ANGOLA: “A pobreza continua assustadora”, diz D. José Imbamba na abertura da reunião plenária da Conferência Episcopal

ANGOLA: “A pobreza continua assustadora”, diz D. José Imbamba na abertura da reunião plenária da Conferência Episcopal

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ANGOLA: “A pobreza continua assustadora”, diz D. José Imbamba na abertura da reunião plenária da Conferência Episcopal

Quinta-feira · 3 Fevereiro, 2022

Na sessão de abertura dos trabalhos da primeira reunião plenária anual da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), dia 1 de Fevereiro, D. José Imbamba fez um retrato dramático da situação que se está a viver no país, não poupando críticas aos governantes nem sequer à comunicação social.

No discurso, a que a Fundação AIS teve acesso, o presidente da CEAST e Arcebispo de Saurimo fala no divórcio entre governantes e o povo, no aumento assustador da pobreza, e no risco de radicalismo e indisciplina…

Num tempo politicamente muito importante – 2022 será ano de eleições gerais em Angola –, D. José apelou ao sentido de responsabilidade das populações e pediu aos católicos para evitarem o absentismo, criticando o afastamento entre os responsáveis políticos e as populações, que pode gerar até violência.

ANGOLA: “A pobreza continua assustadora”, diz D. José Imbamba na abertura da reunião plenária da Conferência Episcopal
D. José Imbamba fez um retrato dramático da situação que se está a viver no país.

“Existe um perigoso vazio de diálogo entre governantes e governados, entre as lideranças partidárias, e entre os vários actores cívicos, elevando ainda mais os níveis de ansiedade, radicalismo, intolerância, indisciplina, violência física, verbal, moral e psicológica”, disse D. José Imbamba, Arcebispo de Saurimo.

Para o prelado, “a contribuir para este ambiente sombrio e nefasto”, há uma responsabilidade objectiva dos meios de comunicação social, “de modo especial os públicos, cujo desempenho em nada contribui para a harmonia social, para a paz dos espíritos, e para cultura do diálogo, da democracia e da fraternidade social”.

Mas as palavras mais duras do presidente da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé foram para a pobreza extrema que atinge já grande parte da população deste país lusófono. Calcula-se que cerca de um terço dos angolanos está desempregado, sendo que a falta de trabalho afecta de forma brutal, com quase 60 por cento, os mais jovens.

“A situação de pobreza por parte de muitas famílias continua assustadora”, disse D. José Imbamba, fazendo, de seguida, um retrato duro e cru desta realidade lembrando que é comum ver pessoas à procura de alimentos “nos contentores de lixo, nos degraus nas estradas adjacentes aos postos comerciais”.

O Arcebispo de Saurimo fez ainda uma referência à seca no sul de Angola que está a gerar também uma situação de fome que está a atingir cada vez mais população.

“A perda de poder de compra das famílias é um facto gritante e dura há muitos anos, apesar das medidas aqui e acolá que vão surgindo, mas o espectro ainda se mantém vivo. Os produtos da cesta básica permanecem altos, o desemprego de milhares de jovens continua a agitar a vida social e em muitos deles é notório o desespero e a perda de fé no futuro.”

Consequência de tudo isto, alerta ainda o prelado, “assistimos ao crescimento da fuga na droga e no alcoolismo, o aumento de roubos, recurso a adivinhos, seitas, e outras práticas criminais que em nada dignificam a própria sociedade”.

PA | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt

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