estado sobre as comunidades religiosas, nomeadamente os cristãos.
No documento pode ler-se que “a liberdade religiosa na China está actualmente sujeita à mais séria repressão desde a Revolução Cultural”, e são revelados os nomes de diversos prelados e sacerdotes que estão detidos, muitos deles há diversos anos, e mesmo depois de a Santa Sé e Pequim terem assinado, a 22 de Setembro de 2018, um Acordo Provisório para a nomeação de bispos, acordo que viria a ser renovado em Outubro de 2020.
“A hierarquia católica também continua a sofrer perseguição e prisão”, pode ler-se no Relatório da Fundação AIS. “O Bispo James Su Zhimin de Baoding passou um total de 40 anos na prisão e não é visto desde 2003. Neste momento, o seu paradeiro ainda é desconhecido. Em Julho de 2020, o congressista Chris Smith realizou uma audiência no Congresso dos Estados Unidos intitulada: ‘Onde está o Bispo Su?’”
O Relatório prossegue, indicando, em “incidentes e episódios relevantes”, outros casos de bispos e de padres católicos detidos pelas autoridades chinesas. “A 9 de Novembro de 2018, o Bispo Peter Shao Zhumin de Wenzhou foi preso pela quinta vez em dois anos. Foi libertado a 23 de Novembro, mas continua a ser alvo de assédio. O Pe. Zhang Guilin e o Pe. Wang Zhong da Diocese de Chongli-Xiwanzi foram detidos em finais de 2018 e o seu paradeiro ainda é desconhecido.”
Já em relação ao ano de 2020, em que se apresentam os casos mais recentes, o relatório da Fundação AIS refere incidentes que envolveram os Bispos de Mindong e de Xuanhua. Neste último caso, o relatório indica que o prelado, já septuagenário, tinha voltado a ser detido apesar de ter já “suportado” 13 anos de privação da liberdade.
“Em Janeiro de 2020, o Bispo Vincent Guo Xijin de Mindong, província de Fujian, que já tinha sido descido para o cargo de bispo auxiliar para dar lugar a um bispo nomeado por Pequim, foi forçado pelas autoridades a deixar a sua residência, que foi encerrada. O prelado de 61 anos acabou por dormir à porta do gabinete da sua igreja. Só após um protesto internacional é que lhe foi permitido regressar ao seu apartamento, mas com os serviços públicos cortados. A 4 de Outubro de 2020, o Bispo Guo anunciou a sua demissão. Em Junho de 2020, Augustine Cui Tai, 70 anos de idade, Bispo Coadjutor da igreja clandestina de Xuanhua, foi de novo preso depois de ter já suportado 13 anos de detenção.”
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